Geolocalização

- Acho que perdi meu celular - disse Tânia nervosa, após revirar a bolsa ao chegar ao escritório, segunda de manhã.

- Onde foi o último lugar em que lembra tê-lo visto? - Indaguei.

Ela franziu a testa, expressão de desgosto consigo mesma.

- Creio que... no táxi, no caminho para cá.

- Se era de alguma empresa, podemos tentar ligar para a central e ver se devolveram - sugeri.

- Não era de uma empresa. Era de um particular; não me lembro dos detalhes, táxis são todos iguais! - Exasperou-se.

- Calma. Vamos começar pelo óbvio: ligar para o número e ver se alguém atende.

Peguei meu próprio celular e liguei para o número de Tânia. Depois de tocar certo número de vezes, ouvi a mensagem de que a ligação estava sendo encaminhada para a caixa postal. Repeti o procedimento mais duas vezes, com os mesmos resultados.

- O óbvio não está funcionando? - Indagou Tânia, apreensiva.

- Vamos tentar a geolocalização - repliquei, abrindo meu laptop. - Se você entrar com sua conta online, poderemos ter uma ideia de onde o celular está agora.

Cedi o lugar para Tânia e ela acessou sua conta. No mapa que se abriu, um círculo mostrava a região onde o aparelho fora rastreado pela última vez; o centro do círculo era, precisamente, o nosso escritório.

- Diacho! - Exclamou Tânia. - Meu celular está aqui?

- Ou em algum lugar muito próximo - avaliei. - Escute, você não chegou com um saco de batatas fritas na mão? O que fez com ele?

- Deixei na copa, quando cheguei. Está pela metade - redarguiu ela, erguendo-se.

Fomos até a copa.

O celular, que estava no silencioso, havia caído dentro da embalagem de salgadinhos.

- [10-05-2020]