A SAGA DA ROSA
A SAGA DA ROSA
Saga é uma aventura, a vida é uma aventura cheia de alto e baixos, coisas boas e não muito boas, que servem de alicerce e base para os próximos passos da vida no dia a dia por vir.
Vamos tentar relatar uma parte de uma saga de uma pessoa viva, portanto não publicável, apenas para relatar a nossa memória em homenagem a própria vida.
Nascida logo após a 2ª guerra, no final da década, filha de duas famílias que na jovialidade do Brasil dos pós escravidão ainda deixavam traços da existência da vida dos brancos europeus subjugando os afrodescendentes, negros ou mestiços.
Nesta região brasileira era o fim da era dos cafezais, mais ainda com muito resquício da pujança econômica que isto representou, pois, o café chegou por aqui mais ou menos em 1820, trouxe o trem em 1887, bem como a energia elétrica também por esta época, trouxe ainda o telefone, bem como o primeiro Museu do Telefone do Brasil, ainda em funcionamento na Praça Jose Bonifácio, no Centro de Bragança Paulista-SP, os calçamentos, localizada nos planaltos intermediário das colinas da Mantiqueira, distante a setenta quilometro da capital paulista. Fez ainda se construir se não o primeiro, um dos primeiros Teatros de grande porte do Brasil, o Teatro Carlos Gomes, que com o passar dos Tempos a Diocese transformou em Coleio interno São Luís, depois escola Carroso e nos últimos dez anos em reforma e restauração com custo de quase dois milhões de dólares.
Ainda com esta pujança muitos viviam os efeitos econômicos benéficos da boa economia que o café trouxe a região, os casarões, os terreirões onde se processava o fruto do ouro verde, muitas casas de colonos, muitas estradas e como dissemos ainda o trem que funcionava a quase a um século um ramal dos santos/Jundiaí, conhecida como ramal da Bragantina, que na verdade se estendia até Vargem com diversas estações, inclusive a de Guaripocaba e que funcionou até 1967.
O trem leva o café e trazia o que o dinheiro do café podia comprar, e era muito, mas a esta época o café já não estava mais indo com a mesma quantidade e frequência, e portanto pouco estava vindo de volta, era a era do princípio da industrialização no Estado paulista, e Jundiaí, que o trem ligava era uma opção para que aquelas pessoas da lida do café podiam se dirigir fazendo do êxodo rural uma realidade já na década de 40 do pós guerra, êxodo estes que seguiu nos anos seguintes em direção as periferias das fabricas da grande cidade de Jundiaí, uma das mais antigas do Estado, que até hoje é o sétimo PIB brasileiro, êxodo este que se seguiu e até eu mesmo na década de 70 fui em busca de tal cidade para buscar o sustento naquelas fábricas, mas após uma semana em casa de parentes, voltei com certa decepção de não ter encontrado a receptividade do emprego e segui a vida em outra direção.
Rosa nasceu neste intermeio do fim do café, início da industrialização, com um pé em Anhumas, nos restos dos cafezais, que não mais mantinham as famílias focadas no local, e o sonho da cidade com o início da industrialização na periferia daquela cidade polo mais próximo, na ponta da linha de transporte existente que tinha seus dias contados, pois o que transportava, a riqueza do ouro verde estava estagnando e foi assim que em 1967, foi extinta, para uns quase que abruptamente, para outros depois de uma luta enorme para se manter funcionando, pois a falta do café transformava a empresa de transporte em ruina e prejuízo, isto também pela concorrência que as rodovias que iam chegando e melhorando, assim foi que no final da década de 40, a rodovia Fernão dias cruzou nossa região indo para a capital mineira, outras estradas, mesmo as ligações de nossa região com Campinas, Jundiaí, começava também a ser asfaltada. O asfalto significava que a viagem impossível dos verões chuvosos fosse possível e regularizável, pois antes do asfalta, os itinerários eram interrompidos por dias, semanas até que as estradas pudessem serem transitada novamente.
Assim no meio das mudanças bruscas na vida das pessoas e nas economias da região nasce a Rosa, e acompanhando a família de uma lado Maciel leme, fixada na região de Vargem, vinda de Mogi Guaçu de Sebastião Maciel Leme, que originou-se de Taubaté, e seus descendentes migraram para Bragança, em 1790, ainda Conceição do Jaguari, o Sgto Antônio, que em seguida trouxe a irmã Tereza, nossa predecessora, tendo seu irmão feito as histórias dos lemes e gerado muitos capitães e coronéis nos anos que se seguiram, pessoas que se tornaram importantes na região e na capital do estado. Por outro lado, da família, os Ferreiras da Silva, que aparentemente vinha de Sul de Minas, como muitas outras famílias como dos Domingues de Faria que vieram também daquela região e por aqui haviam se instalado animados pelo ramal da Bragantina e dos benefícios que esta trazia, sendo que alguns já haviam vindo antes pelas notícias da pujança dos cafezais.
Seus pais viveram a saga do período entre guerras, da pujança do café e da estagnação que ocorria e também do início do êxodo rural rumo as cidades.
Ao contrário de outros familiares que iam para a outra ponta do trem a cidade da industrialização de Jundiaí, seus pais vieram para Bragança Pta, tentando viver do comercio local que era pujante e representava o centro de uma grande região destes lados do Estado de São Paulo, bem como do sul de Minas. É certo que a política divide territórios e assim são Paulo e Minas dividiam aqui em Vargem/Extrema, mas as atividades da comunidade não conhece muito esta linha nos mapas e vão e vem, como se ela não existisse, trazendo e levando coisas e pessoas, e assim Bragança Paulista era o centro deste pujante comercio propulsionado pelo trem da Bragantina, que vivia já perrengue a esta época, mas ainda fazia a ponte entre a capital e toda a região, e então em Bragança Paulista e não em Jundiaí a família Maciel Leme e o Ferreira da Silva veio a ser comerciante, e tudo girava em volta e em torno da Estação do Lava-pés, Bar Rosito, pensão Brasil e outros grandes comércios que passaram pelas mãos de grandes comerciantes, inclusive do pai da Rosa, que morando na Rua da Palha, atual Rua Cel Assis Gonçalves, com seus três filhos e cinco filhas que motivaram a sua vinda para cá para estuda-los, os rapazes no famoso colégio São Luis, internato dos Padres, no antigo prédio do Teatro Carlos Gomes, um dos primeiros teatros da antiga província de São Paulo proporcionado pela riqueza do café, que já a esta época era aproveitada para fins de escolas, uma vez que a riqueza do teatro já também a esta altura não era possível, era o final da década de 40, e o nascimento da rosa então nestas mudanças entre o rural e o urbano, embora o urbano daquela época era confuso, pois mesmo os urbanos viviam a vida da roça com galinhas, porcos, etc., quando não vinham estas coisas das pequenas chácaras vizinhas ao centro da cidade.
Nesta época as irmãs mais velhas estavam deixando o lar para seus casamentos e a maioria delas voltando para o bairro origem de Anhumas, casando com pessoas que vinham dos cafezais, umas com netos de fazendeiros, e a mais velha com folgazão do meio da serra, mudando então da cidade para o campo em caminho inverso do êxodo rural.
A idade chega a todos, e Rosa filha caçula, raspa do tacho tinha pai já decadente, lutando para manter o patrimônio arrecadado na luta de sua vida, como lavrador, fazendeiro de café, comerciante, representante comercial (cacheiro viajante) de fumo, que era muito comum neste nossa região, pelo trem, pelo centro do comercio ter muitos comerciantes de fumo para escoar os fumos produzidos em Socorro, Machado no sul de Minas e aqui mesmo, embora era famoso os fumos de Arapiraca de Alagoas, onde muito dos comerciantes Bragantinos iam buscar, como ainda a poucos dias me lembrou um dos últimos caixeiro viajante do fumo, hoje no ramo de moveis, que já em sua juventude nos idos de 60, havia viajado de avião para comprar caminhão de fumo em Arapiraca-AL, e o pai de Rosa vivia esta saga duas décadas antes, na plenitude de suas atividades comerciais.
Como dissemos a vida do pai de Rosa estava se esgotando, embora seu bisavô, com 110 anos ainda estava jogando truco na venda da igreja de São Benedito, seu pai mudou-se para Jundiaí para ficar mais perto de outros familiares, sogros e outros e onde poderia encontrar apoio para viver seus últimos anos, e foi assim que em 1952, faleceu seu pai, quando tinha Rosa somente cinco anos.
A vida esminguindo de seu pai, já trazia reflexo, e seus filhos ainda não casados, que haviam vivido a vida urbana de Bragança Paulista, então em Jundiaí centro industrial regional, para as fabricas se empregaram, na Cica, na pauleti, e outros fabricas, e foi assim que mesmo tendo a mãe voltado para viver o restante dos seus cafezais em Anhumas dos irmãos mais velhos não retornaram ficando naquela cidade indústria.
É logico que depois de viver afastado da roça por décadas, soba influência da cidade e pela dificuldade com os fins dos cafezais, viver na fazenda/roça não era mais uma opção fácil para quem já estava acostumada com a cidade e foi assim que voltara mãe e Rosa para Jundiaí para onde Rosa Cresceu, e fez seus primeiros anos escolares.
Com a mudança em 1964 da irmã mais velha para a periferia de Bragança Paulista para estudar os filhos, então resolveram com parte das economias restantes dos patrimônios da roça de Anhumas, montar casa ao lado também na periferia de Bragança, voltando de Jundiaí então em 1965, já mocinha, com 17/18 anos, quando então começou suas atividades como costureira nas confecções do centro de Bragança Paulista-SP, atividade esta que levou rumo ao futuro por muitos anos, com uma vida de viajar com marmita de madrugada para o centro e voltar no fim do dia, caminho este a pé por mais de 5 quilômetros, pois não havia ainda os ônibus circulares, e tudo por uma salário de aprendiz de costureira, e assim com algum resto de economia das vendas da roça da parte da sua mãe e parte sua viviam gastando o restante das economias angariadas por décadas pelo seu pai e mãe em suas andanças por Anhumas e Bragança Paulista-SP.
Assim viveu por mais de uma década a Rosa, moça bonita da periferia de Bragança Paulista-SP, como mais uma pessoa do povo, trabalhadeira, vivendo com a mãe ainda a esta altura cheio de vida e de uma cabeça privilegiada, uma visão que durou até seu fim em 1996, nunca precisando de óculo, e sempre com uma cabeça e raciocínio perfeito, uma simpatia que fazia dó de tanta alegria, simpatia e positividade.
Todos buscam formar família e Rosa também tinha que encontrar o seu parceiro e foi assim que no final da década de 70, casou-se, com um encanador e pela busca de sustento e emprego também foram parar em Jundiaí em sua periferia, tendo seu marido trabalhado na região e em São Paulo e após anos de lutas, a doença mostrou sua cara e Rosa a sua perspicácia, dedicação em cuidar de outros como foi seu norte para o resto de sua vida, e assim cuidou de seu marido com câncer por anos, indo e vindo para a região e capital na busca de salvação desta doença terminal que só se consegue prorrogar, mas que o fim é certo e que marca todos que ficam.
Com a morte do marido, continuou sua saga, usando o que tinha de melhor, prover o sustendo da família com as aquisições intelectuais que havia conseguido de organização e prestação de serviços, e assim foi ajudar sua irmã em abertura de açougue em Bairro de Jundiaí, ramo do marido dela que também tinha migrado de anhumas para aquela cidade já há década para administrar uma linha de distribuição de carne de frigorifico de nossa Região.
Foram anos, ajudando a irmã a construir com os recursos da herança dos cafezais de avós do marido, e abertura de açougue então na periferia daquela região, contudo como tudo tem fim, depois de diversos anos, a convivência não permitiu a continuidade, retornando então para Bragança Paulista-SP, em sua casa construída em 1965, então viúva com sua mãe que também já era viúva desde 1952, para viverem bons anos de convivência e também de labuta e luta com a velhice embora gratificante da velha Zula, pois tinha visão de águia e cabeça positiva, alegre que deixava a vida amena.
Assim viveu Rosa cuidando da velhice da mãe e trabalhando de costureira enquanto cuidava da mesma como o tempo lhe permitia, até seu finalzinho em 1996.
A perda de seu marido alguns anos após o casamento, e o acompanhamento e cuidado da doença do mesmo, foi uma aventura marcante de sua vida, e os últimos anos de sua mãe também, principalmente com as dificuldades de recursos, pois quando os recursos financeiros são fartos a velhice torna-se as vezes mais amenas, contudo quando ela vem com parcos recursos a dificuldade e a necessidade de ajuda de familiares é humilhante e torna a vida que é para ser bem vivida um caminho árduo a ser seguido, e Rosa tinha sua Saga a cumprir, e cumpriu com muito zelo, com muita alegria, aturando os irmãos, sobrinhos que vinha em férias regozijar no ambiente da felicidade da avó que era maravilhosa em recebe-los.
Com o falecimento da mãe, a saga do emprego do que tinha de melhor, cuidar de outros carecia de existência, e apesar do médico oferecer a oportunidade de continuar sua vocação de cuidadora boa que era, na família ao lado um viúvo cunhado já carecia de ajuda, embora ajudada pela filha, precisava de mais auxilio, pois cuidar de velho nunca é ajuda demais, sempre precisa de muita ajuda e foi assim que passou os próximos quatro anos ajudando a sobrinha a cuidar do cunhado, com esmero, dedicação de uma cuidadora profissional que era.
Sempre teve muita capacidade de comunicação, sempre teve muita organização com as coisas que fazia, e isto ajuda muito a própria vida e a vida daquelas que estão por perto a quem se auxilia, e foi assim que sua atividade seguiu até o ano 2000,
É logica que o exaurimento dos cuidados com a mãe, deixou um buraco em sua vida, pois apesar da dificuldade da vida e a convivência era boa e enquanto viva a mãe os irmãos apesar de ajudar muito pouco financeiramente quase só e ainda com muita humilhação, estavam presentes pelo menos uma vez por mês, mas o fim da mãe era o fim de uma era de relacionamento com os irmãos, boa ou má este relacionamento fazia parte de sua vida era o que achava, mas com a morte da mãe, isto também se exauriu.
A continuidade com ajudar a sobrinha cuidar do cunhado distraiu por mais quatro anos, mas como tudo se finda, também o cunhado se foi.
Tinha a irmã a quem conviveu e ajudou na saga da construção da casa e açougue, já a este tempo da vida com açougue fechado, vivendo da aposentadoria própria e do marido, e já ambos com o avançar da idade, precisando cuidados e quem melhor que uma cuidadora para não ficar vigiando, mas a experiência de conviver na mesma casa não deixava possibilidade de sua ida para lá, não porque eles não quisessem, mas por Rosa não podia deixar o seu canto onde teve sua vida e sua liberdade e que apesar das dificuldades tinha uma vida digna e com muitos amigos por perto, além da sobrinhada e por isto preferiu não ir nunca viver por lá, e foi assim que abriu um comercio de lanchonete, eximia conhecedora de carnes e eximia cozinheira como sempre foi a capacidade da família, pois quando se tem uma vida boa de recursos pode-se exercitar com a cozinha, e teve um início nesta vida e aprendeu com a mãe e irmãs.
Foi então para a lanchonete, que apesar de ser organizada, existe no comercio dificuldades e fazer ponto, fazer freguesia e faturar as vezes demora muito, dá muito trabalho, não que não fosse trabalhadeira, pois era e é muito até agora, mas tudo que demora muito cansa e tinha sociedade com sobrinha neta, e está se cansou antes da ora de receber os benefícios talvez, e daí conseguir ajuda para a continuidade, para manter o negócio tornou naquele momento inviável, achando por bem alienar o negócio e sair por cima, do que tentar com dificuldade um futuro que não era muito certo.
A saga do comercio próprio chegou ao fim, mas sua capacidade laborativa era infinita em várias áreas, quando as exercitou na construção da irmã, e no açougue era controladora de caixa, eximia arquivista e foi assim que foi parar no escritório do sobrinho, com quem sempre teve com relacionamento, com quem sempre manteve contado durante a vida todo, com quem ainda nestes períodos todos mantinha as visitas de seus parentes em Jundiaí, principalmente as irmãs ainda vivas que por lá viviam e seus sobrinhos de lá.
A irmã enviuvou em 2003, continuidade da vida, queria que ela Rosa para lá fosse, mas achou por bem não ir, seria uma vida de prisão naquela casa com a disciplina da irmã autoritária, tentou trazer a irmã para cá, construindo inclusive um anexo na casa para este fim, mas a irmã acostumada a sua rotina e sua casa grande também não se submetia a conviver com ela em Bragança Pta, principalmente porque a esta altura já tinha atividade diária no escritório que trabalhava.
E assim foi a luta do relacionamento com a irmã por quase mais uma dezena de anos, onde visitava mensalmente, quando não mais se preciso fosse, cuidadora a distância, socorrendo em momentos de doença, monitorando a distância mas cuidando como se presente fosse, conversando com os vizinhos que eram seus olhos a distância, irmã com grandes dificuldade, mas que se recusava a viver com ela em Bragança Pta, ela que também se recusava deixar sua vida para ser prisioneira com a irmã em Jundiaí, e assim nas dificuldades maiores da irmã em alguns períodos a trouxe para cuidados e melhoria em Bragança, e foram algumas vezes, para melhorar a saúde, a alimentação, cuidados pessoal do dia a dia de forma presente, mas a irmã sempre que melhorava, queria para a sua casa voltar e assim foi até a sua morte nos idos de 2013.
É certo que há muito o falecido cunhado desta irmã, queria deixar sua herança para o hospital São Vicente, contudo por ocasião de seu falecimento, a irmã disse que era vontade dele deixar para a rosa, e foi assim que quando da solução e regularização do inventário foi feita a doação com usufruto, não havia qualquer preocupação uma vez que o usufruto foi bem utilizado por mais de uma década e de forma pacifica, mas com a morte da irmã, um bem se liberou do usufruto e tornou-se então uma herança para Rosa e junto com isto uma responsabilidade, uma preocupação, uma gasto.
Mas Rosa, como dissemos organizada, com a própria aposentadoria e pensão do marido, apesar de ser mínimos, era disciplinada como sempre foi, organizada e sempre guardando para o futuro, sempre teve um pouco de recursos para socorrer a sobrinhada, bem como as irmãs que eram mais ricas, e foi assim que por ocasião da morte do cunhado ajudou a pagar as despesas, o mesmo com a morte da irmã, e o que sobrou foi o patrimônio por doação e por testamento, que foi organizado para não dar confusão com outros eventuais herdeiros, mas o que vem, não vem só, a responsabilidade de ter quase sempre é um ônus e tal herança vem sendo por mais de meia década, não traz retorno positivo, mas leva parte de suas rendas para manutenção e ainda com muita preocupação.
Sempre foi muito orgulhosa em seu dia a dia, seu sofrimento e sua saga sempre foi no sentido de não ser peso pra ninguém e assim tenta administrar esta herança com dificuldade, mas não permitindo interferência, ou ajuda nas decisões que não seja as suas, o que é certo, mas poderia se fosse mais concordata aceitar ajuda extra para poder facilitar a transmissão desta herança para Bragança Pta, que é seu desejo, mas que está sendo muito difícil de acontecer, por problemas de mercado imobiliário, etc.
O tempo se esvai para todos, muitos dos que amamos se foram, para Rosa também, foi o pai com quem quase não conviveu, ou conviveu um pouco quanto já não era uma pessoa empoderada, já estava no final de sua vida e ainda com saúde prejudicada, então convivência que não resultou em relacionamento de grande felicidade e ajuda. Teve uma vida muito boa com a mãe, mas também com dificuldades do dia a dia, aliás como é para todos, e ela apesar de ter peno menos a casa para morar sempre teve que correr atrás do sustento da família, com a aposentadoria da avó após os 70 anos dela, ajudou um pouco, mas a vida urbano é custosa e sempre teve que contribuir com o caixa e sempre este caixa foi curto, mas apesar disto esta vida, esta saga foi muito positiva, pois sempre serviu bem, e quem serve bem acaba as vezes recendo recompensa por estes relacionamentos.
Assim é que servindo de mãezona da sobrinhada, inclusive e muitas vezes financeiramente, acaba por tê-los em sua volta, não só os vizinhos com quem sempre se relacionou muito bem com quem sempre inter-relacionou com ajudas recíprocas, e onde todos devem pra todos e quando isto é bom, pois tudo que se dá, quase sempre volta de alguma maneira, e assim Rosa sempre tem a casa cheia aparentemente, sempre sobrou alguém para continuidade desta relação.
A sua vida operosa no escritório sempre a manteve atenta, cuidadosa, organizada, tanto que sempre ocupou um lugar de destaque e sempre foi a tia de todos, sempre foi respeitada, sempre controlou e lhe foi permitido controlar uma parte, principalmente o financeiro da parte de locação, que é receber e pagar, principalmente após problemas que tivemos no firma da década de 90, quando fomos por afilhados roubado em mais de 200 mil, moeda de hoje, por um período de mais de um ano, isto tudo apesar dos excessivos controles que tínhamos.
Acredito que Rosa em sua saga se encaixou no ritmo e andamento do escritório, vestiu a camisa como ninguém faria melhor, prestou um serviço honroso como ninguém e ainda presta, e acredito que continuará prestando por muito tempo. 15/01/2020
CAPITULO I
Nesta história da saga da Rosa, me encaixo como sobrinho mais velho, que teve a oportunidade na vida da Rosa de conviver muito com a mesma, principalmente por ela ser a caçula, e afilhada de minha mãe, e por ela construir em 1965, ao lado da casa que nós construímos e passamos a morar em 1964, no Jardim Recreio, em Bragança Paulista-SP, na periferia, onde ainda não tinha esgoto, agua encanada, asfalto, iluminação pública, nem tão pouco transporte público, que estava começando em Bragança Paulista-SP, com o proprietário do único ônibus, o Sr. Manir de Oliveira, que tinha garagem no prédio de Esquina da Praça Nove de Julho, ônibus estes que posteriormente foi adquirido pelo deputado Nabib Habib Chedid e depois pela Atual empresa N.S.Fatima Auto Ônibus.
Se considerarmos o início de nossa vizinhança são mais de 55 anos, tendo ela se mudado para Jundiaí após seu casamento, e retornado posteriormente uns dez anos depois, e tendo eu após meu casamento no ano de 1982, mudado daquele Bairro, mas nunca deixamos de ter contato direto, pois ela carregava consigo, com quem vivia nossa avó materna “Vó zula”, situação que nos impingia visita-los mesmo nos períodos que estivemos mais afastados pelo menos uma vez por mês.
É certo que nos períodos em que vizinhamos, a casa dela com a avó, era o centro de reunião familiar, pois era para lá que vinham os tios, primos e mesmos os vizinhos que conosco convivíamos, e aqueles que ainda não deixaram esta vida ainda convivem, como se nada tivesse mudado.
É assim que os sobrevivos, ainda se reúnem lá na casa da Rosa todo domingo à tarde, onde ela faz acontecer a reunião do café, e onde comparecem a maioria dos sobrinhos, sobrinhos netos e dos vizinhos, sendo certo que aqueles da década de sessenta e seguintes, hoje já comparecem a esta reunião com filhos, netos, que também gostam de comparecer e participar destas reuniões patrocinado da Rosa de domingo à tarde.
Rosa e sua mãe formaram um centro de referência no Bairro, e nós somamos com nosso relacionamento na vida dela, nossos pais, e nossa avó Zula também em quanto viveram, mas como tudo passa, muitos estão indo, e nós que ficamos somos fieis a este relacionamento de mais de meio século, somado com os mais jovens quem aparecendo em nossas vidas e principalmente na vida da Rosa.
Lembro de muitas coisas de nosso relacionamento, que fui seu padrinho de casamento, que por ocasião do tiro de guerra, estava com o cabelo cumprido e iria cortar e queria saber o que era ter cabelo crespo, e ela que era também eximia cabeleira, me fez na ocasião permanente, lembro do dia a dia de nossas convivência em cada década deste mais de meio século, pois mesmo quando ela não residiu no Bairro, mudando para Jundiaí, nós a visitamos e muitas vezes era na casa dela que encontrávamos com outros parentes, tios avós, tios, primos e muitas outras pessoas de se originaram de Anhumas e para Jundiaí passaram a viver, como meu bisavô Cândico, e a bisavó Marquinha, que eram vizinhos de nosso finado tio avô Benedito, casado com nossa finada tia Maria, que era irmã de meu pai e seus filhos Toninho e Maria, e os filhos deles, e outros parentes na região.
É certo que na mesma região da Agapeama, Bairro da Periferia de Jundiaí, muitos outros parentes residiam, muitos deles no Bairro ao lado, chamado Bairro do Cristo, que virou em seu futuro e atualmente o Centro da Cidade de Várzea paulista que foi desmembrado de Jundiaí.
Estes parentes originados do Bairro de Anhumas, distrito e atual município de Vargem, que para Jundiaí se dirigiram nas décadas de 40 e as que se seguiram, formaram lá centenas ou milhares de parentes que fizeram aquela região crescer e participaram de seus progressos, e pelos motivos do fim dos cafezais que provocaram o êxodo rural para aquela região.
Mas em Bragança Paulista-SP, onde Rosa viveu a maior parte do tempo, e nós quase a vida inteira, pois mudamos para o Bairro em 1964, quando tinha 10 anos, vimos o progresso do Bairro acontecer, e os calipais e lotes vazios do Bairro e da região se alterarem transformando em cidade, com toda a infraestrutura.
Crescemos no Bairro com Rosa e com dezenas e centenas de vizinhas, vimos o Bairro dos Caminhões de “boia fria”, que lotavam toda manhã para ir trabalhar nos cafezais, nas lavouras outras de batatas, milho, feijão e outras.
O local conhecido como “ponto final”, junto a igreja de São Benedito que foi construído pelo Pe Aldo nas décadas de 70, era o local de maior concentração de “boia fria (trabalhadores da roça”, que com sua marmita ou caldeirãozinho comida subiam no “pau de arara” todos os dias por volta das 4:30 ou 5:00 horas para ir laborar nas lavouras da região retornando ao escurecer, para ganhar o sustento da família.
A Vila Bianchi estava em construção, a bomba de agua do Tanque do Moinho, dirigida pelo SAE e funcionário “Zé da Bomba”, que morava atrás do Jardim Recrio, na Antiga Chácara do Bonuci, era uma das construções recentes da cidade, para abastecimento de agua, que era tratada na ETA do posto de monta.
Tenho lembranças da chácara do Bonuci, onde tínhamos uma brincadeira perigosa de “pega pega” nas arvores sem poder descer no chão, ou seja, pulávamos de uma para outra arvore, que eram próximos parecendo menino “tarzam”, tenho lembrança que quando cheguei de Anhumas fui estudar na Sta Terezinha ao contrário de minhas irmãs e até meus filhos que estudaram no SESI 012, no São Benedito, em seguida, fiz 5º ano no zé Guilherme, isto tudo enquanto trabalhava na Guarda Mirim, digo trabalhava, pois lá era lugar de aprendizado de música, barbearia, datilografia que foi o meu caso, mas prestávamos serviço de sacoleiro em supermercado e o meu serviço inicial foi abrir caixa na calçada de relógio de agua do SAE, para medição mensal, onde trabalhei por 3 meses, depois fui trabalhar no fórum da praça como auxiliar do “mordomo” Adir, que garantia a manutenção do prédio, bem como a zeladoria e os cafés, e lá servíamos café para os promotor e Juiz, no singular pôr em 1965, eram únicos.
Foi ainda morando no Jardim recreio, depois de sair da guarda mirim e trabalhar um ano no 2º cartório de notas e oficio, isto oficio, pois na época não havia serviço separado, as notas também fazia a parte judicial, e assim após um ano, sai para trabalhar já com carteira de menor de 12 anos, no sitio porta do céu e fabrica de televião Astoria, não tínhamos ainda TV em caso, mas eu já trabalhava em fabrica montado as mesmas com aquelas enormes válvulas e enorme tubos.
Rosa enquanto crescíamos, labutava vizinhando conosco e convivendo no dia a dia, como uma irmã mais velha, visto que era 22 anos mais nova que minha mãe sua madrinha, e assim a vida continuava com minhas irmãs crescendo, e a meninada do Bairro, os filhos do Antonio Rosario, as filhas do alceu, os filhos do Seu dito cachorreiro, do Sr. Dito, pai do Adão, e muitos outras famílias que estavam chegando e construindo naquele Bairro que em 1964, tinha menos de 10 casas.
Havia campinho de pelada no brejão, do Nicão atrás na mesma quadra e perto do Orecão, no final da rua João Diniz.
Como disse, estávamos crescendo e crescendo com o Bairro e com centenas de outros jovens, filhos de tantos pais e tantas atividades, como dissemos muitos “boia Fria” com muito orgulho, pois nenhuma profissão é desonhorrosa, muitos trabalhando no DER, outros na fábrica do Bauna, e mesmo na sequencia meu pai montou uma pequena mercearia para minha mãe e nós trabalharmos, onde trabalhei por alguns anos e que no final não conseguimos manter, tendo eu aos 18 indo trabalhar em escritório contabilidade.
O Bairro por esforço do PIME de Pe Aldo e Pe Donato, que faleceu agora a pouco, menos de 2 anos, vivendo seus últimos anos na vila São Vicente de Paula (asilo construído por zé Paulino em 1954), tinha a escola que comecei em Bragança de Sta Terezinha e o SESI 012 no São Benedito em seguida construíram a escola, e tínhamos teatro e cinema tanto na Sta Terezinha como no São Benedito, sendo que a do São Benedito durou até muito tempo quando já éramos adultos, e foi neste ambiente que crescemos, e que a cidade cresceu.
Sempre acompanhado por Rosa, que embora minha irmã mais velha Maria do Carmo estar encarregada de cuidar de minha Mãe, após parada respiratória dela em 1986 por ocasião de uma cirurgia de tireoide, onde deixou sequela de ficar mais de seis meses com problema de coordenação física e mental, e mesmo tendo recuperado 90%, nunca mais foi a mesma coisa, e Rosa sempre estava presente ajudando no cuidado de sua madrinha, minha mãe que tinha como cuidadora a irmã Carmo.
Irmã Carmo que casou em 1973, com açougueiro de Jundiaí, que trabalhava na distribuidora e açougue dos Simplício de Bragança, e assim teve meu pai nesta época a saga de ir lá na agapeamo Bairro onde se concentrava os parentes mais próximos, adquirir um terreno para construir 2 cômodos e banheiro para a irmão e seu futuro marido viverem, quando então descobriu meu pai, que tinha muito tino comercial que poderia ganhar dinheiro comprando lote, construir e vender casinhas simples e foi assim que de 1973/1980, construiu diversos imóveis em Jundiaí e várzea Paulista, indo passar semana para lá com irmão/primo Dinho, Ne Batista e Domingos Picote, que morava conosco no sitio de Anhumas.
Carmo após o começo da década de 1980, por desemprego do marido, veio morar em Bragança, em uma pequena casa da Rua Sta Amélia, e então por ocasião da doença de nossa mãe, assumiu o encargo de cuidar dela, que foi uma salvação, uma coisa caída do Céu para nossa família, ela precisava de algum serviço nesta época, mas cuidar de nossa mãe era um trabalho gratificante para ela, e era um descanso para toda a família, mas lá estava a Rosa, sempre acompanhando a madrinha.
Como já dito antes, Rosa se especializou como cuidadora após a ajuda de cuidar do próprio marido, tornou-se expecte, no trato com hospitais, médicos, enfermeiros, etc, media pressão para toda a família a vizinhos e muito auxilio minha irmã Carmo nesta jornada com minha mãe.
Minha mãe faleceu em 1988, mas a vida de todos e de Rosa continuou, e menos de 10 anos depois começava a saga de cuidar do meu pai, isto tudo após terem cuido do Zé Frosino por quase 10 anos também, tanto Carmo como Rosa.
Carmo no meio destas ajudas de minha mãe e meu pai, que foi muito importante para nossa família, criava seus filhos e cuidava de seu marido, já com caso próxima, e quando do fim de meu pai, foi construída em sua casa um apto para meu pai, que passou então a residir com ela pelo cuidado que necessitava.
Então na Saga da Rosa, Carmo foi uma pessoa muito próxima, e onde Rosa depositava um relacionamento muito próximo de confiança, e foi com a morte de Zé Carlos, que Rosa achava então que poderia ter esta sobrinha ainda mais próximo, uma vez que já tinha casado todos os filhos dela, então poderiam fazerem de amigas de viagem, poderiam então começarem uma nova aventura na vida, mas o mundo nem sempre é como queremos e Carmo, após ter passado por medidos e nada constatar, descobriu um “câncer” de intestino, começando uma façanha de tratamentos que não duraram muito mais que ano de sofrimento e correria por hospitais de Bragança e Campinas e que acabou com sua vida, tendo Rosa que tinha a esperança de ter arrumado uma amiga de Viagem, tendo acompanhado, ajudado inclusive financeiramente nos cuidados da sobrinha e amiga, e agora com o fim dela mais uma vez seus sonhos de viajar tinha se acabado antes de começar.
Mas como consta Rosa trabalha comigo no escritório e é a tiazona respeitada, controladora do financeiro, recebedora e pagadora da carteira de locação e recepcionista pau de toda obra, como dito, vestindo a camisa, e esta atividade faz com que ela se distraia a ponto de se recusar a tirar férias, de ir trabalhar mesmo doente, uma vez que o escritório lhe dá a facilidade de pega-la em sua casa as 8:45 e devolve-la após as 17:00 horas de segunda a sexta, quando o fórum está funcionando, pois quando há feriados prolongado também fechamos, pois a região fica meio deserta.
Quando ela fez 60 e aposentou, achava ela que talvez devesse parar, e a sobrinhada achava também que ela devia, e eu insistia que poderíamos continuar por mais 10 e mais 10, enquanto estivéssemos bem, uma vez que ficar em caso, sem um compromisso do dia a dia e um passa tempo muito ruim, e no escritório, existe um vida de relacionamento com a clientela, que faz o dia passar mais depressa e quando se volta para casa faz com o descanso pareça mais justo e assim os dias, meses e anos passam muito rápido e chegamos até aqui, e com certeza vamos continuar por mais uma década talvez.
Teve ela a uns anos uma cirurgia de pâncreas, ficando pouco mais de mês de “molho”, e recentemente na véspera de Natal uma fratura no braço, que a está deixando novamente de molho em casa por aproximadamente um mês, mas o restabelecimento está em franca harmonia e retornara à atividade muito logo.
Na Saga da Rosa, não podíamos de esquecer entre suas atividades de cozinhar um bom molho de tomate com carte, para podermos saborear com pão mesmo antes do macarrão ficar pronto, não podemos esquecer do famoso pudim da rosa, que tem feito a família ficar ansioso pelos finais de ano, quando ela costuma fazer para atender a demanda da família toda e de alguns amigos ainda.
É certo que seu pudim tinha que deixar a fama da família para a fama da cidade e assim através do grande medido cardiologista e clinico geral Dr. Flavio, apreciador de seu pudim acabou sendo servido em sua residência e em sua atividade filantrópica da casa da Benção, nos jantares beneficente, onde Dr. Flavio encomendava e Rosa fazia doação dos famosos pudins, que sempre são esperados com ansiedade, quando se imagina que o mesmo vai chegar.
Outras comidas da Rosa sempre chamaram a atenção, como as almondegas, suas carnes de panela, tudo para ser consumida com bom vinho, que a família dela sempre gostou e sempre passou para a frente estes costumes, assim falar da rosa, lembrar da rosa e lembrar de bons sabores a serem degustados.
No discorrer das descrições falamos em tiazona, Mãezona, como se ela fosse uma pessoa grande, que realmente ela também é, mas a finalidade é ampliar o tamanho do coração e não dar este adjetivo como pejorativo. 17/01/2020.