Amores tardios (Caballo viejo)
Pobre tio Pepe, está apaixonado, ou pensa que está. E confessou-me, meio sem jeito, que o objeto de seu amor é jovem.
E a pergunta veio subitamente aos meus lábios:
_ Jovem quanto, Tio?
_Ah, filha, jovem, dezenove anos.
Fiz um tremendo esforço para não rir, mas ele percebeu e ficou contrariado. para não deixa-lo mais constrangido, perguntei, por não saber absolutamente o que dizer:
_ Onde o senhor conheceu essa “guria”?
Aí ele se zangou e respondeu malcriado.
_Ela não é guria, é uma moça e trabalha no bar onde eu jogo sinuca com meus amigos.
_Ela já falou com o senhor, tio? O senhor falou alguma coisa com ela?
_É claro que sim, eu já falei, eu pedi cafezinhos e ela foi muito atenciosa.
_Tio, a moça está no trabalho dela, ela tem que dar atenção a todos os fregueses, do jeito que emprego está difícil, ai dela se não for simpática.
_É, mas eu já nem peço o cafezinho...
_Por que, tio? Ela não quer servir o senhor?
_Não é isso, é que meus amigos ficam dizendo que minhas mãos tremem quando eu vou pegar a xícara de café...
_Ah, entendi, o senhor se emociona quando ela está perto? Ou é mesmo coisa da idade?
Nossa! Por que eu perguntei isso? Tio Pepe quase babou de raiva.
_Eu só tenho 67 anos, eu sou jovem ainda. E eu, eu...
_Pode parar por aí tio. Que ridículo. Uma guria de dezenove anos e um senhor de sessenta e sete? Vão chamar o senhor de pedó...
_Não complete esta palavra. Gritou ele esbravejando.
_Tá bom, tá bom. E o quê seus amigos dizem de tudo isso?
_Estou com raiva deles, principalmente do Martinez, ele disse que eu sou “caballo viejo”, e se eu conhecia a canção com este nome...
_O Martinez tem razão, tio. A canção Caballo Viejo, fala de um velho cavalo que é solto depois de destentado e cansado, e que ele vê as potrancas e fica enlouquecido, não se importando com o ridículo, e mesmo sem as amarras ele não consegue mais nada...
_Eu não sou um cavalo velho, eu ainda dou meus saltos.
_Tio, procure ouvir a canção, é uma salsa venezuelana, penso que dos anos 70 ou 80, o mundo inteiro cantou e dançou essa salsa. "És buena para bailar".
_Yo no quiero bailar cosa niguna...
_Ok, mas ouça e preste atenção na letra, é o seu caso, o Martinez lembrou bem.
_Você acabou de me fazer tomar uma decisão muito importante, vou deserdá-la.
O tio disse isso e saiu batendo a porta. Eu fiquei pensando em sua paixão pela mocinha do café, que certamente nem imagina que o velho Pepe, que vive de uma aposentadoria do instituto, que mal dá para viver, está apaixonado por ela.
Tio Pepe é o tio do coração de todos nós, é um solteirão, pobre, mas ameaça a todos os sobrinhos de deserdá-los, sempre que é contrariado.
O que um amor fora de estação não faz com o coração. Pobre tio Pepe e sua paixão fora de tempo, está cego o coitado.
Pobre tio Pepe, está apaixonado, ou pensa que está. E confessou-me, meio sem jeito, que o objeto de seu amor é jovem.
E a pergunta veio subitamente aos meus lábios:
_ Jovem quanto, Tio?
_Ah, filha, jovem, dezenove anos.
Fiz um tremendo esforço para não rir, mas ele percebeu e ficou contrariado. para não deixa-lo mais constrangido, perguntei, por não saber absolutamente o que dizer:
_ Onde o senhor conheceu essa “guria”?
Aí ele se zangou e respondeu malcriado.
_Ela não é guria, é uma moça e trabalha no bar onde eu jogo sinuca com meus amigos.
_Ela já falou com o senhor, tio? O senhor falou alguma coisa com ela?
_É claro que sim, eu já falei, eu pedi cafezinhos e ela foi muito atenciosa.
_Tio, a moça está no trabalho dela, ela tem que dar atenção a todos os fregueses, do jeito que emprego está difícil, ai dela se não for simpática.
_É, mas eu já nem peço o cafezinho...
_Por que, tio? Ela não quer servir o senhor?
_Não é isso, é que meus amigos ficam dizendo que minhas mãos tremem quando eu vou pegar a xícara de café...
_Ah, entendi, o senhor se emociona quando ela está perto? Ou é mesmo coisa da idade?
Nossa! Por que eu perguntei isso? Tio Pepe quase babou de raiva.
_Eu só tenho 67 anos, eu sou jovem ainda. E eu, eu...
_Pode parar por aí tio. Que ridículo. Uma guria de dezenove anos e um senhor de sessenta e sete? Vão chamar o senhor de pedó...
_Não complete esta palavra. Gritou ele esbravejando.
_Tá bom, tá bom. E o quê seus amigos dizem de tudo isso?
_Estou com raiva deles, principalmente do Martinez, ele disse que eu sou “caballo viejo”, e se eu conhecia a canção com este nome...
_O Martinez tem razão, tio. A canção Caballo Viejo, fala de um velho cavalo que é solto depois de destentado e cansado, e que ele vê as potrancas e fica enlouquecido, não se importando com o ridículo, e mesmo sem as amarras ele não consegue mais nada...
_Eu não sou um cavalo velho, eu ainda dou meus saltos.
_Tio, procure ouvir a canção, é uma salsa venezuelana, penso que dos anos 70 ou 80, o mundo inteiro cantou e dançou essa salsa. "És buena para bailar".
_Yo no quiero bailar cosa niguna...
_Ok, mas ouça e preste atenção na letra, é o seu caso, o Martinez lembrou bem.
_Você acabou de me fazer tomar uma decisão muito importante, vou deserdá-la.
O tio disse isso e saiu batendo a porta. Eu fiquei pensando em sua paixão pela mocinha do café, que certamente nem imagina que o velho Pepe, que vive de uma aposentadoria do instituto, que mal dá para viver, está apaixonado por ela.
Tio Pepe é o tio do coração de todos nós, é um solteirão, pobre, mas ameaça a todos os sobrinhos de deserdá-los, sempre que é contrariado.
O que um amor fora de estação não faz com o coração. Pobre tio Pepe e sua paixão fora de tempo, está cego o coitado.