Conto das terças-feiras – Sonho de exercer a arte da pintura

Gilberto Carvalho Pereira – Fortaleza, CE, 18 de fevereiro de 2020

Leonardo da Vinci nasceu na pequena cidade de Vinci, perto de Florença, no ano de 1452, tendo iniciado na arte de pintar com apenas dezesseis anos. Seu primeiro trabalho foi na tela o “Batismo de Cristo”, de Verrocchio, quando pintou os anjos e parte da paisagem do quadro. Uma de suas obras mais famosas é a “Mona Lisa”, de 1507, que se encontra bem guardada no Museu do Louvre, em Paris. Além dessa famosa obra, temos A Anunciação, 1475, Ginevra de Benci, 1476, Virgem Benois, 1478, A Virgem de Granada, 1480, A Virgem do Cravo, 1480, Virgem das Rochas, 1483, Madona Litta, 1490, A Última Ceia, 1497, Salvator Mundi, 1500, Santana, a Virgem e o Menino, 1503, A Batalha de Anghiari, 1505, Virgem dos Rochedos, 1508, São João Batista, 1513, e outras tantas obras, não tão famosas, mas igualmente belas.

Este preâmbulo é para dizer da minha admiração por figura tão espetacular, que me encorajou a também pintar a minha “Mona Lisa”. Era uma pintura em tela, em fundo verde, indicativo de esperança, uma madona estilizada, de rosto branco, indefinido, sem expressão, apenas contornos, mas na mesma posição da “La Gioconda” de da Vinci. Poucas pessoas tiveram acesso a essa obra (?), mas eu a admirava, era a minha concepção do quadro mais famoso do mundo. O meu modelo foi uma flor branca, muito parecida com copo-de-leite. Também pintei outras telas, que não me entusiasmaram. Uma delas ofertei para uma amiga gaúcha, socióloga, colega de trabalho. Nunca mais tive contato com ela, não sei nem mesmo se ela tem exposta ou deu fim a essa tela.

As outras pinturas, umas seis ou sete, tive que deixar acomodadas na casa de minha sogra que, não acreditando na minha genialidade como pintor, as guardou, isto é, as deixou no porão de sua casa. A necessidade de deixá-las com a sogra, foi a nossa ida para morar, por algum tempo, em Campinas. A nossa casa era alugada, tivemos que devolvê-la ao proprietário.

De retorno, tive uma grande decepção. Uma torrencial chuva invadiu a área do porão, não dando tempo de salvar o que lá estava guardado. Minhas obras estavam entre essas coisas. Não deu para aproveitar nada, nem mesmo as armações das telas, a minha Mona Lisa, a minha Gioconda, a minha paixão, fora para o lixo. Fiquei um pouco abatido por alguns dias. Era a segunda vez que eu perdia a oportunidade de me tornar um artista. Ainda adolescente fiz curso de escultura, chegando a criar umas duas peças, os bustos de Tiradentes e Jesus, ambos, na minha imaginação, muito parecidos. O curso durou pouco tempo, o professor era militar e fora transferido para outro estado.

Quando morando em Belém, iniciei um curso sobre pintura em porcelana. Cheguei a produzir duas peças, um prato e um pequeno quadro com paisagem, que ostento pendurado em uma das paredes do nosso apartamento. Novamente a professora mudou de cidade, e eu fiquei a ver navios. Não tive coragem de procurar outra professora, já que nesse campo nada dava certo. Foi aí que, juntando meus escritos de alguns anos, resolvi mostrar para alguém. Esse alguém me instigou a publicá-los. A primeira publicação foi de um poema em um jornal da cidade de Itabuna, Bahia, a repercussão não foi muito boa, também a tiragem era pequena e poucos tinham acesso. Não fiquei decepcionado por isso, o amigo que dissera para eu publicar os meus escritos, também disse para eu não desistir. Hoje, tenho mais de 280 textos, entre poemas e contos, publicados em blogs, dois livros de contos (solo) e dois de poesia (também solo), e outros textos publicados em livros com outros autores. Tenho também poemas publicados em coletâneas, principalmente em sete, editadas em Lisboa, pelo Horizonte da Poesia.

Até agora me dou por satisfeito, espero ter fôlego e assunto para continuar escrevendo. Só não perdoo o desaparecimento de minha Mona Lisa, não a tenho nem em fotografia.

Gilberto Carvalho Pereira
Enviado por Gilberto Carvalho Pereira em 18/02/2020
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