O PEQUENO ANJO DA PERIFERIA
O PEQUENO ANJO DA PERIFERIA
Era uma vez é uma forma comum de começar uma história. Essa é uma história que pode transformar-se em uma história muito comum.
Era uma vez, em uma escola da periferia, uma criança muito pobre, que não podia vestir roupas novas, e somente tomar banho quente nos dias muito frios.
Sua família tinha tão pouco dinheiro que às vezes eles sentiam fome.
Na pequena casa havia somente duas camas, eles precisavam revezar quem dormiria em uma delas, ou no chão.
A criança, quando dormia, tinha sonhos maravilhosos em que todos de sua periferia iam aos parques floridos, ao circo, ao zoológico, ao cinema do shopping e se fartavam com lanches deliciosos.
A criança queria mudar aquela realidade do dia-a-dia de muitas crianças, por isso prestava muito a atenção em tudo, principalmente quando ia estudar em sua escola.
Ela ouvia muita gente grande dizer que só se poderia mudar o mundo estudando.
Quando ia para a sua escola, somente uma coisa a deixava triste, eram os coleguinhas que a tratavam com desprezo por ser extremamente pobre e não ter aquele cheiro bom de sabonete perfumado.
Num dia de inverno, enquanto ajudava sua mãe a juntar latas e outros materiais para reciclagem, a criança machucou a mão em um caco de vidro e, para não deixar a mãe preocupada, não contou o que havia acontecido.
Com temperatura altíssima, em plena madrugada, o choro da criança acordou sua mãe que levantou e rapidamente foi ao postão esperando horas para ser atendida, e somente quando amanheceu a criança foi levada ao pronto-socorro.
Delirando, a criança falava nos vinte e sete anjos que foram enviados ao Brasil, e que todos estavam próximos de cada uma das cidades grandes de nosso país, como as estrelas de um símbolo, a criança
sentiu o tecido, não de uma bandeira, mas do descaso que levava mais um anjo para outro céu.