Conto: Kandóquinha fofoqueira...
Conto: Kandóquinha fofoqueira...
Kandóquinha, véinha fofoqueira passava o dia todo na janela cuidando da vida dos outros,
Esquecia até de preparar o almoço do seu Barnabé seu companheiro de 60 anos de idade.
Seu Barnabé é homem trabalhador e apesar de já idoso, ainda trabalhava de mecânico na oficina de seu Maláquias até tarde todos os dias.
As vezes chegava em casa já de noite e nem janta tinha pronta que dirá o almoço pronto, mas lá vinha kandóquinha contar os assuntos do bairro, que tinha observado pela janela o dia todo.
Dizia kandóquinha: Barnabé se sabia que a Mariazinha tá namorando?
O filho do Gomercindo feirante, o Tônico, aquele menino esquisito que só veste roupa preta e pinta as unhas de preto, dizem que ele é meio emo e só curte rock pesado, fica até altas horas da madrugada na rua bebendo e fumando e anda com uma galerinha da pesada.
Seu Barnabé cansado do trabalho resmunga: e o que você tem a ver com isso deixa os jovens quietos e cuida de me preparar o almoço que hoje nem almoçar almocei, se fica só nessa janela cuidando da vida dos outros e esquece de me preparar o almoço quase todo dia.
Parece a rádio da cidade só fala de fofoca e disque –me –disque, sabe tudo dos vizinhos mas não cozinha um feijão para a gente jantar.
Kandóquinha retrucava: que é isso meu véio? Só estou te contando as novidades, você fica naquela oficina só trabalhando e nem sabe o que tá acontecendo ao nosso redor, custa me escutar um pouco?
Seu Barnabé respondia: É que estou cansado do trabalho e não quero ouvir fofocas, e se eu não trabalhar para completar nossa aposentadoria, não temos nem dinheiro para comprar os remédios. Anda corre pegar uma panela e colocar um feijão cozinhar, quero jantar uma comida descente essa noite.
E Kandóquinha saia da janela a contra-gosto e pegava a panela na dispensa e continuava a falar com seu Barnabé:
E tu não sabe da maior a Dona Tamires passou por aqui levando seu cachorrinho passear e me contou que a Mariazinha tá grávida do Tônico essa menina até ontem brincava de boneca com nossa neta, e agora tá grávida, tu veja só.
E seu Barnabé repetia o dito de antes: e o que é que tu tem a ver com isso? Cuida de fazer comida almoço e janta.
E o assunto continuva para aborrecencia de seu Barnabé...
Kandóquinha ainda continuava, e o filho da Dona Tamires o Renato, ela me contou que o menino disse a ela que é gay e até apresentou um namoradinho dele a ela, diz que se chama Mauricio o menino namoradinho do Renato, ela me contou quem nem sabia o que dizer a ele, que queria levar ele na psicóloga, mas o menino bateu o pé e teimou que isso não é doença, que é tão normal ser gáy, que ser heterossexual e ter uma namorada, sem ter o que discordar Dona Tamires aceitou, fazer o que né?
Mas é como eu te disse Barnabé: essa juventude anda tudo estranha mesmo, filho não respeita pai e mãe, só querem saber de namorar em aplicativos de celular, só querem saber de beber e fumar, escutar musicas estranhas, se drogar, ficar altas horas da noite na rua como se nem tivessem casa, transam sem camisinha, fazem filho e não tem emprego para sustentar depois, é o mundo moderno.
Nisso seu Branabé foi ficando furioso com tantas fofocas que Kandóquinha fazia, ele estava cansado do trabalho, morto de fome e ainda sem o banho tomado, num impulso pegou a panela de pressão das mãos de Kandóquinha e deu um golpe certeiro na cabeça dela, a véia caiu na hora no chão tremendo e estribuchada a sua cabeça com o golpe.
E sim, Kandóquinha morreu na hora, foi-se embora a véinha fofoqueira do bairro, para a alegria de todos os jovens e pessoas ocupadas do Bairro São Brás.
Seu Barnabé foi preso, mas até que nem se importou muito, pois na cadeia não precisava trabalhar mais naquela oficina suja e tinha almoço e janta pronto na hora certa, não passava mais fome e se livrou da fofocaiada.
Viu só que triste o fim de gente fofoqueira?
Então cuide bem ao abrir sua boca para falar mal da vida dos outros, fica a dica...
Conto escrito pelo poeta: Aaron kamo.
Essa é uma obra literária de ficção, qualquer semelhança com a sua vida é mera coincidência.