Desventuras de Um Técnico - Temporada 2015 - Parte III - Regresso e Demissão
Assim que regressei do Chile, descobri que todo o departamento de futebol havia se demitido devido aos protestos pela má administração do clube pelo presidente e notei uma certa má vontade dos novos dirigentes com relação ao meu trabalho.
O campeonato havia recomeçado e a campanha do time continuava inconstante, embora tenha terminado o primeiro turno fora da zona do rebaixamento.
O segundo turno começou com claros indícios de que dificilmente permaneceria no Brasil de Pelotas até o fim do campeonato.
A participação na Copa do Brasil agravou ainda mais as coisas. Foram duas partidas horríveis contra o Oeste e uma prematura desclassificação da pior forma possível: nenhuma vitória e nenhum gol marcado com direito a um humilhante 4 x 0 no jogo de volta.
Por mais que me esforçasse em motivar meus jogadores e pela maioria dos reforços que decepcionaram com exceções de Wescley e Lucas Santos que brigavam pela Bola de Prata em suas posições, sabia que minha demissão era iminente.
E ela veio mesmo conseguindo uma grande vitória sobre o ASA de Arapiraca no Bento Freitas por 2 x 0 em uma grande atuação de Gustavo Papa e mesmo deixando o time em uma parte cômoda na tabela de classificação.
Foi um duro golpe para mim. Meus sonhos de conduzir o Brasil de Pelotas até a Série A do Brasileiro viraram fumaça.
Era hora de voltar para casa e encarar a vergonha de mais um fracasso como técnico e o pior, ter que aguentar novamente as gozações dos meus irmãos.
Pensei até mesmo em mudar de carreira e ser pedreiro ou até mesmo cozinheiro.
Saí aos prantos do Bento Freitas e fui direto ao Hotel Manta arrumar minhas coisas e conseguir uma passagem de volta para casa.
Embarquei no ônibus e fiquei pensando em como dar a notícia de que fui demitido do Brasil de Pelotas a meu pai, sabendo que se decepcionaria comigo.
Assim que cheguei em casa, contei tudo ao meu pai e ele disse apenas uma coisa para mim:
- Paciência, meu filho. Tenho a impressão de que tu não vais ficar por muito tempo aqui.
Dias depois, recebi outra carta vinda de Caxias do Sul e nela havia a proposta do presidente do Caxias para ser o novo técnico do time.
Já sabia pelos jornais que o Caxias estava atravessando uma séria crise técnica que o jogou na zona de rebaixamento e que meu nome era o primeiro da lista.
Não pensei duas vezes e aceitei o convite esperando por uma redenção na Serra Gaúcha.
E com a certeza de ter aprendido esta dura lição que a vida de técnico te ensina.
A lição de ser efetivo e não somente ser apaixonado por um clube só.
CONTINUA...