Tempo de amar
Adélia morava na praia. Saía todos os dias bem cedinho. Sumia na imensidão de areia. Caminhava com o sol. Também queria iluminar os dias de alguém. Adélia (coitada!?), não tinha ninguém. Ninguém encarava seus olhos tortos. Ninguém via a pessoa que nela habitava. Ninguém ouvia suas dores, seus rancores. Adélia se encolhia. Mas um dia, suas andanças a levaram para lá... À sombra dos coqueirais ela se sentava, perto do barraco isolado. Vagarosamente ele vinha. Sentava-se ao seu lado. Mãos tocavam-se e corações se abriam. Ambos se enxergavam pelo coração. Nos olhos dele, luz não havia. Mas seu coração a conhecia. Deitados à sombra dos coqueiros, dois corpos se uniam. Há tempo para tudo, para sofrer e para amar. O tempo tem seu tempo!