Maria do Céu
Seu Alcebíades tinha uma propriedade rural em Vila do Sossego. Era um homem de alta estatura, de sobrancelhas espessas e de olhar forte. Muitos que o viam pela primeira vez tinha a impressão de que era um homem autoritário, soberbo, mas que nada, era de uma natureza agradável e gentil.
A esposa era bem quista por todos que moravam pelos arredores. Quando se casaram foram morar na pequena propriedade rural herdada por seu Alcebíades de seu pais. A casinha era de sapé e a dona da casa a adornava de modo que se tornava aconchegante e acolhedora.
Com os anos vieram os filhos. E da casinha de sapé foram morar numa boa casa de alvenaria. Seu Alcebíades era muito trabalhador, a esposa também e assim foram prosperando.
Houve um tempo que precisaram contratar alguns peões para ajudarem na lida da roça. Um deles trouxe a esposa e foram morar naquela mesma casinha de sapé que fora de seu Alcebíades e esposa. O peão chamado Tião ajudaria na ordenha das vacas que naquela época era toda manual. E a esposa fora ajudar, dona Clotilde, a esposa do patrão, na lida da casa e no feitio dos doces que eram comercializados na cidade.
Trabalho havia muito. Com o tempo tornaram se muito mais do que patrões e empregados. Tornaram-se compadres. Os filhos eram muitos e ajudavam também nos serviços da roça. Mas seu Alcebíades fazia questão que todos estudassem, tanto os seus quanto os de Tião.
Então muitos viraram doutores e ficaram na capital. Algumas professoras e também preferiram a vida da cidade. Mas havia uma que decidira voltar, era a caçula de seu Tião e dona Josefa, Maria do Céu.
Maria do Céu encontrou dificuldade de se adaptar a vida da cidade. Sentia falta de tudo. Do leite, do queijo, do pão do queijo, do ar puro, das caminhadas pela fazenda, dos piqueniques e principalmente dos pais e dos padrinhos. Formara se professora, amava ensinar. E voltou na intenção de alfabetizar os adultos, os pais e os padrinhos ficaram felizes com a atitude da moça.
Mas o que mais emocionou a todos é que ela levou os pais para a carteira da sua escola. Ensinaria a eles a ler e escrever. Era um sonho.
Pois assim foi. E em alguns meses eles já sabiam assinar os nomes. E também prosperaram com o trabalho deles, com a ajuda dos filhos e dos patrões e adquiriram um sítio vizinho a propriedade de seu Alcebíades.
Maria do Céu, moça formosa e inteligente teve muitos pretendentes ao matrimônio e um deles que viera fazer negócios com seu Alcebíades ficou perdidamente apaixonado pela moça. E foi correspondido.
No início era só felicidade. Foi pedida em casamento e teria que se mudar para a cidade. Ela então fez sua escolha, eram dois amores o rapaz e o campo. Ficou com o campo.
Mas o rapaz não se deu por vencido e trocou a cidade pelo campo.