Desventuras de Um Técnico - Temporada 2015 - Parte II - Tempos Dificeis e Um Grande Desafio - A Copa América
Como o previsto, o time do Brasil de Pelotas teve um início complicado ao arrancar um sofrido 1 x 1 em casa contra o América de Natal, mas percebi que meus rapazes esforçavam-se ao máximo naquele jogo e apostei que esta equipe evoluiria ao longo do campeonato.
Á medida que o primeiro turno avançava, o time passava por altos e baixos como a vitória dramática sobre o ABC lá em Natal com Paulinho Macaíba marcando o gol da vitória no último lance do jogo e também uma derrota vergonhosa em casa para o Águia de Marabá por 3 x 0.
Ainda assim, o objetivo de não entrar na zona do rebaixamento estava sendo cumprido mesmo com tantos problemas a resolver tanto dentro como fora de campo, onde as finanças estavam em ponto crítico.
A parada para a Copa América estava se aproximando e reuni-me com meus auxiliares para traçar um cronograma de treinamentos após a folga de 10 dias dada aos jogadores.
Depois fui a sala do presidente para fazer um balanço da campanha e vi em minha mesa uma carta mandada pela Federação Peruana.
Pensei comigo mesmo: “O que a Federação Peruana quer comigo?”.
Assim que abri o envelope, quase caí pra trás. Era um convite para treinar a Seleção Peruana na Copa América que seria no Chile e sem dúvida era a chance da minha vida de ser reconhecido.
Mas fiz minhas condições em uma carta-resposta.
Uma delas era que após a Copa, eu voltaria ao Brasil para seguir treinando o Xavante.
Pra minha surpresa, recebi a resposta por e-mail. Eles toparam a proposta e lá fui eu para Lima assumir o cargo de técnico da Seleção Peruana procurando honrar a tradição de sucesso dos técnicos brasileiros iniciada por Didi e continuada por Tim.
Bem como finalmente ter minha própria trajetória de sucesso.
* * *
Assim que cheguei ao Peru, vi no olhar dos torcedores esperança que eu guiasse a Seleção para uma campanha digna.
Eles esperavam que ao menos o time ficasse entre os quatro primeiros na Copa América mesmo sabendo dos fortes adversários que teria que enfrentar.
Fiz o que pude para tentar atingir esse objetivo convocando os melhores jogadores que estavam disponíveis naquele momento.
No entanto, descobri amargamente que treinar uma seleção não era coisa das mais fáceis.
Poucos dias pra treinar, pressão da mídia e o nervosismo de estar em uma Copa tão importante.
Isso pesou infelizmente na campanha. Ainda mais com um grupo complicado com Paraguai, Bolívia e Equador.
O time classificou-se no sufoco para as quartas-de-final como um dos dois melhores terceiros e ali fomos eliminados pelos mexicanos por 2 x 0.
Tive meu lateral-esquerdo expulso ainda na primeira etapa e o goleiro falhou nos dois gols mexicanos.
Voltei ao Brasil entristecido e com a cabeça inchada de tantas críticas que sofri da mídia peruana pelo pífio desempenho.
Mas não iria desistir tão facilmente do sonho de ser técnico e seguir os passos vitoriosos da família.
Contudo, minha cota de sofrimentos não havia acabado.
E o pior ainda estava por vir.
CONTINUA...