Meu filho, me dê um abraço
Dona Ivone, naquele domingo, Dia das Mães, esperava muito, muito ansiosa a visita de seu único filho, o Dr. Gustavo, neurocirurgião da Santa Casa de Misericórdia da cidadezinha de Aparecida. Afinal aquele era um dia especial e, evidentemente, que ele não deixaria passar a data em branco. Aliás, ia ter longa conversa com ele, pois há muito tempo não a visitava, nem tinha tempo para lanchar com ela. Com noventa anos bem vividos, mantinha-se lúcida e um pouco perdida neste momento atual de um mundo tão globalizado. Com a cabeça branquinha e com olhos vivos, reclamava muito da tecnologia moderna. Somente o celular manuseava e com certa timidez. História de aplicativo, fazia questão de ignorar. Computador nem pensar. O celular só para falar com os netos e lhe servia de instrumento de controle para saber do filho e vice-versa. Era mãezona. Humilde e simples, educou o filho para a vida e conseguiu fazer dele um médico. Este, por sua vez, sempre teve a preocupação de ser o melhor filho.
Gustavo, mesmo casado, sempre curtia sua mãe como ninguém. Seus olhos brilhavam quando falava da progenitora e de seus caprichos, motivo de ciúme, às vezes, por parte da nora. Sempre que saía do Centro Cirúrgico, o médico ligava para a mãe, relatando-lhe sobre mais uma vida que salvara. Isso era costumeiro, o que causava admiração entre seus colegas de trabalho. Amor de mãe e filho como nunca tinham visto igual.
Dona Ivone não vivia propriamente só. O filho a deixava sob os cuidados de Sandra, uma jovem sobrinha, hoje adulta, que ela criara. De repente a sra. Ivone observou que se escasseavam as visitas do filho. Muitos mimos eram trazidos para ela, sem a presença do filho. Estranhava porque entre eles não havia segredos. Mais intrigada ficava quando chegavam as compras do mês. Vinham através de pessoas usando luvas e máscaras. Pensava com seus botões: "Gustavo pedindo, quem sabe, para que seus acadêmicos o ajudassem naquela tarefa. Não! Isso não pode ser. Ele não faria isso. Conheço meu filho." O que a intrigava mais é que as pessoas mantinham certa distância para falarem umas com as outras. Pensava, pensava e não chegava a uma conclusão. Sua cabecinha branquinha não atinava com aquele mistério.
Sandra, a sobrinha, tentava explicar-lhe que foram providências tomadas devido a um surto de doença pelo bairro. Ela só sabia que as pessoas tinham que se resguardar com máscaras e luvas. O mais, Gustavo lhe explicaria.
A casa de Dona Ivone era prática e agradável. Pequenina, acolhedora e em seus cômodos barras de segurança para que transitasse livremente sem perigo de queda. Havia uma salinha preferida sua, onde ouvia através de Cd's, músicas clássicas e vez por outra assistia na Tv. a algum filme romântico. Bem, já eram 10:00h, e nada de Gustavo. De repente quando passa pela salinha contígua à sala do som, eis que surge o filho todo sorridente e dela não se aproxima. Apenas um aceno carinhoso. Dona Ivone chorou um choro sentido e pediu-lhe um abraço. Nova decepção. Só se acalmou quando o jovem médico contou-lhe o que era uma pandemia e que o mundo quase todo passava por ela. Como deviam agir, como se comportar e que os médicos é que estavam na linha de frente para ajudar a combatê-la. Entendeu. Chorou mais ainda. Dessa vez de modo diferente, sei lá. Mais orgulho sentia do filho, enquanto ele lhe explicava o seu trabalho exaustivo no hospital. Emocionado, mas com certa pressa retira-se o médico proferindo palavras de carinho.
- Mãe, muitas vidas foram salvas por mim. Naquele momento de vitória eu a abraçava em pensamento, com saudade e em agradecimento por ter mãe especial como você.
Dona Ivone, naquele domingo, Dia das Mães, esperava muito, muito ansiosa a visita de seu único filho, o Dr. Gustavo, neurocirurgião da Santa Casa de Misericórdia da cidadezinha de Aparecida. Afinal aquele era um dia especial e, evidentemente, que ele não deixaria passar a data em branco. Aliás, ia ter longa conversa com ele, pois há muito tempo não a visitava, nem tinha tempo para lanchar com ela. Com noventa anos bem vividos, mantinha-se lúcida e um pouco perdida neste momento atual de um mundo tão globalizado. Com a cabeça branquinha e com olhos vivos, reclamava muito da tecnologia moderna. Somente o celular manuseava e com certa timidez. História de aplicativo, fazia questão de ignorar. Computador nem pensar. O celular só para falar com os netos e lhe servia de instrumento de controle para saber do filho e vice-versa. Era mãezona. Humilde e simples, educou o filho para a vida e conseguiu fazer dele um médico. Este, por sua vez, sempre teve a preocupação de ser o melhor filho.
Gustavo, mesmo casado, sempre curtia sua mãe como ninguém. Seus olhos brilhavam quando falava da progenitora e de seus caprichos, motivo de ciúme, às vezes, por parte da nora. Sempre que saía do Centro Cirúrgico, o médico ligava para a mãe, relatando-lhe sobre mais uma vida que salvara. Isso era costumeiro, o que causava admiração entre seus colegas de trabalho. Amor de mãe e filho como nunca tinham visto igual.
Dona Ivone não vivia propriamente só. O filho a deixava sob os cuidados de Sandra, uma jovem sobrinha, hoje adulta, que ela criara. De repente a sra. Ivone observou que se escasseavam as visitas do filho. Muitos mimos eram trazidos para ela, sem a presença do filho. Estranhava porque entre eles não havia segredos. Mais intrigada ficava quando chegavam as compras do mês. Vinham através de pessoas usando luvas e máscaras. Pensava com seus botões: "Gustavo pedindo, quem sabe, para que seus acadêmicos o ajudassem naquela tarefa. Não! Isso não pode ser. Ele não faria isso. Conheço meu filho." O que a intrigava mais é que as pessoas mantinham certa distância para falarem umas com as outras. Pensava, pensava e não chegava a uma conclusão. Sua cabecinha branquinha não atinava com aquele mistério.
Sandra, a sobrinha, tentava explicar-lhe que foram providências tomadas devido a um surto de doença pelo bairro. Ela só sabia que as pessoas tinham que se resguardar com máscaras e luvas. O mais, Gustavo lhe explicaria.
A casa de Dona Ivone era prática e agradável. Pequenina, acolhedora e em seus cômodos barras de segurança para que transitasse livremente sem perigo de queda. Havia uma salinha preferida sua, onde ouvia através de Cd's, músicas clássicas e vez por outra assistia na Tv. a algum filme romântico. Bem, já eram 10:00h, e nada de Gustavo. De repente quando passa pela salinha contígua à sala do som, eis que surge o filho todo sorridente e dela não se aproxima. Apenas um aceno carinhoso. Dona Ivone chorou um choro sentido e pediu-lhe um abraço. Nova decepção. Só se acalmou quando o jovem médico contou-lhe o que era uma pandemia e que o mundo quase todo passava por ela. Como deviam agir, como se comportar e que os médicos é que estavam na linha de frente para ajudar a combatê-la. Entendeu. Chorou mais ainda. Dessa vez de modo diferente, sei lá. Mais orgulho sentia do filho, enquanto ele lhe explicava o seu trabalho exaustivo no hospital. Emocionado, mas com certa pressa retira-se o médico proferindo palavras de carinho.
- Mãe, muitas vidas foram salvas por mim. Naquele momento de vitória eu a abraçava em pensamento, com saudade e em agradecimento por ter mãe especial como você.