Acordei entre saudade e sol

O sol bateu forte na estante de livros hoje, rapidamente tudo ficou claro. Olhei pela janela e ao longe uma névoa ainda pairava, entre o tapete verde que molda a paisagem. Olhei para o outro lado e você não estava. Por instantes pensei que aquele calor poderia ser seu. Enganei-me.

Há dias que você não aparece. Até o telefone está mais mudo. Sei que poderia ligar e conversar, mas não quero parecer controlador, impulsivo, neurótico. Não quero te proporcionar mais problemas. Prefiro o silêncio, nesse caso.

O sol vai ficando mais forte e na mesma proporção minha mente vai acelerando. Viro para o lado, para o outro, agarro o travesseiro, coloco um sobre o outro, cubro o rosto, mas nada me leva ao sono profundo.

Sobre os lençóis vermelhos eu pereço em saudade. Mas não te direi, pois não quero sufocar-te. Amor é liberdade, de ser, de fazer, de querer.

Enquanto tu não vens eu fico aqui me reinventando e preenchendo esse espaço. Já fiz isso por demais.

O sol tomou conta do quarto. Percebo o som dos pássaros, vou acalmando a mente, organizando-a.

Levando, bebo água, naquela garrafa que sempre deixo ao lado da cama, pego um livro - um dos muitos que leio ao mesmo tempo, viro para o lado e começo a balbuciar um trecho. Mas você não está aqui, esqueci-me. Era um trecho interessante, confesso.

Olho para o alto e lá está Lúcifer, me encarando com aquela mensagem "te amo mais que chocolate". Ele me encara. Eu encaro ele e percebo você aqui. Levanto e o pego entre os braços, sinto a superfície macia, sinto teu toque em mim. Sinto a vontade do cuidar.

É cedo do dia, mas a saudade dormiu e acordou comigo. Estou te esperando.