Idoso vende órgãos

O idoso já estava quase desesperado, diante da redução mensal do seu poder aquisitivo, cuja única fonte era a Aposentadoria por Tempo de Serviço - INSS. As dívidas foram se acumulando e não consegui quitar nem mesmo as faturas do Plano de Saúde, um dos mais em conta do mercado. Então decidiu vender um rim, um pulmão e medula óssea, além de folículos pilosos e pedaços de pele. Isso mesmo, ele há muitos anos já havia de se declarado "Doador de Órgãos" e então, por que não conseguir algum dinheiro de imediato doando alguns órgãos? Esperançoso e bem-humorado, ainda brincou com seu vizinho: " - Ainda bem que o meu órgão mais valioso não pode ser transplantado." O vizinho, já meio surdo e caquético, não entendeu nada, mas sorriu e disse: " - Vai Corinthians!" Nosso personagem "Idoso de Tal" levou adiante sua empreitada e sem comunicar nada aos familiares (sempre distantes) postou no Facebook que estava vendendo "Rim e pulmão em prefeito estado". O resultado foi imediato e mais de mil likes e centenas de propostas, a maioria oriunda de internautas da África e Ásia. Algumas propunham permutas, outras prometiam pagar em 60 meses. Uma delas se destacou: "Eu compro seu rim e pulmão, pagarei à vista em "euros" (depósito em conta corrente em banco à sua escolha, na Suíça). O valor estimado para todas as despesas com locomoção (ida e volta, com até 3 acompanhantes) e estadias serão antecipadamente depositados em sua conta corrente, no banco de sua indicação, no seu país. Condição: Primeiro faremos o transplante no Hospital Groote Schuur, na Cidade do Cabo - na África do Sul. Após minha plena recuperação, o valor convencionado será prontamente liberado. Até lá, você será meu hóspede no melhor hotel da Cidade do Cabo (à sua escolha)". Resultado: o Idoso de Tal continua devendo na praça, cada dia mais.

(Conto: "Vendendo órgãos"- “Cotidiano Urbano - Contos Inacabados” - Autoria: Juares de Marcos Jardim / Santo André Sacy - São Paulo-SP - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)

Juares de Marcos Jardim
Enviado por Juares de Marcos Jardim em 26/01/2020
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