Outro dia

Após um dia longo, Lilian chega em casa e se depara com a vastidão que se encontra, ela que nunca tivera notado o quanto estava sozinha, começa adentrar no seu íntimo. São cinco horas, seu quarto parece maior que antes, os pássaros cantam lá foram, Lilian se encontra a um lugar desconhecido, um lugar oco, sem vida. Após atingir seu interior, ela se ver perdida, grita alto, e o que recebe é sua voz de volta, se desespera, e o que ela mais quer é a saída desse labirinto, "mas como poderia estar perdida um indivíduo rodeada de pessoas?" Pensou consigo mesmo. Regrediu. Ao retomar ao seu exterior, se sentiu ausente, e apesar de estar ali, sentiu falta de si mesma. Finn, seu gato cinza de olhos grandes e uma indolência incomparável, olhava para ela com um tom de compaixão. "Afinal o que encontraria esse gato em um ser tão confuso e tão distante, o que sentiria ele se não compaixão?" Refletiu.

Lilian se aproximou dele, e ele correu rapidamente. Sentindo-se mais solitária do que antes. O que resta agora? Talvez um banho gelado resolvesse a situação. Saiu. Entrou em seu banheiro, este que também ficara grande com o tamanho de sua insignificância momentânea, e logo sentiu a água gelada entrar em seus cabelos, até atingir seu interior novamente, e agora ela navegava, não nos rios em que tomava banho, mas em outros rios. o relógio marcava sete horas, o vento sacudia as cortinas que ali estava, não se escutava nada, o silêncio fazia morada ali. Depois de sair do banho, ela carregava em seus ombros, o peso da solidão, não tendo nada o que fazer, deitou em sua cama, e Finn, que sempre ia ao seu encontro, não fora até lá. Adormeceu.

Ao despertar pela manhã e abrir a janela, viu uma borboleta laranja pousar em seu ombro, já não era mais a mesma. A liberdade daquele bichinho a contagiou, apesar de ainda sentir o rodeio da solidão, entedera que assim como essa borboleta que um dia esteve presa em um imenso vácuo, também terá uma fascinante liberdade. Tomou o seu café e assim outro logo dia passou. E mesmo, muitas vezes, ainda tendo todos esses sentimentos, entedera que sempre ao acordar, outras borboletas pousarão sobre seus ombros.