Vacilou

Cruz, homem vil, morador do subúrbio fortalezense, havia finalmente encontrado o seu amor; era Vicentina, recatada donzela. Ambos se apaixonaram, começaram a se envolver, não tardou muito e tornaram-se noivos, estavam até morando juntos.

O caso aconteceu um dia antes do casório, eles eram um casal feliz, mas neste dia Cruz cometeu à amada uma ingratidão. A bela mulher de longas madeixas cor de castanha permitiu-lhe que fosse para o bar tomar uma com os amigos.

Para a infelicidade da noiva, o homem não voltou para casa aquela noite, foi dormir sozinha, preocupada. Cruz bebeu tanto que não respondia mais por si, cambaleava pela rua igual um louco, nada que dizia fazia um mínimo sentido, o odor de álcool então...

O dia começou a clarear, e por um toque a mais de azar do destino, Joana, moradora da rua do bar e amiga íntima de Vicentina acordou com a barulheira do bêbado, ligou imediatamente para a amiga quando notou que o embriagado em questão era o homem que seria marido de sua querida amiga.

Para aumentar ainda mais o azar de Cruz, Vicentina não havia dormido bem por conta de sua ausência, mal pregou os olhos e estava acordada para ouvir o telefone tocar.

"Amiga, você não vai acreditar..."

Foi a primeira frase da tragédia que lhe era anunciada, foi do jeito que estava - descabelada e de pijamas - que foi até a rua vizinha, virando a esquina, a derradeira cena:

Cruz beijando uma desconhecida com gosto de gás!

A infelicidade foi a seguinte: de tão bêbado que estava, quando viu uma mulher branca com cabelos longos passar a sua frente acabou confundido-a com a sua esposa. Um sonoro "MEU AMOR!" foi dito por ele antes de agarrar a mulher e beijá-la ferozmente.

Foi bem quando Vicentina chegou ao local e viu tudo. Hoje, ela é casada com um empresário e Cruz não bebe nada além de água, leite ou refrigerante, pois naquele dia perdeu a noiva e os dentes.

Rodrigo Hontojita
Enviado por Rodrigo Hontojita em 13/06/2020
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