Conto das terças-feiras – Pequenas histórias de nossas andanças por Portugal
Gilberto Carvalho Pereira, Fortaleza, 19 de maio de 2020
Vale a pena ler estes relatos de encontros com amigos portugueses, que nos ensinaram a amar aquele País.
ENCONTRANDO BONS AMIGOS
Conhecemos Salinas Rio Maior, Portugal, na companhia do casal amigo Landa Machado e Luiz. Nosso primeiro contato foi durante o almoço de entrega da V edição da Antologia do Horizonte da Poesia que reuniu, naquele ano, 2013, mais de cento e cinquenta membros, entre poetas e escritores de várias nacionalidades. Na ocasião fomos convidados pelo casal a conhecer um pouco de Portugal, convite aceito prontamente.
No dia seguinte, bem cedo, rumamos sentido Norte, para o local escolhido pelo casal, que não nos dissera o destino, era uma surpresa. Percorremos pela via A9, A10 até a A15, para chegar a nosso destino, 105 km, por 1h30. Paisagem muito diferente das que conhecíamos e a chegada foi surpreendente como previa o casal. Salinas Rio Maior é local deslumbrante pela natureza que encerra. Impressionaram-nos à primeira vista, aquelas pirâmides de sal que mais pareciam neve. As “piscinas” cheias de água que, depois de evaporada, ficava somente o sal. Minha curiosidade não se aquietou e perguntei:
— Mas o mar está a mais de 30 km, como a água salgada chega até aqui?
— A Serra dos Candeeiros, estamos no sopé dela, de formação calcária, tem muitas falhas permitindo que as águas das chuvas penetrem, formando cursos de água subterrâneos. Alguns desses cursos percorrem uma grande jazida de sal gema. Os salineiros alçam a água e colocam para secar nessas piscinas que vocês estão vendo ali – explicou-me a amiga Landa – acrescentando, ainda, que água que se extrai das Salinas Rio Maior é sete vezes mais salgada que a água do mar.
Mais admirados ficamos. Passeamos pela pequena vila feita de ruas de pedra com casas de madeira, cujo aspecto é de um museu vivo. Visitamos algumas lojinhas de artesanato, compramos, como não poderia deixar de ser, um pacote de sal e ganhamos um souvenir do casal amigo. Almoçamos em um restaurante local, comida gostosa, o que fechou nossa manhã agradável, com chave de ouro. Uma viagem que jamais esqueceremos.
CONHECENDO UM POETISA SENSÍVEL
Nessa mesma reunião de poetas e escritores, ao final do almoço, uma senhora muito elegante e delicada apresentou-se - poetisa e escritora – convidando-me a apresentar meu livro “Moinhos de vento modernos e outras histórias” na cidade do Porto. Aceitei e, na sexta-feira seguinte, rumamos de trem para aquela que é a segunda cidade e o quarto município mais populoso de Portugal.
Ao desembarcarmos nos esperava a Professora Edite Colares, da Universidade Estadual do Ceará, que lá fazia o seu pós-doutorado em Arte Educação. Fomos diretamente para seu apartamento, onde ficaríamos hospedados por três dias. Na mesma noite fomos ao encontro da escritora e poetisa Manuela Bulcão, em Matosinhos, distrito do Porto, na Casa do Fado Janelas do Fado. Levei comigo alguns exemplares do meu livro, para oferecer de presente. Foi uma noite inesquecível. Logo na entrada da Casa do Fado havia um pôster de mais ou menos 50x80cm, com minha foto e os dizeres “Hoje, aqui neste local, se apresenta o poeta e escritor brasileiro”, e o meu nome em letras grandes. Aquilo me encheu de emoção, mas não deixei transparecer. Ao entrar percebi que havia um pequeno tablado, onde colocaram duas cadeiras e dois microfones. Percebi que seria entrevistado.
Após uma apresentação de fado, pela fadista Sonia Correia, pediram-me que se sentasse na cadeira colocada no tablado, onde já se encontrava em outra cadeira ao lado a poetisa e escritora que faria o papel de entrevistadora. As perguntas versavam sobre algumas poesias que ela conseguiu em minha página do Facebook. Assim foi por quase a noite toda. Algumas perguntas maliciosas, principalmente sobre um conto também malicioso. Lá para as duas da manhã serviram o jantar acompanhado de delicioso vinho.
A DONA DA QUITANDA EM CARCAVELOS
Durante nossas estadas em Portugal sempre ficamos hospedados no apartamento de minha filha e esposo, em Carcavelos. Próximo a esse local há um pequeno estabelecimento comercial onde faço compras de frutas, verduras e outros produtos de primeiras necessidades. Sou atendido por uma senhora amabilíssima que sempre me recebe perguntando se é mais umas férias ou se resolvi ficar de vez. Eu sorrio e digo férias!
Suas frutas e verduras, sempre de boa qualidade, mas a que mais gosto é das cerejas, geralmente frescas, que ela sempre as tem guardadas, separadas para os bons fregueses, diz ela. Também gosto das belas maçãs, vermelhinhas e saborosas. Têm também as peras, deliciosas! Os preços são acessíveis e as pago com prazer.
Gosto de Carcavelos, que é uma freguesia, junto com Parede, do Conselho de Cascais. Sua praia, que frequentamos, é conhecida pela prática do Bodyboard e Surf, contando ainda com excelentes restaurantes, verdadeiramente a minha praia. Joga-se ainda Espirobol ou Espiribol, sendo considerada a capital europeia desse esporte.
Este ano não deu, mas breve retornaremos, aguarde-nos Carcavelos!