Um dia após outro, até que não haverá mais o outro dia que tarda em chegar.

Era uma noite de inverno. O vento rugia, os astros parecia andarem em guerra. O negrume da noite, fazia que as nuvens parecessem duendes em noite de luta.

Ele ali estava. Sono perdido, em memória, recordava tempo passado. Aquelas noites de menino, a mãe, o pai ,a família. Em correria lhe passavam pela mente, como se fossem vividas nesse momento, as lutas que travara para sobreviver. Sim, não passou pela vida.Viveu. Viveu o frio da noite, viveu a tristeza de nada ter, além da esperança de um dia viver. Dia após dia, anos seguidos,um depois do outro,sempre a mesma vontade de viver. Teve a fome, como companheira, a fome do corpo,a fome da alma, aquela fome que não mata o corpo,mas deixa marcas a ferro em brasa,marcas, na alma de quem as vive. No crepúsculo da vida, foram passados os anos que a memória guardou. A juventude, há muito que tinha deixado marcas, que o tempo não apagaria,e levaria naquele dia que tardava em chegar. Viu os amigos verdadeiros, que

tinham partido. Viu os falsos,os hipócritas que apenas se serviram da falsa amizade,viu e reviu folhas amarelecidas pelo tempo, da história da sua vida.Nomes, lugares, que a outros nada dizem.

Viveu dias felizes, a vida em família,a felicidade vivida minuto após minuto. Agora, só, no meio da tempestade da vida, só, apenas o tremendo som do silêncio, a saudade do que foi, do que perdeu, ou a vida lhe tirou,nada mais lhe restando, que esperar.

Mas a espera, vai sendo dia após dia, hora após hora mais dolorosa. Dizem que nada lhe falta. Mas no silêncio das horas, falta tudo. E tudo é tudo mesmo. Abrir a porta,ninguém á espera. Apenas, sombra, silêncio saudade. Saudade, silêncio e sombra, até esse dia, que teima em não chegar, a liberdade do além. Assim vai passando pela vida. Recordando,olhando fotos antigas,recordações de felicidade perdida. Aqui e além,uma lágrima que ninguém vê,porque está só. As outras lágrimas, aquelas que ninguém vê, essas são aquelas que mais doem, essas são aquelas que um dia, deixarão de doer,e serão de alegria, no dia feliz do reencontro que tarda!

Quo Vadis
Enviado por Quo Vadis em 13/06/2020
Reeditado em 07/07/2020
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