165 - Cento e Sessenta e Cinco
Quando a água caiu mais forte e ameaçou arrastar tudo o que havia colocou o menino às costas e chamou o cão. Em menos de nada estava no alto da barroca a ver o rio arrancar as árvores, arrastar as casas e apagar as culturas submergindo tudo com força avassaladora. Quando amanheceu estavam juntos e a criança, cansada de chorar, dormia com o cão no pano ainda húmido. Secou a roupa quando o sol abriu, contornou as pedras maiores, arrastou-se até à cidade que repunha já a ordem nas ruas e praças alagadas. Quando chegou à casa da patroa recebeu um cobertor e os restos do jantar da véspera. - Perdi tudo o que não tem importância, disse quando lhe pediram para contar. Trouxe vivo o meu filho e tenho o cão. Posso recomeçar.