Cururu e Palavrão
SENTADO na velha cadeira de balanço, ora cochilava e ora ouvia bem baixinho o radinho de pilha sintonizado na Nova Brasil. Estava cumprindo a sua pena de isolamento. Num dos momentos que despertou do cochilo ouviu a esposa reclamando de um palavrão dito pelo neto. O neto disse o palavrão naturalmente, como todos os garotos de sua idade: - Porra, Vó, bota mais pudim... O home riu e a esposa botou mesmo uma fatia maior de pudim, absolveu o neto que ama tanto pelo involuntário palavrão.
Mas o velho lembrou-se na hora que nem caldo de cana de uma cena que teve como motivo o palavrão. Como todos os domingos ele levou a esposa à missa, logo cedo, não entrou na igrej ficou sentado num banquinho esperando e fazendo palavra cruzadas. Bom, na saída já com a esposa segurando seu braço ele viu uns garotos excitados e fazendo uma zoada danada. Curioso foi até lá e eles haviam encontrado um sapo gigante, um cururu.Um deles disse para os outros - Puta que pariu, véio, o bicho é gigantão. Nisso um beatão que ia pssando balançando as ancas, parou e começou a dar um esculacho no garoto que dissera o que ele, beato, considerou palavrão.Quando ia na metade do esculacho o véio resolveu intervir e disse em algo e bom som:
- Pera aí, seu beatão de merda, você não tem nenhum direito de destratar os garotos. Cy=uide da sua vida, o que se sabe ´pe que voê vive se insinuando para os moços. Palavrãonão é pecado. A be d verdade quem acertou na definição de palavrão foi Derci Gonçalves:
"Palavrão, mesmo que ninguém assuma, é miséria, a falta de respeito, é a sacanagem que estão fazendo com os pobres. Isso que é palavrão".
Mas o beatão já ia longe assustado. Inté.