O Resumo
Segunda-feira. 7:00 da manhã. Os alunos, muitos deles aparentando sono e cansaço, uns com os cabelos despenteados, todos sentados, cada um à uma carteira, ouviam a professora Fátima, que lhes falava, enquanto, andando entre as carteiras, tendo às mãos uma pilha de folhas de sulfite, entregava uma delas para cada aluno:
- Leiam o texto com atenção e anotem os trechos principais. Escrevam um resumo. Lembrem-se, em um resumo dá-se atenção à idéia central do texto. Não é para selecionar algumas palavras e substituí-las por um sinônimo e copiar o texto. Entendeu, Vinicius? - todos os alunos riram e voltaram-se para ele, que sorriu. - Quero ver de cada um de vocês, um resumo, apenas um resumo, do texto que vocês irão ler. Lembrem-se: dêem atenção à idéia principal do texto. Não se percam nos detalhes. Todos vocês já receberam uma cópia do texto? Esqueci de alguém? Não. Ótimo. Mãos à obra. Leiam o texto, atentamente. Anotem as suas idéias principais. E rascunhem, se necessário, um resumo, e corrija-o; reescreva-o até emprestar-lhe consistência. E passem-lo a limpo. Vocês têm quarenta e cinco minutos para escrever o resumo. E você, Marcos, não incomode o Zacarias. Deixe-o ler o texto. Concentre-se na sua leitura e no seu resumo.
Em silêncio, os alunos leram o seguinte texto:
“Nas últimas décadas, verificou-se significativa redução do poder de compra dos brasileiros e o aumento da violência, das desigualdades sociais, do descompasso econômico regional e do analfabetismo funcional. As reformas estruturais empreendidas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, o do Luis Inácio Lula da Silva e o da Dilma Roussef prejudicaram as instituições democráticas e as instituições financeiras. O Brasil tem há lamentar o retrocesso na educação, na segurança pública e na saúde. Os índices de violência, no Brasil, são preocupantes; o analfabetismo funcional impede a inserção de milhões de brasileiros no mercado de trabalho; a desigualdade social é uma das maiores do mundo; a burocracia estatal encarece os produtos brasileiros; a justiça é lenta, muito lenta; e os recursos públicos são mal aplicados. Para que o Brasil dê um enorme passo rumo ao progresso são imprescindíveis as reformas política, fiscal, previdenciária e tributária, e investimentos da iniciativa privada e incentivos para investimentos em industria de tecnologia de ponta, o que só será possível com uma população bem educada; para tanto é essencial a boa aplicação do dinheiro público em educação. O Brasil está fazendo a lição de casa? Essa pergunta será respondida pela próxima geração de brasileiros.”
Os alunos leram o texto, atentamente - presume-se -, e escreveram, cada um deles, um resumo. Dentre os resumos, destaca-se o que Charles escreveu:
“O Brasil não vai bem das pernas, mas também não vai de mal a pior. Não está no paraíso, tampouco no inferno. Está no purgatório. O Éfeagacê, o Lula e a Dilma, cada um ao seu modo, e os três da mesma maneira, ajudaram o Brasil a regredir, mas as instituições democráticas estão sólidas desde que Niemeyer as construiu, no governo do Kubitschek, com concreto da melhor qualidade. Os brasileiros não temos, portanto, com o que nos preocupar, mas os porcos têm, pois o Palmeiras não tem mundial. Kkkkkkk.