Garçom, o mesmo de sempre, por favor. (um pesadelo com gelo)
03:20 am, eu não sei nomear o sentimento que está me fazendo companhia nessa madrugada, talvez seja alívio? Preocupação? Medo? Eu realmente não sei, talvez seja uma mistura de todos esses, alívio por conseguir dormir umas horas, mas esse alívio se esvai na medida que lembro o lugar onde eu dormi, abraçada nos confortantes braços da mamãe, preocupação por imaginar que talvez eu não consiga mais dormir sozinha novamente, medo porque mesmo dormindo com a pessoa que eu mais amo no mundo, eu tive pesadelos, o último da fila que me fez despertar amedrontada, em uma madrugada de maio qualquer, se passava aqui mesmo, na minha casa, no meu quarto, no pesadelo eu estava dormindo tranquila em minha minha cama e após ouvir diversas vezes o mesmo zumbido, acordava, eu tateava e achava meu celular, ligava a lanterna e via que o barulho estava vindo do notebook (porque assim como no pesadelo e na realidade, a minha cama sempre é uma bagunça, com livros, cadernos, canetas e o notebook). Esclarecido isso, a Alessandra do sonho levantava já em alerta e acendia a luz, voltava para a cama e começava a examinar o notebook, eu não sei explicar o que fiz de errado mas uma parte do notebook se desmontou e caiu em cima da cama, nesse momento milhares de abelhas saíam e então eu percebia que aquela era a colmeia delas e eu tinha feito besteira, eu jogava o notebook em cima da cama e corria para a porta e tentava abrir e me dava conta que estava trancada, no sonho eu tinha uma lembrança de que na noite anterior eu dizia pra alguém ,que não consigo lembrar quem é, que eu estava cansada de levantar nas madrugadas para comer e dizia para esse alguém trancar a porta pelo lado de fora e só abrir quando amanhecesse, a lembrança caía como uma luva para explicar o porquê da minha falha em abrir a porta. No sonho eu não conseguia gritar por ajuda e quanto mais tempo passava, mais abelhas apareciam e eu já não conseguia enxergar o forro do meu quarto, o mais estranho era que eu não era atacada, mas eu sentia meu corpo ficar paralisado, como se eu estivesse tendo uma paralisia do sono, com meu cérebro totalmente acordado, mas meus músculos todos adormecidos, a única diferença era que eu estava em pé e acordada, nisso tudo eu comecei a perceber que tinha parado em frente ao espelho do guarda-roupa e era agoniante me olhar e não conseguir ao menos piscar os olhos e comecei a sentir mãos no meu pescoço e cada vez mais elas iam apertando, não sei em que momento aconteceu, mas eu podia ver pelo espelho uma silhueta do que parecia ser um homem com chapéu e ele fazia movimentos de esganadura e eu sentia tudo no meu pescoço, eu me sentia perdendo os sentidos e com isso eu acordei, não vou negar que fiquei com a sensação das mãos no pescoço e que o caminho do quarto da mamãe para o meu foi um dos mais torturantes e o medo era visível nos meus olhos, não vou negar também que escrevendo esse texto perdi a conta de quantas vezes levantei a cabeça para olhar o espelho e da quantidade de abas que abri no Google na busca por um significado para o pesadelo, talvez eu só queira ler que alguém já passou por isso também e que eu não estou ficando louca. Será que dormir de forma fracionada pode deixar uma pessoa louca? Eu quero responder que não mas lembro do filme “ A hora do pesadelo” e automaticamente a música do “1, 2, 3 e 4” vem no meu subconsciente e por mais estranho que pareça, eu ri da minha própria mediocridade, mas apesar de rir pelo motivo errado, eu quero ter a esperança de que no mínimo vai dar tudo certo depois que der tudo errado.
Alessandra Barbosa.