APARANDO AS ARESTAS - TERCEIRO CAPÍTULO
III
As horas daquela manhã foram rapidamente devoradas pelas tarefas domésticas que mantiveram Robson ocupado até depois do meio dia.
Aboletado a sua mesa de refeições preparadas por ele mesmo, mesa cujo tampo de vidro, coberto por toalha plástica, apara copos, pratos, garrafa d’água, paliteiro, controles remotos, organizados de modo a facilitar o manuseio.
Nosso personagem deglute, com a vagareza que lhe é peculiar, seu feijão, seu arroz branco, sua salada de legumes e o bife de contra filé, encomendado lá da Pensão do Tunico, segundo ele, o melhor bife da Comunidade. E, pelo visto, Robson concorda.
Durante esse seu exercício fisiológico e espiritual, diante da mesa, ele sente que entra pela porta da sua memória a imagem da Mônica Matoso repetindo, docemente, a mensagem enviada pela madrugada.
Robson não se sentiu encorajado a mandar seus dados para a amiga, menos por desconfiança e muito mais por medo de ser convocado ou agendado para algum evento, no momento em que todos devem ficar em casa.
--- Preciso expor minha posição a respeito do que penso dessa pandemia pra essa “gatinha” –pensa Robson.
Boa parte dos jovens do mundo ainda não tomou pé da gravidade da contaminação do corona vírus. Muitos se imaginam imunes, amparados pelo vigor físico que lhes propicia a juventude