Sem cheiro e sem sabor !
Olhando o agitado tremular das bananeiras no quintal, a brisa que corre escorregadia no terraço e, os cachorros que latem desesperados a comunicarem não sabem o quê, ninguém sabe! O sol que se debruça de raspilha, que escorrega sua luz pela parede e assim impede a noite chegar com antecedência, o almoço que não chega e, quase mata de fome, mas educadamente se espera com impaciência.
A casa, por enquanto vazia, da esquerda, a casa solitária e triste da direita, e nessa mesa de mármore se busca a melhor companhia!
A serra elétrica de ferro que irrompe o silêncio da tarde, a motocicleta sem silenciador que atiça os cachorros , que latem, latem e latem, mas que comunicam nada. E o carro que passa, mas, que não se mostra, dado o muro de pedra que nos priva do mundo cá fora. Que nos priva do resto da alameda.
Olhando o agitado tremular das bananeiras no quintal, a brisa que corre escorregadia no terraço e, os cachorros que latem desesperados a comunicarem não sabem o quê, ninguém sabe! O sol que se debruça de raspilha, que escorrega sua luz pela parede e assim impede a noite chegar com antecedência, o almoço que não chega e, quase mata de fome, mas educadamente se espera com impaciência.
A casa, por enquanto vazia, da esquerda, a casa solitária e triste da direita, e nessa mesa de mármore se busca a melhor companhia!
A serra elétrica de ferro que irrompe o silêncio da tarde, a motocicleta sem silenciador que atiça os cachorros , que latem, latem e latem, mas que comunicam nada. E o carro que passa, mas, que não se mostra, dado o muro de pedra que nos priva do mundo cá fora. Que nos priva do resto da alameda.
Ouve-se bem de longe grilos e rãs que cantam a desconhecida música dos insetos. - Será que vai chover? - quem sabe!
A mulher, meu amor, que liga pra saber se a receita médica chegou. E sem paladar e sem olfato, aguarda-se nova hora de recomeçar o tal : in the home office., ou seria melhor dizer logo; trabalho em casa. Parece que não, talvez não pareça tão modal, tão chique, tão pra frente!
O mundo não parou, mas, perdeu velocidade e, quem iria adivinhar? A natureza
não respeita a ninguém e sempre! sempre! procura seu lugar (...)
Uma serra elétrica de ferro que corta o silêncio, as folhas das bananeiras do quintal que tremulam como numa disputa de beldades, umas sobrepostas às outras, o vento fresco e fraco que apareceu com a ausência do sol, o almoço! finalmente o almoço: carne ao molho, arroz , queijo coalho assado, salada fresca: rúculas, tomates, ervilhas, milhos, alfaces, cenouras, beterrabas, acelgas, hortelãs - certamente azeite e vinagre balsâmico, pela cor é balsâmico - suco de goiaba com limão e hortelã - Não há qualquer gosto, sabor, nem cheiro, mas, mata a fome, a cor é bonita e o amor com o qual foi feito faz lembrar, num esforço hercúleo, o sabor que as coisas tem e, por enquanto, tinham.
- Pronto! Almoço encerrado. Toca o telefone, toca; a portadora aguarda do outro lado da cidade a receita a ser assinada pelo doutor. E em profunda espera, espera-se o médico gastar sua empunhadura medicinal e assinar...
O vento sopra são 15h15minhs, hoje não foi possível ler todos os jornais, pelo menos não o do Comércio ( JC ), só o Valor, mas, da pra fazer até o final do dia. – Afinal é vício e, pra isso precisa-se de tratamento, porém primeiro de consciência, ou no mínimo de ciência, mas deve ser espontânea e, sinceramente, não é o caso, pelo menos parece que não convém! Sem café ou sobremesa, o que adiantaria, sem cheiro e sem gosto, é ir pro tal: In the homem office, garantir tudo de novo, pra ver o gentil tremular das bananeiras no quintal, a raspilha de sol e, os cães que latem ou ladram, sem dizerem nada. Até porque a quarentena só acaba após o quatorze dias.
- Eita! começou a chover, foi o canto dos répiteis!
Taciano Minervino.
Jaboatão - 12.05.2020