A SAGA DE ISAURA-3

Os dias passaram. O inverno passou e novamente Dona Lenita estava de volta ao batente. Não foi dessa vez que a doença misteriosa levou Dona Lenita. Em sua máquina a pedal ela terminou de costurar o vestido rodado de Isaura. O vestido era rodado de manguinhas, era vermelho e azul. Ela ouviu sua mãe dizer a Dona Marocas que Isaura ainda era criança, não precisava vestir combinação. Combinação era o nome dado a um vestido justo, geralmente de cor branca. Uma moça de respeito nunca ficava sem a combinação, mas Isaura ainda era pequena, portanto podia. Isaura estava sempre grudada com a mãe, onde ela ia a filha ia junto. Muitas vezes ela presenciou as quedas da Dona Lenita, quando ela voltava da roça com o cesto de mandioca na cabeça, ou milho, ou outros produtos do plantio que ela mesma tinha feito com as as suas mãos. Isaura via os tombos da sua mãe e logo adiante, escondidos os rapazes Roque e Adelmo se denunciavam ao rirem de ver o resultados das suas armadilhas. Os caminhos da roça, geralmente são veredas levemente profundas e, com a temporada das chuvas, o colonhão, tipo de capim comum naquela região, crescia bastante, ficava viçoso. Era quando ele se aproveitavam daquelas circunstâncias e amarravam as touceiras de capim, cobrindo-as de modo que se transformavam em armadilhas. Naquelas armadilhas Dona Lenita distraída tropeçava e ia ao chão com cesto e colheita. Os rapazes riam insensíveis por vê-la cair e ter que ajuntar tudo que havia se espalhado e Isaura com sua pequena mão de criança era de grande ajuda no recolhimento dos produtos espalhados. Isaura às vezes via sua mãe chorar, mas somente às vezes, porque aquele era um tempo em que as mulheres aprendiam que tinham de se vestir de resignação e seguir em frente.