Quem mexeu nas bananas?
Quando chegamos de viagem, depois de dez dias fora de casa, a pri-meira coisa que fiz foi abri as janelas. A casa ficou mais alegre. Em com-pensação, fiquei intrigado ao perceber algo bastante incomum em cima da mesa da cozinha. Apertei o braço de minha mulher e disse:
- Veja isto!
Ela correu os olhos através da mesa, e viu que as bananas estavam todas roídas. Ela disse: “
- Quem fez isso?
-Não sei!
-Deve ter sido ratos. Ela falou.
- Não! Isto não parece coisa de rato.
As bananas estavam roídas, superficialmente. Não tinha a profundidade das mordidas que os ratos comumente fazem. Eles quando atacam ba-nanas deixam sempre buracos mais profundos. Tirei uma banana da penca, olhei com atenção e disse que poderiam ser coisas de baratas. As baratas só atacam a noite, na madrugada. Os ratos também, ela retrucou dizendo que baratas não comem bananas, e insistiu que poderia ser mesmo os ratos, e afirmou que naquele momento eles deviam estar dentro de casa, de olho em nós. Tínhamos que achá-los.
Mais tarde, voltei a cozinha e não vi sinal dos agressores. Antes de ir deitar, peguei uma banana que tínhamos trazido da viagem e a coloquei na fruteira ao lado das outras.
-Vamos deixá-la aí, quero ver se amanhã estará estragada.
Na manhã seguinte, vimos que a nova banana estava roída. O que confirmava que na calada da noite ela foi atacada. Espiei em todos os lugares, mas, não encontrei nenhum sinal que permitisse desvendar o mistério das bananas roídas. A noite deixamos algumas bananas na fruteira. Mas, pela manhã quando me levantei, não havia nem sinal, as frutas estavam intactas. Pensei que devido a nossa presença na casa, desistiram das bananas. A noite não vimos nenhum sinal deles. Mas, na manhã seguinte, entrei na cozinha e vi minha mulher olhando fixamente uma banana.
- O que é que você está vendo aí? Perguntei.
- Umas formigas. Parece que estão roendo as bananas.
Eram duas ou três formiguinhas ruivas que ficaram nas bananas, mesmo depois que suas companheiras foram embora. Deviam ter se esquecido de voltar para casa, pois não vi nenhuma no chão, andando em trilhas ou em bandos. Estava resolvido o mistério. As formigas eram as autoras daqueles estragos nas bananas.
Na noite seguinte, aí pelas dez horas, entrei na cozinha e vi que as formigas estavam de volta. Elas que só atacavam na madrugada, resolve-ram agir mais cedo. Milhares de formiguinhas cobriam as bananas, devo-rando-as, roendo-as silenciosamente, mesmo com a nossa presença em casa. Peguei a penca de banana e a coloquei debaixo da torneira da pia e o ja-to de água mandou todas para o ralo. Poucas escaparam.
No outro dia voltaram. A fruteira estava vazia. Sem as bananas re-solveram ir embora. Para descobrir onde moravam, acompanhei o pequeno esquadrão que seguia em direção a porta, saindo para a rua. Vi quando entravam, alegremente, em um buraco, junto ao muro, sem saber do real perigo que corriam.