A CURIOSIDADE DE TETÉA

Ela era uma senhora já de idade, que da vida tinha visto muita coisa. Morava em um bairro tranquilo em uma cidade do interior. Tinha criado seus filhos, agora tinha netos e não demoraria muito para que seus bisnetos chegassem. Antes a mulher que fora lavadeira para os ricos barões dos bairros chiques, agora repousava todos os dias em sua cadeira de balanço. Sim, agora Tereza Leite da Silva, mais conhecida como Dona Tetéa deixara de lado seus dias de trabalho pesado, suas grandes andanças e até aceitara viver essa vida pacata que seus filhos queriam para ela. Entretanto o que Dona Tetéa não deixaria para traz jamais é seu esmero em saber da vida dos que estavam ao seu redor.

Véia fuxiqueira, abelhuda, mexeriqueira, indiscreta, bisbilhoteira... Eram alguns nomes que as pessoas davam a ela. Na realidade para ela não importava, não conseguiria viver em uma sociedade e estar a parte do que acontecia com as pessoas ao seu redor, apenas para que não falassem mal dela. Afinal todos falavam dela, mas quando queriam saber de alguma coisa, Dona Tetéa era a primeira a ser procurada. Ela já sabia logo, quando algum vizinho chegava como quem não quer nada em sua casa, “Olá Dona Tetéa, como tem passado?“ Todo deslocado o fofoqueiro embutido, fingindo que não estava ávido pelas fofocas do dia. Ou então a clássica frase “A senhora viu...?” Ela já sabia que depois disso viria a fofoca, que teria como preço outra fofoca em troca.

Era assim que ela se mantinha bem informada. Entre uma visita e outra, um pedestre em sua calçada, ou a chegada de seus netos para passar um tempo com a avó, ela tecia sua rede de informações, nem a própria Policia Federal era tão bem informada em seu bairro como ela. Ela era considerada o olho que tudo vê, pelos mais novos. As pestes que, às vezes, aprontavam pela rua na esperança que ninguém fosse descobri-los. Quando os moleques aprontavam dona Tetéa não tinha dúvidas, levantava-se e lentamente atravessava a rua com uma xícara em suas mãos, ia até a casa do pirralho mais próximo, e como quem só queria pedir uma xicara de açúcar emprestado contava a peraltice do garoto e de seus companheiros. O que se ouvia em seguida eram os gritos das mães indignadas com seus filhos, crianças pedindo desculpas e uma baita confusão.

Mas ela não se importava, tudo o que queria era a paz e a boa convivência em sua rua. Era assim que ela se referia a sua vizinhança afinal como moradora mais velha, tinha mais do que o dever de zelar pela boa convivência de todos. E lá estava ela, mais um dia sentada em sua garagem, com seu interminável crochê no colo e as agulhas mexendo-se em movimentos ora lentos, ora ágeis. Tudo dependia da intensidade do que acontecia em sua rua. Seus olhos eram como de uma águia, observando cada carro que passava, quem chegava e quem saia. Até que ela olhou para sua frente e viu, algo em cima do muro semi-acabado de seu vizinho da frente, estava lá.

Era um tijolo, vermelho desses de seis furos, todo completinho. Dai você vai se perguntar o que tem de estranho nisso? É um tijolo em um muro, e muros são feitos de tijolos, não são? Até que são, Dona Tetéa tinha plena consciência disso. O curioso aqui é que a obra do mudo já havia parado, seu Nozinho só iria rebocar depois O muro estava perfeitinho, exceto por um único grupo de ferros, desses de fazer coluna de sustentação, que passava da altura restante do muro. E Justamente em um desses ferros é que pendia o bendito tijolo. Ele estava lá pendurado, por um de seus furos que havia sido encaixado em uma das pontas de um dos ferros, totalmente desconexo do restante do muro.

Ela ajustou seus óculos, pois queria ter certeza do que vira. Não era possível que seu Nozinho tenha tido tamanha ação de imprudência, deixar um tijolo assim solto? Ele poderia cair e acabar ferindo alguma das pestes que corriam pela rua, ou até mesmo um pai de família, um pedestre desavisado. Isso era algo que ela teria que resolver, pelo bem de sua vizinhança. Dona Tetéa então ficou lá fazendo crochê e esperando seu Nozinho chegar do trabalho. Todos os dias ele chegava as 18:20, em seu caminhão vermelho, abria os grandes portões de madeira, colocava seu caminhão para dentro, saia da garagem e entrava em sua casa amarela.

A medida que a tarde foi passando, Dona Tetéa tentava se distrair do tijolo no muro, era algo que ela até conseguia, mas cada vez que passava seu olhar pela rua novamente, era lá que seus olhos se fixavam: O tijolo no muro, único reinando sobre todo o muro. Por que alguém colocaria esse tijolo ali? Qual o propósito disso? Se tinha uma coisa que ela tinha certeza era que tudo na vida tinha um propósito, às vezes, era algo importante outras algo inútil. Mas com certeza haveria de existir um motivo para o tijolo estar ali. Ela olhou em seu relógio, eram 18:20 a qualquer momento o dono do muro chegaria, nem a pausa para seu café as 17:30 fizera com medo que algo acontecesse e justo naquele dia; seu Nozinho chegasse mais cedo.

Já haviam se passado vinte minutos e nada de seu Nozinho aparecer. Ela achou isso estranho, mas resolveu esperar mais um pouco. Mais trinta minutos e nada, ela não aguentava mais. Levantou-se e foi até a porta da casa dele. “Ô de casa... Seu Nozinho... Cadê o senhor home?” Ela chamava até que uma das crianças que ainda perambulavam pela rua se aproximou “Dona Tetéa? Tá procurando seu Nozinho?” As crianças de hoje em dia fazem cada pergunta, por que mais ela estaria ali, na porta dele chamando por ele? “Tô peste” a criança lhe olhou um pouco com, raiva “Só pode ser pra fazer fofoca né veia fuxiqueira... Pois vai ter que esperar ele foi para a praia e só volta na segunda” “Veia fuxiqueira da bexiga: Pivete mal educado, a ingrata da tua mãe não te deu educação não, foi filho do demo” Ela respondeu e deu as costas ao pivete que ficou morrendo de rir.

Como assim seu Nozinho foi a praia, mas com que dinheiro? O velho vivia reclamando que não tinha dinheiro para nada. Só podia estar se escorando em alguém, mas ainda era sexta feira e ela teria que esperar até segunda para descobrir o porquê do tijolo estar em cima do muro. Era melhor entrar e assistir ao jornal e sua novela, era hoje que Maria Cristina ia descobrir que seu marido a traia. O que qualquer lesma já sabia. Ela deu uma última olhada para o tijolo, lá sozinho em cima do muro e entrou em sua casa.

No dia seguinte ela acordou, tomou seu café e foi para sua garagem, sentou-se em sua cadeira de balanço e começou a tricotar. Assim como fazia em todos os dias, mas seus olhos não saiam de cima do tijolo. La estava ele reinando sobre a cabeça de todos que passavam. Era sábado, o dia que teria mais crianças pela rua, casais de namorados apaixonados tomando sorvete, pessoas passeando com seus cachorros, o fluxo de pedestres abaixo do muro seria intenso. A qualquer momento o tijolo poderia acertar qualquer um deles, por isso era melhor ela ficar de olho naquele tijolo.

Cada pessoa que passava ela dizia “Cuidado com o tijolo... Não brinca ai menino, não está vendo o tijolo?... E muro lá é lugar de namorar seus pervertidos! Num tá vendo o tijolo logo em cima de vocês... Esse cachorro tinha outro canto não para fazer suas necessidades? Não tá vendo que o tijolo pode cair logo ai?” Todos passavam se divertindo, alguns diziam que ela havia caducado de vez, outros só cumprimentavam e passavam rindo. É façam pouco caso de mim, ela pensava, na hora que esse tijolo cair todo mundo vai ver que eu estava certa. Eu bem que queria errar dessa vez, só pra não ver a cabeça de um desses pivetes arrebentada pelo tijolo. Esse tijolo infame, assassino! A culpa seria de seu Nozinho por ser tão irresponsável.

No fim daquela tarde, uma de suas vizinhas e amigas, dona Flor veio lhe visitar “Tetéa mulher tão falando que tu caducou de vez” ô bubônica de povo faladeiro. Depois a mexeriqueira era ela. Então explicou o ocorrido a Flor que de pronto olhou para o tijolo e logo falou “Realmente isso é estranho, por causa de que alguém deixaria um tijolo ali?” As duas passaram o resto da tarde ali na garagem olhando para o tijolo. A noite passou e Tetéa não tirava o tijolo de sua cabeça. Antes de ir para seu quarto, ela olhou por sua janela da sala e viu lá novamente o tijolo, pairando sobre o muro. No escuro não dava para ver os ferros, então parecia mais um tijolo fantasma. Ave Maria que era melhor ela ir dormir.

No domingo foi o dia do almoço em família. Era o dia em que seus filhos sempre vinham almoçar com ela, passar a tarde conversando a mesa e tomando um café quente. Seus netos mais novos se misturavam aos pivetes da rua e logo aprontavam mil e uma peraltices. Era até engraçado vê-los tão sorridentes com as bochechas vermelhas. Criança tinha mesmo que correr, hoje em dia fica tudo trancada em uns apartamentos pequenos, só fazem estudar. O que sua neta mais velha não fazia mesmo, essa só queria saber de namorar, da hora que chegava até a que saia estava lá com a cara enfiada naquele celular. Ainda assim, mesmo com tudo isso ao seu redor, ela não esquecia aquele tijolo, e se ele acertasse justo um de seus netos?

“Mamãe, hoje a senhora não parece normal... Está falando menos que seu padrão” Sua filha falou. Ela estava era ansiosa para que esse dia acabasse logo, afinal na segunda-feira, a essa hora, seu Nozinho já estaria de volta. O mistério do tijolo estava com as horas contadas. Ela até podia sentir uma animação crescendo dentro dela. Voltou a sua concentração para seus filhos e netos. Não iria falar de seu tijolo para nenhum deles, ela já sabia o que falariam sobre isso, “mamãe deixe de se meter na vida dos outros... Em que esse tijolo afeta sua vida?” Santa ignorância a deles. A noite quando finalmente ficou só, ela parou um tempo e ficou olhando para o tijolo. Por quais motivos possíveis ele estaria ali? Será que alguém colocou por brincadeira e esqueceu de tirar? Ou será que seu Nozinho estava planejando aumentar seu muro e essa seria a nova altura?

A segunda-feira amanheceu radiante. Tetéa foi até sua penteadeira e arrumou seus cabelos, passou um batom e colocou seu melhor vestido de dia de semana. Hoje ela descobriria o motivo daquele tijolo estar lá no muro. Ela tomou seu café da amanhã reforçado e foi logo para sua garagem fazer seu crochê. A cada minuto que passava ela se sentia mais ansiosa, até parecia que era natal. Ela decidira que não faria rodeios, simplesmente chegaria e perguntaria. As pessoas passavam por sua rua e ela dizia “Bom dia... Como foi o fim de semana?... Parece que a semana será boa!” Todos então passavam e ela podia ouvir seus cochichos, “A veia hoje tá de bom humor, coisa boa não pode ser”. Ela esperou, esperou e esperou mais um pouco, e quando ela já ia fazer uma trégua para almoçar, pois já passava de meio dia, ela viu lá longe o caminhão vermelho fazendo a curva. Quem vai para a praia em um caminhão?

Ela então atravessou a rua e assim que o Sr. Nozinho fechou sua garagem e fez a volta para entrar em casa, deu logo de cara com dona Tetéa. “Boa tarde seu nozinho?” Ele a olhou desconfiado e então respondeu “boa tarde dona Tetéa” “Como foi de viagem? Tomou muito banho de praia” Ele então sorriu e disse “Na verdade não estava na praia” Como assim ele não estava na praia? Então onde ele foi por todo o fim de semana? Mas ela não tinha tempo para pensar nisso agora. Perguntaria depois a alguém melhor informado que aquele pivete mal educado “Então seu nozinho tenho uma questão muito importante para lhe perguntar... Esse tijolo em seu muro...” ele olhou para o muro como quem se perguntava que tijolo? “Sim o que tem ele?”

Ele não via o que havia de errado “Por que o senhor o colocou ai?” Ele começou a rir, e depois do que pareceu uma eternidade respondeu “É por isso que a senhora veio até aqui? “Por que mais seria? “Sim, não vejo lógica nele está ai, aliás vejo apenas deslógica. Ele pode cair e machucar alguém...” ela argumentou. “Olhe Dona Tetéa a verdade é que eu não sei o porque desse tijolo estar ai, foi meu pedreiro que colocou, e nunca perguntei o motivo” Ôh homem inútil esse! Como assim nunca perguntou?

Dona Tetéa teve que conversar mais alguns minutos antes de voltar para sua casa, sem a resposta tão aguardada. Ela tinha se arrumado tanto para nada. Passou o resto da tarde lá, sentada fazendo seu crochê lentamente. Naquele dia nada parecia ter graça, ela esperou anoitecer e foi para dentro de casa assistir sua novela. E antes de entrar olhou mais uma vez para o tijolo, ela só queria saber o por que dele estar ali. E quando ela foi dormir teve um sonho estranho, era um tijolo gigante que corria atrás dela.

Na manhã seguinte, ela acordou com suas esperanças renovadas, não estava tudo perdido. Seu Nozinho não poderia responder o por que do tijolo estar ali já que não foi ele quem botou. Ela só teria que perguntar ao responsável por ter colocado o famigerado tijolo ali. Ela precisava falar com esse pedreiro. Ela se arrumou, mais cedo e depois foi para a casa de seu Nozinho. “Bom dia seu Nozinho?” ela chamou do portão “Bom dia dona Tetéa, em que posso ajudá-la?” ele veio até a grade. “Eu queria o telefone de seu pedreiro... Vi o trabalho dele e é muito bom... Vou fazer uma pequena reforma” ele foi até lá dentro e voltou com um papel “Tome Dona Tetéa, esse é o endereço dele, mas vou logo dizendo que ele mora bem longe”.

Ela voltou para casa com o endereço do pedreiro em outra cidade. Era uma cidade próxima, deveria dar uma hora de viagem. E agora o que ela iria fazer? Não tinha telefone no papelzinho, todo mundo tem telefone hoje em dia ela pensou... Mas o pedreiro não tinha. Como diabos ela ia achar esse homem: Zé Bila? Ele que seria a resposta para seus problemas. Sentou-se e foi fazer seu crochê, e agora como iria até lá? Ela não poderia pegar um ônibus até lá, precisaria que alguém a levasse e até já sabia quem seria.

No dia seguinte sua filha estava logo cedo em seu portão. “Mamãe, eu não me lembro desse tio que vamos visitar... De que foi mesmo que a senhora disse que ele estava doente?” Ô menina curiosa, “tu não vai lembrar não... Entra logo no carro que quanto antes a gente resolver isso melhor”. A filha dela deu então partida no carro e foi se distanciando da rua, Tetéa enquanto isso olhava para o tijolo desafiador. Era hoje que ela descobriria essa resposta. A viagem até Escada não era longa. Sua filha foi lhe contando as últimas que suas crias tinham aprontado. Seus netos eram inteligentes e sempre inventavam uma novidade para deixar a mãe deles louca. Só saber disso já serviu para divertir sua viagem.

Quando chegou em lá era basicamente uma vila pequena e pacata, lá não seria tão difícil assim achar o tal Zé Bila. Elas pararam o carro perto do que parecia ser a prefeitura e foram pedir informação a um grupo de senhores que jogavam dama em baixo de uma árvore. “O senhor sabe como acho esse endereço?” Um dos velhinhos pegou o papel de sua mão, olhou bem para o endereço e para o nome que estava nele, coçou sua barba “A senhora quer achar Zé Bila? Oxe dona vai ser difícil... Ele tá trabalhando na cidade numa construção de um desses arranha-céu, só volta no fim do mês” Por que isso tinha que ser tão difícil? “E o senhor sabe onde fica essa construção?” a filha dela então se meteu na história “Ô mãe se ele tá trabalhando então não está doente” Olhe dona se ele tá doente eu não sei, mas essa construção fica em frente a prefeitura.”

Agora danou-se, ela voltou para o carro com sua filha fazendo mil perguntas. Sua cabeça estava um nó, como ela ia descobrir o motivo do tijolo está lá? “Mamãe?” Era sua filha chamando, ela ia querer respostas e agora? “O que é menina?” Por motivo algum ela contaria que fora até la para saber do tijolo. “Mamãe não temos nenhum tio Zé Bila não é?” ela tinha sido pega “Não” foi só o que ela respondeu “Então mamãe quem é esse Zé Bila?” Ela continuou calada “Mamãe... Ele é algum namorado seu?” Ela continuou calada, até parece que nessa idade ia arrumar um namorado, já havia cumprido seu papel na sociedade, casando e tendo filhos, agora seria muito melhor um relacionamento sem nada sério.

Quando chegou em casa ela agora se perguntava como iria achar esse Zé Bila. Ela teria que esperar um mês inteiro até conseguir falar com ele, e ainda assim não tinha certeza de quando o encontraria em casa. As coisas agora estavam complicadas, ela não podia esperar um mês inteiro para descobrir o porque desse tijolo estar lá, reinando sobre todos em cima do muro. Ela levou o dia inteiro com essa história de ir até Escada, de lá sua filha fez questão de levá-la para almoçar, depois ir ver seus netos, tomar um cafezinho e por ai vai. Quando chegou em casa não tinha nem mais graça.

Naquela noite ela voltou a ter sonhos com o tijolo, que agora era um gigante e corria atrás dela gritando “Por que estou aqui?” Tetéa acordou decidida descobrir o motivo que aquele tijolo estava lá. Ela se arrumou e foi para a parada de ônibus, teria que ir até o centro onde ficava a prefeitura. Isso iria demorar, mas fazer o que? O mistério do tijolo precisava ser resolvido. Perto de onze horas ela finalmente estava em frente a prefeitura a procura do tal prédio.

Quando chegou lá ela viu um prédio em construção, e logo ao lado dele mais dois, qual deles seria o que Zé Bila trabalhava? Ela foi até o primeiro, tocou a campainha da obra e um rapaz veio atender: ”É aqui que Zé Bila trabalha?” A resposta foi não, ela então se dirigiu para a segunda obra dessa vez quem atendeu foi um senhor, será que ele era Zé Bila? ”É aqui que Zé Bila trabalha?” a resposta foi negativa novamente. Ela então foi para a terceira obra só poderia ser essa ”É aqui que Zé Bila trabalha?” Sim, ela ouviu um sim.

Alguns minutos depois ela estava lá dentro da obra com um capacete desses de plástico sobre sua cabeça. Quando um jovem alto e bonito se aproximou. “É a senhora que está procurando por mim?” Ele era Zé bila? Nossa ela nunca pensou que estivesse na busca por um homem tão bonito. “Foi você que fez o muro de seu Nozinho?” ele a olhou curioso “Não esse foi meu pai, Sou Zé Bila filho.” Então não era ele “E onde posso encontrar seu pai? temos negócios inacabados” O moço olhou para ela com curiosidade “A senhora é mais uma delas né? Pense num veio safado Vou dar o endereço para senhora um momento”.

Alguns minutos depois Tetéa estava saindo da obra com o tal endereço e para sua alegria ainda ficava na cidade e perto de onde ela estava. Ela então saiu andando até uma lanchonete que tinha visto anteriormente, comeu um sanduiche muito ruim por sinal, se informou com a atendente como chegar até o tal endereço. A mulher lhe olhou com solidariedade e ensinou o caminho. Que ela foi seguindo, ainda bem que apesar de já ser velha ela era forte. Bem uma hora depois disso ela estava lá na rua anotada. E o endereço a levou até um cemitério.

Meu Deus Zé Bila virou coveiro! Pensou ela, e foi entrando no cemitério a procura do coveiro Zé Bila. Ela então achou um senhor de idade trabalhando em um canto. “O senhor é Zé Bila?” O senhor virou-se assustado “Vixe Nossa Senhora, a Senhora num pode chegar assim de fininho aqui em cemitério não” parecia mais que ele tinha visto uma alma penada. Estou procurando Zé Bila, o filho dele disse que eu poderia acha-lo aqui” O senhor olhou para ela de cima a baixo “ô homem trabalhador esse Zé Bila, vou levar a senhora até ele agora.”

Eles foram percorrendo os caminhos, hora mais largos, hora mais estreitos. Onde ela fora se meter, mas agora estava cada vez mais perto da resposta? O Senhor parou em frente a uma lápide e disse “É aqui senhora, pode chorar como todas as outras” é aqui? Como assim? Ela olhou para a lápide e leu “Aqui Jaz José Eustáquio da Silva, mas conhecido como Zé Bila, pai dedicado e amante de muitas mulheres...” O resto não interessava. Ele estava morto, e o desgraçado levou com ele seu segredo.

Ela deu as costas e saiu de lá, sua cabeça doía muito, tinha andado o dia todo em busca do tal Zé Bila, só para no final o homem ter morrido. Ela agora descia do ônibus, em sua volta para casa. A cidade nunca pareceu tão quente, ô vida desfortunada. Ela passou em frente as casas tão conhecidas, todos falavam com ela “Boa noite dona Tetéa... a senhora viu...” Ela foi seguindo até sua casa e chegando lá virou-se para olhar o Tijolo, ele devia está lá rindo da cara dela, ele com certeza sabia o porque de está lá.

E o que ela viu foi pior ainda, o tijolo não estava mais lá, ela olhou para todos os lados e viu no chão aos pés do muro os cacos do tijolo quebrado. O que será que aconteceu? Assim como a possibilidade de saber a história por trás do tijolo, ele também se foi. Agora estava ela sem a resposta e sem o tijolo. Foi entrar em sua casa quando viu, aquilo era a Clarinha filha da Gerusa saindo de um carro azul? E quem era aquele que estava com ela? A menina estava com um sorriso bobo no rosto, com certeza coisa boa não estava fazendo. Amanhã teria que visitar sua amiga Gerusa para saber.

Larissa C Oliveira
Enviado por Larissa C Oliveira em 08/05/2020
Reeditado em 15/07/2020
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