Eu virei saudade
04:50 am, eu já tinha desistido de tentar colocar tudo que eu sinto em palavras, mas um ex-lobo solitário me incentivou a voltar a jogar meus pensamentos insanos em meras palavras. Um dia eu escrevo sobre ele.
Talvez eu devesse nomear esse texto como “saudade”, saudade daquilo que um dia eu fui, quando me olho no espelho enxergo apenas fragmentos da pessoa que eu era, do olhar que demonstrava que eu tinha esperança. Hoje eu só consigo ter aquelas vozes, que se tornaram frequentes em minha cabeça, pode parecer meio insano, mas as vozes disputam entre si e o prêmio é me derrubar, me fazer perder o controle. É difícil ter que falar que não consigo nem dormir, uma coisa simples e que me traz tanta agonia. É difícil falar que cada vez que eu durmo tenho mais pesadelos que uma pessoa na sua vida toda. Você já teve a sensação de se refazer várias vezes e se perder pelo caminho e agora não saber quem você é? Você sabe o quão difícil é ser alguém que não sabe quem é? Então...
Eu sempre tive bloqueios, de todos os tipos, mas dessa vez eu sinto que é diferente, do tipo que bloqueia minha alma e eu só enxergo os dias passando, as estações mudando, tudo ao meu redor mudando, menos eu, eu fico estagnada com medo que me perguntem como estou porque não tenho resposta. Só tenho resposta para o sentimento de vazio que chega me abraçando apertado, como se eu fosse “amada” apenas por ele, onde ele tenta me mostrar que sem ele eu não consigo nem imaginar quem eu seria, esse vazio me leva para passear, mas os passeios são dentro de mim e em locais que não quero ir, esse vazio dissimulado não me deixa dormir, me faz acreditar em falácias, acrescentando perguntas das quais não quero as respostas. Então, a saudade que eu tenho é de mim, do que eu era antes de mergulhar no vazio.
Alessandra Barbosa.