O lambedor

O doutor me disse que era a primeira vez que alguém lhe procurava em seu consultório com herpes genital na língua, aquilo lhe era muito estranho, "esse tipo de herpes, na lingua?! As pessoas precisam deixar o habito de serem lascivas"! pensou, enquanto, ainda mentalmente, formulava um diagnostico. Dizem por aí que para médico, advogado e contador não se pode mentir, então lhe avisei prontamente que aquilo era fruto das minhas lambidas em uma única buceta, limpa, escovada e cheirosa. E que era dispensável empreender esforços em me dissuadir de executá-las, hoje mesmo, ao chegar em casa, tomaria um longo banho, incontinenti daria início a um deleitoso ritual de lamber e beijar os lábios vaginais palidamente vermelhos de minha namorada, uma roseira umedecida por certa língua indomada, furiosa, selvagem...a do lambedor!

Minha língua estava inchada, o que a deixava com algumas micro feridas purulentas, como Henry Miller, eu dizia em pensamento vinte ou trinta vezes por dia “isso vai-se embora sozinho”, enquanto tirava minha pesada língua para fora da boca, diante do espelho.

O médico, positivamente perplexo, me receitou antibióticos e até uma injeção seria necessária, fiquei bastante abalado, pois tenho um enorme pavor de injeção, mas o desejo em permanecer praticando

a arte da felação me consumia, assim, seria uma forte energia para enfrentar corajosamente as consequências em minha língua lambedora.

Queria, no entanto, me expressar, dizer uma coisinha àquele médico carola, leitor dos evangelhos, que prestava serviços religiosos de capelania no Hospital São Lázaro.

“Meu caro Sr. Doutor Dermatologista, fico a imaginar Nosso Senhor Jesus como um homem-Deus, vivendo aqui neste planeta Terra, provavelmente Ele não pôde ou não foi relatado nos Evangelhos Oficiais, ou talvez, não fora para “isso” que Ele encarnou, ou simplesmente, não teve ocasião de...de poder lamber uma buceta! Certamente este hábito o teria desviado do Caminho de redenção proposto aos homens de boa fé. Assim sendo, o doutor acha que eu possa encontrar a Salvação, tendo em minha boca o gosto de uma saborosa vagina umedecida, encharcada e corredeira? Caindo de boca amiúde no talho de minha amada, sempre caudaloso e eruptivo a jorrar tantalizante? Isso mostra quão demasiado humano me tornei, estou inapto para o sacerdócio religioso, que suponho, prescreva usar a língua para fins mais espirituais...”

A injeção pareceu fazer efeito rapidamente, logo minha língua desinchou, ainda atordoado fui para casa fazer exatamente o que nunca pretendi esconder de vós: lamber a buceta de minha namorada!