A Mendiga de Olhos Verdes
Mais uma noite fria cai sobre a cidade. Carros apressados passam pelo semáforo na intenção de chegar em casa o quanto antes. Pedestres vão de lá pra cá e entre eles, surge uma garota. Suja, com roupas velhas e o cabelo desgrenhado não são capazes de ofuscar seus belos olhos verdes, que expressam profunda tristeza. Ela vai passando pelos carros e estendendo a mão. Ela consegue algumas moedas. Então se deita sobre um papelão velho e se enrola num lençol rasgado. E assim, dia após dia, ela procura alguns trocados e tenta sobreviver. Até que numa noite, os carros permanecem indo e voltando mas há algo estranho: aquela menina não mais está ali, pedindo a quem visse o suficiente para um pãozinho. Continuo passando pela avenida e vejo a jovem deitada na calçada. Seus olhos verdes estão fechados. Ela permanece imóvel. Não havia mais nada a fazer. A fome, o frio e o abandono ceifaram aquela vida. Penso em quantas pessoas têm o mesmo fim da menina de olhos verdes. Abalado, vou me deitar. Confuso e revoltado pela cruel desigualdade deste mundo.