Almoço Dominical

Som que ecoa, no momento em que a gota d'água da torneira mal fechada desfila pelo ar e bate, e depois se desfaz na panela de barro, que fostes outrora queimada antes de sua compra.

“Feche essa torneira. Esse som me dá arrepios, meus dentes rangem.”

“Ela já está fechada, o problema é que, é velha.”

“Mas que grande novidade tudo, eis velho nesta casa. Paredes, móveis. Nós.”

“Tu chama de velhice e eu de maturidade.”

“Cortarei estes legumes, noutro lugar.” diz isto, lhe mostrando uma cenoura descascada.

“Deixe aqui, eu termino.”

“Não, minha esposa, eu lhe ajudo. Sou um bom cônjuge. Mas só porque eu quero lhe ajudar, tenho enfatizar este com veemência este trecho, pois faço tudo por você docinho. Nada faço para sua família, que vem aqui toda semana e eu sou o escravizado e martirizado. Eles não conhecem, comida por encomenda? Sabe querida meus dedos e paciência doem.”

“A família também é sua. As crianças estão com dívidas, não podem gastar. Além disto, nós ou eu, nos saímos muito bem, no ramo da comida caseira. Não custa nada fazermos uma boa mesa para eles.”

“As crianças, possuem mais idade do que a minha dividida por dois. Se tenho setenta, e estou cozinhando elas que são jovens que façam e tragam de suas casas pratos já prontos. Arroz e feijão, não lhes faltam. Ou melhor, que façam lá e que fiquem lá. Bem longe de mim. A outra não cozinha mau.”

“Maria é uma má esposa, só sabe fazer comida semanal. Uma boa mesa com tudo que João gosta, apenas eu sei preparar.”

Um outro pingo na panela, Frederico irado retila ela debaixo da torneira e em seu lugar colaca um pano.

“Aquelas crianças, alcançam aqui?”

“Aquelas... São seus netos Fred. Se subirem na cadeira conseguirão tirar.”

“Tiramos às cadeiras. Vamos Paloma, me ajude, leve uma para o porão outra para a copa.”

“Pare com essas coisas, seu anti-social rabugento.”

“É pecado desejar ordem, querer que não bagucem minha casa e minha vida.”

“Quando este desejos, proíbem pessoas que eu amo de fazerem algo são, sim. Essa casa também é minha.”

“Sou o proprietário majoritário.”

“Me expulse, então.”

“Para que eu morra sozinho? Não. Segundo idealizei na últimas horas termos de estar com mãos dadas, portanto é uma obrigação vivermos juntos.”

Um tanto que arrependida de ter se casado à quarenta anos, com alguém quw difere em muito de sua personalidade em vários quesitos, Paloma parte da cozinha de paredes alaranjadas e armários azuis, indagando: Por que me casei com alguém dez anos mais velho que eu? Pois, pensa que às mais profundas raízes de seu relacionamento existem por culpa da idade.

Terminado de cortar às cenouras em cubos, Frederico abandona sua tarefa. As beterrabas que cabiam em seu dever, transformam-se em aeroportos de moscas. Abruptamente o senhor que não possuí cabelos brancos, pois lhes pintam de castanho. Que veste calça xandrez com fundo azul marinho e detalhes brancos, levanta-se e vai até a porta de madeira clara, que abre-se para o lado externo de sua casa. Ele espia o que à lá fora, primeiro mira o lado esquerdo. O gato dourado-marrom comedor de lixos, pertencente ao seu festeiro vizinho, está em cima do muro divisor de terrenos. Acontece algo no momento em que olha o lado direito do amplo corredor, além de carros percorrendo a rua, muito antes do portão de ferro, vê sua esposa acompanhada do regador. Ele olha está cena e nenhum sentimento tem sobre isto. Ela cantarola qualquer canção da moda que ele não conhece, enquanto dá atenção à margaridas e girassóis, lhes afagando como um dia fez com a face dele.

Ao lado do relógio branco em forma de circulo, coberto de gordura que nunca fostes pendurado na parede, pois esta é arenosa, existe uma caixa de temperos. Abadonando a soleira da porta infestada por formigas, Frederico ataca os temperos. Uma grande dominou sua consciência.

“Louros, não servem.” Ele diz isto muitíssimo alto.

“Repita, não entendi.” Diz ela, lá de fora.

“Depois falo. Cuide de suas flores.” Esta resposta foi emitida, enquanto experimenta orégano. Molha a ponta do polegar na boca e o mergulha no pequeno copo de vidro que é a morada do tempero. Desta vez, quase sussurrando diz.

“Isto também não serve, tem ser algo forte, emocionante que gere lágrimas. Manjericão, páprica, pimenta, cominho, noz-moscada.” Cada nome é pronunciado após a leitura do rótulo de sua morada. “Pimenta, pimenta. Pimenta. Como não dei atenção às senhoritas, me desculpem e venham cá em minha mão. Onde está o pudim? No forno está o assado, mesa, pia não estao. Sobra apenas a geladeira.

O ar frio, artificial do eletrodoméstico, faz Frederico espirrar duas vezes. “Com cuidado Fred, não rasque esse plástico-cobertura ou irão perceber sua fraude. Fraude não, meu plano brilhante, uma das melhores e maiores ideias que já tive. Isto mesmo, senhor plástico me ajude, pois se tu não rasgar o resto do dia ou melhor da semana me será fabulosa. Obrigado, senhor plástico não rasgou em nenhum perímetro. Vejamos, as meninas adoram isso aqui, portanto vou premia-lo com Pimenta Dedo-de-Moça. Á o dedinho daquelas mexilhonas, nunca mais irão esquecer isto. Netinhas, as senhoritas eu não desculpo, vocês destroem meu escritório, rasgam meus papéis, fazem desenhos onde não é lugar de arte. A culpa de suas bocas queimarem será de sua avó, que lhes insinou à serem mal educadas e porém vossos sujos dedinhos em toda sobremesa a sobremesa, para experimentarem. Quantas vezes fiquei com vontade de comer isso e por nojo e medo de bactérias, não comi. Desta vez, nem vocês comem. É isto eu chamo de olho por olho, ou seja, nenhuma vingança meninas.”

Todas essas idealizações são praquejadas não com sadismo e sim com toque humorado em sua voz grave e rouca que transpassa diversão de criança. “Pimentinhas mergulhadas na clara de ovos, fechar de plástico. Agora, não espirre Frederico ou senão a mulher virá aqui. Ótimo nenhum espirro, pudim na geladeira, falta o forno. Bestas de assadeiras, ainda estão quente. Meus dedos ficarão com bolhas.” Lamentando e ao mesmo tempo, pondo duas grandes assadeiras sob as bocas do fogão, a saber, uma de suculentas carnes fatiadas com bastante molho e outra com uma galinha recheada, com bacon e outros artigos, acompanhada de batatas douradas não descascadas, Frederico inícia seu trabalho maligno aos olhos de alguns.

“João e Maurício sempre me roubam as coxas do frago, hoje também terão um presente. Malagueta. Ma-la-gue-ta. Eles como mortos de fome irão destrinchar essa pobre carne que eu enriqueci e um fogo bucal lhes possuirá, coitado de meus filhinhos são tão inúteis e consumistas. Estes pedacinhos devem servir.” Existe pimenta entre a coxa e sobrecoxa, enterradas na carne branca do peito e entre as batatas, pois foste criado um campo minado na tigela de ferro. Diversos pedaços de pimenta estão por todos os cantos, quem preferir a galinha com muitíssima certeza será premiado por Frederico. “Que carne de cor bonita, devo experimentar... Falta sal e pimenta-de-cheiro. Poderia até cantar e dançar na chuva, que coisa maravilhosa um verdadeiro esporte, fazer isto. Como, como não pensei nisto antes.” Como uma tempestade, toda a carne é banhada por este tempero ardente.

Paloma vêm vindo e ele sabe disto, pois seus passos juntos de sua sandália de tiras, ressoam no solo de pedras portuguesas. Veloz guarda as assadeiras e retorna sua posição inicial. Antes dela adentrar.

“E vocês fiquem com a do reino.” Joga esta pimenta nas cenouras, choagualha a vasilha vermelha onde elas estão. Como uma sagaz pantera guarda os copinhos de vidro, no bolso de seu casaco negro feito de cem por cento de algodão.

“Terminou de cortar?” Indaga ela.

“Falta as beterraba, de restante fiz tudo direitinho. Em perfeita e harmônica ordem. Um primor.”

“Deixe elas, vá se arrumar. Vou lavar o quintal.” Tão rápido diz isto e desaparece, que nem percebe que vaza temperos do bolso de seu esposo. Ele feliz como não estivera deste muito tempo, mais especificamente desde quinze atrás quando pescou um grande peixe completa, com três vassouras em sua mão e dirige-se a traseira da porta que adentra o interior da casa.

“Somente para certificar que não voltarão mais, vassouras atrás da porta. Mamãe dizia que funciona para espantar gente indesejada. Porque eu quero paz e essa foi minha guerra, para acabar com todas as minhas contendas.”

Paloma faz jorrar água da mangueira transparente que segura perto da porta de madeira clara. Descendo quatro degrais que vêm após a porta interior, esta de madeira escura, Frederico ainda enxerga a mulher e lhe diz.

“Vou para meu quarto fingir que não existo, se perguntarem, porque irão perguntar por mim. Diga que estou morto.”

Termina decer a escadinha, sequestra um enorme pote de doces. Olha-se no espelho de moldura dourada desbotada, sorri. Porque enxerga que estais bonito e decide fazer uma visita em sua adega para pegar uma garrafa de qualquer coisa. Pois, que estais realizado e quer estar em êxtase quando ouvir a cólera e desgraça de sua família.

Helena de La Dauphin
Enviado por Helena de La Dauphin em 28/02/2020
Código do texto: T6876255
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