Do dia em que eu ganhei dinheiro para comer sushi e fui parar em outra cidade.

No início de 2013 eu era muito amiga de uma menina chamada Marina, eu tinha 14 anos e Marina 22, independente da diferença de idade nos dávamos muito bem a ponto de eu passar mais tempo na casa dela do que na minha. Ela morava sozinha eu um apartamento no centro de Curitiba porém sua família era de Guarapuava, então as vezes eu ia com ela para lá visitar a sua família. Numa dessas viagens a gente fez uma espécie de “social” no salão de festas da casa dela, e lá foi onde conheci o Marcelo, um garoto loiro de 16 anos que me lembrava muito o Kurt Cobain, foi atração a primeira vista, acabamos nos beijando e ficando juntos aquela noite, porém no outro dia já era a minha volta para Curitiba. Trocamos nossas redes sociais e fomos mantendo o contato, eu ia gostando dele cada dia mais e mais então no auge da minha adolescência e dos meus hormônios, eu bolei um plano: minha comida favorita é e sempre foi sushi, eu implorei pra minha mãe me mandar 60 reais pois eu estava com muita vontade de comer um japa, e não é que ela me mandou? No mesmo dia que peguei o dinheiro, comprei uma passagem só de ida para Guarapuava, que na época custava 54 reais, finalmente eu iria rever o Marcelo.

Resolvi avisar minha mãe e minha família logo após de chegar em Guarapuava, eu fui no início da tarde e a viagem durou apenas 4 horas, então eles não se deram conta, cheguei na casa do Marcelo, que também não tinha avisado a mãe dele que eu estava indo pra lá e mandei um SMS para a minha que dizia mais ou menos assim “Oi, acabei vindo para Guarapuava ver um menino que conheci da última vez que vim pra cá, estou bem, beijos” deixei o celular carregando e fui com Marcelo beber com alguns amigos dele em uma praça ao lado do cemitério. Acontece que eu bebi mais do que planejado, lembro de mencionar um elefante rosa com bolinhas roxas e eu não conseguia mais ficar de pé, então fomos para a casa de alguém que não me lembro quem era e eu fui me deitar pois tudo girava, Marcelo também logo em seguida se deitou comigo, e acordamos com o barulho de um menino que estava em um colchão ao lado vomitando em um balde, resolvemos que era hora de ir embora.

Ao chegar na casa de Marcelo, lembrei que eu tinha um celular, ao pegá-lo tinha umas 100 ligações perdidas e inúmeras mensagens de minha mãe desesperada, afinal a filha dela de 14 anos havia viajado sozinha, ido para a casa de um menino que ela não conhecia e simplesmente sumido por uma noite, essa foi apenas uma das vezes que quase matei minha mãe do coração, entrei em contato com ela, ela gritou um pouco comigo mas por fim se acalmou. Os próximos dias foram legais, saímos, bebemos muito, Marcelo me pediu em namoro, o ruim é que em alguns dias eu teria que voltar para Curitiba então tivemos uma ideia que para nós parecia ótima: ter um bebê.

Isso mesmo, nós não tínhamos empregos e nem onde cairmos mortos, mas nos gostávamos então nos empenhamos na função de tentar fazer um filho durante aqueles dias que restavam, e olha que não era fácil pois a mãe de Marcelo o fazia dormir no sofá enquanto eu dormia num colchão no chão, e ainda passava espionar várias vezes durante a noite para saber se estávamos “nos comportando”, o lance do bebê foi real, estávamos até pensando nos nomes e olhando as coisas de nenéns que faríamos nossos pais comprar para seu futuro neto ou neta. Depois de duas semanas com Marcelo em Guarapuava, foi dia de voltar, chorei bastante na rodoviária e voltei para casa, porém alguns dias depois descobri que não havia bebê algum: minha menstruação desceu. Que bom, pois depois disso nosso webnamoro durou apenas um mês, até hoje continuo feliz, as vezes bêbada porém sem bebês.