"Sr. WILSON!"

Não, nada tem a ver com o filme, nada tem a ver com o personagem...

Wilson, fora um personagem que conheci, onde trabalhei, por um tempo, cujas atitudes, comportamento, modo de interação e de traição, não poderia ficar longe dos escritos literários, sob pena de deixar de lado, tão importante personagem... cômico e patético!

Eu mesmo nesse momento, estou “escandalizado”, só pelo fato de imaginar: “como eu pude passar tanto tempo assim, sem lhe prestar também alguma homenagem?!” Não, não posso me perdoar, por isso, conquanto, antes tarde do nunca, eis algumas breves linhas a seu respeito, que a essa altura (queira Deus), não deve pertencer ao mundo dos vivos...

Numa única palavra, retrato de sua figura: ridícula!

Deixando claro, que a aparência de uma pessoa, seus defeitos pessoais, seus traumas individuais, etc., só a ela cabe resolver e ninguém tem o direito de se meter... mas, acontece que quando o sujeito “não se enxerga”, precisa-se, faz mister, trazê-lo de volta a realidade... à verdade!

Até hoje (33 anos após), de vez em quando, penso comigo mesmo: como uma criatura daquela, poderia ser tão ridícula?! Essa lembrança abrupta, se dá pelo fato de quando eu lembro de uma certa ocasião em que o “patrão”, concedeu aumento salariam a toda a ralé!

Olhava para os “meus números” de reajuste e não acreditava no que via! Pensava comigo mesmo, vou ter que pegar uma “lupa” para ver o tal aumento. No entanto, ele, o sr. Wilson saltitante, comemorava: “meu salário, quase dobrou. Como o patrão é generoso. Oh! homem bom!” E eu: “sei!”

Antes de mais nada, como costumeiramente se costuma fazer em certos enredos, vamos a sua descrição física: Wilson, tinha na época, provavelmente, algo em torno de 45 anos de idade. Estatura... nem baixa era, um pouco maior que a altura que se daria a de um anão, (verdade), se tivesse 1,50 – 55, era muito. Seu olho esquerdo, olhava normalmente para o sentido correto de observação, (linha reta) porém, o seu olho direito, torto, encostava na lateral esquerda do globo ocular, ou no popular, “era caolho”. Suas vestimentas eram péssimas. E a única coisa que poderia fazer toda diferença em sua vida, pois, diferenciava, era sua voz. Sim, possuía voz de locutor de rádio FM. O que lhe fazia grande mal, principalmente quando conversava com as mulheres ao telefone, e as mesmas, logicamente, automaticamente, se apaixonavam imediatamente, por aquela voz... O sujeito era tão sem noção, não se enxergava e deveria mesmo acreditar, que alguma daquelas “senhoras”, quando lhe vissem pessoalmente, conservariam a mesma expressão de antes, ou seja, de quando ouviram, àquele “vozerão!” “E aí?!” Perguntava eu, no dia seguinte, aos seus encontros, pois sempre gostava de anunciar, com antecedência, “contar vantagem”, para ser exato. Me respondia: “mulher chata, nem ficou para conversar!”

Quando eu ouvia semelhante assertiva, simplesmente não acreditava, mas, nada lhe falava. O sujeito, era completamente desconectado. Se fosse milionário, pode ser, que em nome do “sacrifício”, em “defesa da Pátria”, alguma mulher poderia se submeter a tamanha humilhação, mas, não era o caso!

Eu, era o ajudante do almoxarifado e ele o encarregado, numa empresa de fios têxteis, a qual, trabalhava fazendo coberturas de bancos de veículos, para outras grandes empresas que terceirizavam essa parte!

Acredito que o sujeito me odiava, justamente por causa da altura. Não havia outra explicação!

Na primeira semana de serviço, aliás, durante uma semana inteirinha, me indicou para o patrão, para desocupar todo um gigantesco andar da outra empresa, completamente lotada de caixas de fios para confecção de tapetes. Das 07:00 horas da manhã, até às 17:00 horas, com intervalo de 1 hora para almoço, me submeteu a “esse trabalho escravo!” Logicamente, para “ganhar ponto” com o patrão!

Fofoqueiro, mentiroso, traidor, melindroso, astuto, desconfiado, descontrolado e logicamente, odiado, por todos os funcionários da empresa. Mas, enquanto gozava do respaldo do patrão... “deitava e rolava!”

A partir do instante que viu uma Engenheira têxtil conversando comigo... aí a coisa desandou! (A mulher era a paixão oculta dele e eu não sabia e ela era apenas minha amiga, mais nada).

Todos os dias, “tomava o cuidado”, de redigir uma reclamação por escrito em formulário próprio (havia na empresa) e mandava direto para o Supervisor geral, que para minha sorte, não gostava lá muito do patrão, sobre minha conduta!

Quando por lá comparecia algum pedreiro para fazer reparos no galpão (diga-se, galpão com mais de 200 metros quadrados, onde ficava o almoxarifado, que abastecia os “teares” , “urdideiras”, etc., máquinas que entrelaçavam os fios para formar tapetes) e o sujeito precisava de um ajudante, não tinha dúvida em falar: “tem ele aí, óh!” Se referindo, logicamente, a “esta criatura”.

Por essa ocasião, já possuía 1 anos e 06 meses de empresa e conhecia logicamente todo o serviço cotidiano. Certa feita, chegou para mim: “você não vai acreditar! O patrão autorizou contratar mais dois ajudantes!” Pensei: “bom para ele!”

Os dois sujeitos começaram a trabalhar e para o meu azar, se deram muito bem, com o “sr. Wilson!” Foi quando dali a um mês, anunciou: “olha, fulano e beltrano, vão se revezar como encarregados de equipe, tá ok?!” Ou seja, os indivíduos, com algumas semanas de empresa, iriam mandar em mim, que já tinha quase dois anos de “casa!” Me revoltei, mas, precisava do emprego, persisti, tolerei. Era humilhante, revoltante! Mas, após algum tempo, após inúmeros entreveros, entre o encarregado, eu aquelas figuras, não deu mais, por mais que tentasse, não deu, “perdi”, pedi demissão!

Nem questiono, nem me atrevo a perguntar, por que existem pessoas que agem daquela forma! São tão cruéis, indiferentes, frias, etc?!” Mas, fazer o que?! Esperar o que, de um indivíduo: recalcado, revoltado, inconformado, baixinho, caolho, desestruturado, “malamado”, etc? Esperar o que? Foi sim, com grande dificuldade, somente tempos depois, comecei entender o porquê de toda sua mediocridade: era ele mesmo o seu porque! Mais tarde, no serviço público, encontrei piores. Sim, não tão feios, não tão desconectados, mas, “baixos”, vis, corruptos, desonestos!

Mas, à época, em uma hora de intervalo de almoço, eu procurava comer rápido, arranjava lá um canto no almoxarifado, para dar uma cochilada. Ele, tinha a pachorra, de ligar para o Supervisor, para que ele viesse o mais rápido possível, pois, alegava, inescrupulosamente, estar eu, dormindo em serviço... Acho que por esses tempos e até os tempos de hoje, ele nem imaginava que em Brasília tem mais de 500, incluindo o Presidente, que ficam dormindo o tempo todo em serviço e ninguém fala absolutamente nada... Mas, não era o caso e o Francisco (o supervisor), se via obrigado, a atender o chamado daquele ser, que ocupava lá a função, sem mérito algum, de encarregado!

Ah! Sr. Wilson, onde terá se enfiado?! Doença, ainda que grave, é possível alguém ser curado, porém, quando a “má companhia” é a própria pessoa, não existe remédio... não há cura, até o dia que se tornar finado...

Jfranck
Enviado por Jfranck em 04/07/2020
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