RIO DAS ALMAS 2 IND 14 ANOS LIVRE

Leandra desce na rodoviária de Presidente Epitácio SP, segue numa Van da empresa que presta serviço a empreiteira onde ela irá trabalhar.

O serviço de terraplanagem e preparo do solo para a implantação do campo industrial da usina faz Leandra derramar lágrimas ao ver aquele pequeno exército de homens e máquinas ali.

Roney vem até ela se apresentando, ele é um dos engenheiros colega de trabalho dela.

- Isso esta ficando lindo.

- Pois é, e vai melhorar muito, estamos quase ao término de uma das fases.

- Sério?

- Sim, só que ainda temos algum impasse com o meio ambiente.

Um outro engenheiro se aproxima deles, chama-se Marcelo, Leandra sente algo ruim ao ve-lo.

- Olá.

- Oi.

Almoçam os 3 ali em uma parte reservada para os cargos acima dos trabalhadores normais no restaurante improvisado pela empresa, a comida vem de Rio das Almas, a cidade mais próxima dali, uns 50 km.

- Gente, não sei vocês, mais eu estava morrendo de fome.

- Acredite, nós também.

Leandra olha para os dois ali a sua frente, Roney a olha com alegria, já Marcelo com desejo misturado em outras intenções.

Eles conversam mais um pouco quando vem até eles uma moça que pede para que Leandra a acompanhe.

- Sim, obrigado.

As duas andam por entre as máquinas pesadas ali agora paradas, estacionadas devido ao horário de almoço.

- Por aqui.

- Sim.

Elas entram numa varanda, na terceira porta, a mulher bate levemente, abre esta e indica a Leandra que entre.

- Obrigado.

- Tudo bem.

Diante dela numa sala improvisada, um senhor de seus 60 anos, termina de acender um charuto.

- Você é a nova engenheira?

- Sim senhor.....?

- Claudionor, sou o responsável por toda essa loucura ai fora.

- Me desculpe sr Claudionor, conversamos por telefone muito brevemente, não consegui ligar a voz a pessoa.

- Tudo bem, pode ficar tranquila, é nova, sacudida, isso é bom, estamos precisando de gente jovem por aqui.

- Bem e quando começo?

- Amanhã, bem cedo, de preferência chegue junto dos cabras ou antes.

- Que horas seriam essas?

- Por volta das 4 horas.

- Ás quatro?

- Sim. Ela olha para o lado e leva a mão a cabeça, Claudionor não segura o riso e cai na gargalhada.

- Brincadeira doutora, os engenheiros chegam por volta das 7.

- Ai que bom. Alivia Leandra rindo também.

Leandra se sente bem junto de Claudionor que lhe aponta o sofá ao lado da mesa, ela senta e os dois ficam a papear, ele lhe mostra os projetos e até onde foram avançados.

- Mais desse jeito, nesse rumo não vamos entregar nem 50 por cento no tempo determinado.

- Tá vendo, isso que digo, a gente conhece quem quer e sabe trabalhar.

- Olhe senhor Claudionor, a partir de amanhã, vamos correr contra o relógio.

- Pronto, gostei de ouvir isso.

O homem lhe serve café, Leandra bebe enquanto ouve as estórias dele, por onde passara e como conseguiu chegar naquele status na empresa.

- Nossa senhor Claudionor, com certeza o senhor sacrificou e muito sua vida.

- Sim, e olhe, valeu, cada instante, hoje cá estou a gerar sustento e garantir que o país não fique por inteiro no escuro.

23012020.............

2

Ás 7 da manhã, Leandra já esta no canteiro de obras, já fora até o escritório e revisara as plantas, marcou uma reunião com os 3 seguranças de trabalho onde fora discutido vários pontos sobre a segurança geral e individual dos funcionários.

Claudionor observa da janela de sua sala, o proceder de Leandra faz o homem suspirar ali em lembranças do tempo em que ele estava ali.

Jovem e se sentindo destemido, Claudionor fora em seus 20 anos para sua experiência campo de trabalho.

Agora ali, ele limpa os olhos, pois sua mente fora invadida por lembranças e algumas passagens um tanto tristes.

- Agora vou ter de limpar estes olhos, por que fui juntar essas lembranças.

Batem a porta e logo entra ali Marcelo que logo se serve de café enquanto passa os olhos em algumas revistas e jornais.

- Bom dia.

- Bom dia dr.

- O que houve?

- Eu gostaria de falar sobre as rotas de fuga na ala sul.

- Já não fizemos o projeto disso?

- O problema é que estes materiais, sinceramente dr, esta usando produtos de excelente qualidade assim que.......

- O que quer Marcelo, por acaso quer usar materiais de baixa qualidade?

- Não é bem assim, o fato é que poderíamos deixar estes materiais para outro ponto mais importante.

- Não creio que estou a ouvir isso.

- Por favor, só escute o que lhe digo tio.

- Pare Marcelo, já te disse, aqui você é um engenheiro empregado, não se esqueça um empregado.

- Sim doutor.

- Só era isso, por favor........

- Tudo bem.

Marcelo segue para a porta, mais antes olha para o chefe ali a olhar pela janela.

- Ela é muito bonita mesmo.

- Vá trabalhar.

- Sim doutor.

Em Rio das Almas, Moisés ajuda na limpeza do Flor da Noite, a melhor casa de diversão noturna para homens da cidade.

Matilde se aproxima do garoto, traz consigo duas laranjas sendo que uma ela ja faz uso.

- Pegue garoto.

- Obrigado.

- Olhe, isso aqui nunca ficou tão limpo quanto a estes dias que esta aqui.

- É deu um pouco de trabalho lavar essas tábuas da parede.

- Sabe, ainda não consigo entender por que ela mantém este salão como quando adquiriu ele.

- Deve ser o talismã dela.

- É pode ser isso.

- Bem vou acabar logo com isso, ainda tenho de ir ao depósito de dona Teresa.

- Olha, tá ai outra coisa, acredite, elas duas não se dão e olhe faz muitos anos, mais ainda compra bebidas e outros produtos daquele lugar.

- É o único depósito grande daqui e os preços ali são bem justos.

- Pois é sabe, acho que vou te convidar para irmos ao Bazar do seu João.

- O Shangay, não sei não, vocês demoram muito.

- A vai, preciso de companhia, prefiro a sua.

- Lógico, sou o burro de carga de vocês. Risos.

Matilde sai dali, Moisés termina a limpeza, Carmem desce do seu quarto.

- Dona Carmem.

- Oi Moi.

- Quer café?

- Sim, por favor.

- Olhe, fiz aquelas bolachas que a senhora gosta, as quer?

- Ai menino, se soubesse o que eu sinto quando me chama de senhora.

- Feliz?

- Não, velha. Risos.

- Depois vou buscar as bebidas e outros produtos para o lugar no depósito.

- Tá certo, pegue o dinheiro em meu quarto.

- Sim senhora.

- Ah, Moisés, agora com a vinda de mais gente para esta usina ai que vão fazer, estiver pensando, vamos fazer shows.

- Com as garotas?

- Sim, mais também pensei em termos cantores daqui da região se apresentando.

- Só se forem homens, por que as mulheres não aceitarão, afinal, temem ficarem..........

- Mal faladas.

- É, isso infelizmente acontece e muito.

- Por que não abre uma casa, só de shows?

- Até que não é má idéia, só me falta o capital.

Tempo depois, Moisés segue com a carriola para o depósito, logo tem ali 2 caixas de cervejas e alguns litros de bebidas e outros de limpeza.

- Aqui o dinheiro.

- Sei, pode deixar, sei que esta certo.

- Muito obrigado dona Tereza.

- Me diz garoto, Carmem lhe paga bem?

- Ela banca meus estudos, me dá roupa, calçado, comida e um teto.

- Sabe, logo eu vou tirar você daquele lugar, ali não é local para um homem decente.

- Por que?

- Por que logo logo você será um homem e vai querer ficar conhecido como o cara do bordel?

- O que sei dona Tereza é que dona Carmem me trata muito bem, só tenho que agradecer.

- Você não sabe nada da vida, tem jovialidade e vontade de crescer.

- Preciso do trabalho, tenho que mandar dinheiro para Alagoas.

- Sei, sua família ficou por lá.

- Minha mãe esta muito doente, minhas irmãs estão com ela.

- Fique tranquilo, vou ajudar vocês.

- Obrigado senhora.

O menino leva as bebidas naquela carriola por mais alguns metros, José o garçom do Flor o ajuda com aquilo.

25012020.............

paulo fogaça
Enviado por paulo fogaça em 27/01/2020
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