SEDE DE DESEJOS

Seu semblante era um brilho de vivas centelhas.

A geografia de seu corpo, a própria efervescência do desejo.

A sua imagem favorecia a todos os enganos possíveis.

Entregava-se ao amor pela necessidade do prazer, não havia dentro de si a menor efusão sentimental.

Era sempre caçadora em busca do amante que lhe poderia prodigalizar as carícias fogosas que a carne lhe pedia.

Na volúpia de seus impulsos, todos os seus casos nasciam, viviam e morriam em seus braços, efêmeros como uma multidão.

Quando para alguns era o ponto de parada, para si o ponto de partida.

Suas maneiras de pensar, agir e sentir, eram totalmente destituídas do bom ou moral, do bem e do mal , ou mesmo do anormal.

Bastando-se a si mesma, jamais passou pelo batismo do sofrimento no amor.

Em seu mundo, nasceu e viveu com atriz principal - nunca foi coadjuvante - tendo como princípio, meio e fim , somente a influência de sua sede de desejos.