NA ESTAÇÃO DE TREM

NA ESTAÇÃO DE TREM

Na troca de olhares, dois seres meio que perdidos se encontram, ambos em pé, sem alvoroço, equilibrando-se no balanço da trajetória. Momento conciso, condução meio a fim. Mas o fim não era começo. O trem já havia partido e seguia o seu rumo à periferia da metrópole. A condução agora é do lado de fora. Por dentro apenas as expectativos dos itinerários. Na rápida saída da estação, trocam breves palavras procurando cada um cada qual o seu destino. Afinal, as dúvidas são assim: nunca sabemos ao certo pra onde vamos. De certo, só naquele momento é que o destino dos dois se cruzaram.

E depois diz ela, ao esboço de um sorriso e cambaleante pela pressa:
     - tchau moço!
(...)
E ele responde, minuto preciso - aos momentâneos desejo que se-lhe interessa:
     - tchau moça!
(...)

E'ntre si, nova troca de olhares em volta ao entorno, bilhete no bolso, passos cadentes, sol da manhã, cadê a saída?
Nada mais é dito e depois o sumiço.
Ele pega o ônibus pouco contrariado com sua vontade (queria ficar).
Ela vai embora pra rua de cima, esbanjando a sua vaidade (talvez também queria ficar). Mas ... quimeras à sorte, aos minutos partidos do relógio que conta o tempo, seja pro mal ou seja pro bem, o encontro foi tão e somente lá.
Fugaz encontro lá na estação de trem...

(fim)

"Bifurcados caminhos, rota de colisão, sempre haverá encontros"
"Jamais entenderemos os anseios sentidos e não experimentados"

obs: conto feito em maio/2018 que estava perdido aqui nos rascunhos da escrivaninha.