O Teatro da Vida
Havia algo especial naquele teatro. Talvez fosse um drama qualquer para a platéia, um show bizarro e precário para alguns. Para mim, porém, era muito mais do que uma distração. Era descoberta, envolvimento, emoção!
Meu marido enxergava meu hobbie como uma tolice, um sonho frustrado de menina que fora resgatado pelo pequeno grupo de teatro da cidade.
Confesso que não é uma atividade do meu feitio. Eu, dona de casa, mãe de dois filhos. Simplesmente acordei certo dia com o desejo de experimentar sensações diferentes, ainda que essa atitude surpreendesse todos aqueles que conviviam comigo e estavam acostumados com a minha figura ordinária.
Quando sai de casa naquela manhã para me inscrever nas aulas de teatro, não pretendia me tornar famosa, rica ou reverenciada. Era apenas uma vontade de viver de novo. Experimentar outras vidas e dramas, mesmo que fosse apenas no palco, por algumas horas na semana.
As pessoas fingem se surpreender quando nos testemunham tomando decisões ousadas. Mas a verdade é que todos nós guardamos algum desejo que transcende o habitual, na maioria das vezes algo totalmente oposto ao nosso comportamento e profissão. A questão é que poucos têm coragem de revelar essas fantasias tolas, quase tão tolas quanto nossas vidas pacatas.
Convenhamos: eu era só uma mulher comum que resolveu dar chance a uma experiência nova. E, certamente, foi uma das melhores decisões que tomei.
Ao protagonizar uma pequena peça, certa vez, me dei conta de que poucas vezes em minha vida me senti uma protagonista. Experimentar aquela atenção, as minhas palavras e expressões guiando os sentimentos da platéia. Impossível negar o sabor de satisfação.
Aquelas pessoas tão criativas e fluídas como eu. Aquele ambiente, o clima, a audiência, tudo me fazia tão bem que decidi me entregar completamente. Bastava me ver caracterizada no espelho para que me desprendesse de mim e incorporasse um novo eu.
Foi nessa rotina audaciosa, porém, que participei de uma peça que me abalou profundamente. Foi quando encenamos o cotidiano da cidade em uma história escrita por um dos moradores.
Meu papel era ser uma dona de casa dedicada, mãe carinhosa e esposa honesta, e, naturalmente, não precisei fazer muito esforço para atuar. Eu vivi essa peça por décadas e sabia exatamente como deveria me portar.
Terminado o espetáculo, minha maior surpresa foi chegar em casa e sentir como se ainda estivesse no palco. Não havia me dado conta todos esses anos, mas assumira uma personagem que, de tanto encená-la, tornou a minha vida um eterno teatro.
Havia algo especial naquele teatro. Talvez fosse um drama qualquer para a platéia, um show bizarro e precário para alguns. Para mim, porém, era muito mais do que uma distração. Era descoberta, envolvimento, emoção!
Meu marido enxergava meu hobbie como uma tolice, um sonho frustrado de menina que fora resgatado pelo pequeno grupo de teatro da cidade.
Confesso que não é uma atividade do meu feitio. Eu, dona de casa, mãe de dois filhos. Simplesmente acordei certo dia com o desejo de experimentar sensações diferentes, ainda que essa atitude surpreendesse todos aqueles que conviviam comigo e estavam acostumados com a minha figura ordinária.
Quando sai de casa naquela manhã para me inscrever nas aulas de teatro, não pretendia me tornar famosa, rica ou reverenciada. Era apenas uma vontade de viver de novo. Experimentar outras vidas e dramas, mesmo que fosse apenas no palco, por algumas horas na semana.
As pessoas fingem se surpreender quando nos testemunham tomando decisões ousadas. Mas a verdade é que todos nós guardamos algum desejo que transcende o habitual, na maioria das vezes algo totalmente oposto ao nosso comportamento e profissão. A questão é que poucos têm coragem de revelar essas fantasias tolas, quase tão tolas quanto nossas vidas pacatas.
Convenhamos: eu era só uma mulher comum que resolveu dar chance a uma experiência nova. E, certamente, foi uma das melhores decisões que tomei.
Ao protagonizar uma pequena peça, certa vez, me dei conta de que poucas vezes em minha vida me senti uma protagonista. Experimentar aquela atenção, as minhas palavras e expressões guiando os sentimentos da platéia. Impossível negar o sabor de satisfação.
Aquelas pessoas tão criativas e fluídas como eu. Aquele ambiente, o clima, a audiência, tudo me fazia tão bem que decidi me entregar completamente. Bastava me ver caracterizada no espelho para que me desprendesse de mim e incorporasse um novo eu.
Foi nessa rotina audaciosa, porém, que participei de uma peça que me abalou profundamente. Foi quando encenamos o cotidiano da cidade em uma história escrita por um dos moradores.
Meu papel era ser uma dona de casa dedicada, mãe carinhosa e esposa honesta, e, naturalmente, não precisei fazer muito esforço para atuar. Eu vivi essa peça por décadas e sabia exatamente como deveria me portar.
Terminado o espetáculo, minha maior surpresa foi chegar em casa e sentir como se ainda estivesse no palco. Não havia me dado conta todos esses anos, mas assumira uma personagem que, de tanto encená-la, tornou a minha vida um eterno teatro.