Sem Sono
Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada…
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Álvaro de Campos
Puxou da memória um tanto, para lembrar desde quando começara aquela nova fase de insônia e só pensava que era muito chato ter sono e não conseguir dormir. Isso já lhe acontecera outras vezes e sabia o quanto era desconfortável e difícil atravessar fases assim.
Ansiosa, pensava demais em tudo e se perdia em pensamentos que lhe tiravam a paz. Sentia que o mundo ao seu redor, agora mais que nunca lhe assustava, que temia por si, por todas as pessoas, por todos os seus afetos. "Quem hoje é vivo, corre perigo" lembrava a canção e sentia o quanto de verdade estava naquele verso.
Para aquietar a mente, tentava desacelerar, pensar em coisas boas e leves. Pensava nas pessoas que amava e estavam longe, fisicamente, nas que amava e estavam por perto mas distantes, nas que não voltariam mais e até nas que perderam a importância. A todas desejava um noite de sono bom e sonhos alvissareiros.
Lembrava de viver situações assim, desde a infância. Quando criança sempre perdia o sono cada vez que o pai estava fora de casa mas, bastava ouvir o trote do seu cavalo e seus passos no alpendre da casa, respirava fundo e dormia. Bons tempos, aqueles!
Agora os pensamentos tropeçavam, indo e vindo, desgovernados. Exausta, confessa ao travesseiro que precisa reaprender e exercitar muito a difícil arte de relaxar e, simplesmente, dormir.
Por fim, vence o cansaço.
Que horas são? Não sei.
Não tenho energia para estender uma mão para o relógio,
Não tenho energia para nada, para mais nada…
Só para estes versos, escritos no dia seguinte.
Álvaro de Campos
Puxou da memória um tanto, para lembrar desde quando começara aquela nova fase de insônia e só pensava que era muito chato ter sono e não conseguir dormir. Isso já lhe acontecera outras vezes e sabia o quanto era desconfortável e difícil atravessar fases assim.
Ansiosa, pensava demais em tudo e se perdia em pensamentos que lhe tiravam a paz. Sentia que o mundo ao seu redor, agora mais que nunca lhe assustava, que temia por si, por todas as pessoas, por todos os seus afetos. "Quem hoje é vivo, corre perigo" lembrava a canção e sentia o quanto de verdade estava naquele verso.
Para aquietar a mente, tentava desacelerar, pensar em coisas boas e leves. Pensava nas pessoas que amava e estavam longe, fisicamente, nas que amava e estavam por perto mas distantes, nas que não voltariam mais e até nas que perderam a importância. A todas desejava um noite de sono bom e sonhos alvissareiros.
Lembrava de viver situações assim, desde a infância. Quando criança sempre perdia o sono cada vez que o pai estava fora de casa mas, bastava ouvir o trote do seu cavalo e seus passos no alpendre da casa, respirava fundo e dormia. Bons tempos, aqueles!
Agora os pensamentos tropeçavam, indo e vindo, desgovernados. Exausta, confessa ao travesseiro que precisa reaprender e exercitar muito a difícil arte de relaxar e, simplesmente, dormir.
Por fim, vence o cansaço.