180 Quarentena
Espreitou pelo óculo e não abriu a porta. Também se acobardou de falar. Do outro lado, o amigo tocou de novo agora com maior insistência. Alguma atitude lhe era exigida para justificar a porta fechada. – Olá, Gaspar! Desculpa não abrir a porta mas não quero nenhuma espécie de proximidade social. O que queres desta vez? A campainha silenciou, o ruído dos passos na escada foi diminuindo e cessou. Bateu o portão da entrada. – Quem era? Engano? Que estranho! Ia jurar que era o Gaspar a quem pedi que me comprasse morangos uma vez que ia fazer compras. Envergonhado, abriu a porta, viu a caixa dos morangos e jogou-a da janela para o quintal do vizinho. Teria tempo de arranjar uma solução para a mentira. Não era previsível que o amigo aparecesse nas próximas semanas.