É frenético
É frenético. O andar apressado e atrapalhado de pés desavisados na multidão, eu estou entre eles. De mochila nas costas, vestindo o uniforme do serviço, uma camisa polo de cor amarela, com o emblema bordado no peito.
Não ouço as buzinas. Só ouço o barulho alto dos fones enfiados em meus ouvidos, é o noticiário. Que relata mais um crime na cidade, mas também informa das condições do trânsito e do funcionamento do metrô, esse, que tem problemas todo santo dia; pobre de quem precisa dele.
No sacolejo do transporte eu ouço pedaços de conversas, mulheres se maquiando e discussões ao telefone, gente subindo e descendo. Vejo também sorrisos e rostos mal humorados, talvez seja o cansaço de uma noite mal dormida, ou preocupação do dia que está se iniciando.
Ônibus lotado. Mochilas enfiadas nas costas, num claro sinal de falta de educação. O espaço é restrito. Quando desço é um alívio. As pernas se soltam e ficam relaxadas, agora é a vez de esperar mais uma condução.
Vinte minutos de espera, que agonia. Sentado no banco de ferro do ponto eu fico apreensivo, não posso me atrasar. Quando o ônibus surge, amarelo e todo sujo eu levanto de um salto, meto a mochila nas costas e entro. Bancos vazios, poucas pessoas sentadas, uma senhora que segura com toda a força uma sacola, talvez seja medo de ser roubada, um rapaz de cabelo besuntado de gel e uma menina de cabelos compridos e negros.
Eu me sento perto da porta e tiro um cochilo, claro, sem me distrair com o caminho. Hora de descer, agora o restante do trajeto é a pé. Passo por uma igreja de aspecto feio, e um mercadinho de fachada vermelha e amarela com uma faixa fazendo propaganda de uma marca de cerveja que eu nunca ouvi falar. Passo por uma loja de parafusos, um boteco de esquina, dois Bancos e uma igreja, essa, evangélica.
É hora de guardar a mochila no armário, antes eu pego minha calculadora e uma caneta, há, tem a marmita. É hora de bater o cartão e começar mais um dia