O voo do pássaro II
Lá estava no alto de uma árvore, dentro do ninho, após por os ovos.
Eram dois em sua totalidade. Porém um deles por uma ação da natureza, os ventos fortes em uma manhã de setembro, acabou derrubando e ele se tornou alimento para uma série de animais que vivem à espreita debaixo dos ninhos à espera de um acontecimento desses.
Dias se passaram e sua mãe ali o tempo todo cuidando diariamente daquele pequeno ovo. Não tinha tempo nem mesmo para se alimentar dignamente, pois, não podia sair do ninho, senão poderia acontecer como o outro. Ou uma serpente se alimentaria daquele ovo ou mesmo o vento poderia derrubá-lo da árvore.
Numa feliz manhã sua mãe sentiu que a cria estava tentando sair da casca, ela se afastou por um instante, para que ficasse mais arejado no local, e com isto o pequeno pássaro pudesse sair da sua casca. Foram horas e horas tentando quebrar a casca e até que enfim , livrou-se dela, mas, ficou por alí , ganhando força e esperando que sua mãe lhe trouxesse o alimento e enquanto isto comia a sua própria casca, que é uma fonte rica em cálcio.
De bico aberto o pequeno pássaro ficou à espera do alimento, que não tardou a chegar. Sua mãe trouxe uma minhoquinha, que o alimentou. Passados mais alguns minutos, lá vem ela de novo com pedaços de alguma caça. O pequeno pássaro não tinha escolha mesmo, teria que ser carnívoro e pelo jeito sua mãe também era.
Era ele um carcará. Pássaro altamente carnívoro, alimenta-se de restos de outros animais, cobras, lagartixas, grilos. Alguns meses se passaram e o filhote de carcará já esbanjava a sua pouca, mas, bela plumagem. Desde muito pequenino, já observava do seu pequeno ninho toda a sua volta e percebeu que haviam muitos pássaros de sua espécie por ali.
Ele foi crescendo e já não havia muito espaço dentro do ninho e quando sua mãe chegava com o alimento, às vezes ficava no galho ao lado, mas, sempre trazendo o seu alimento. Ele esticava sua pernas, abria sua asas, batia insistentemente, pulava de um galho ao outro, como se quizesse alçar um pequeno voo.
Sua mãe, numa certa manhã não apareceu mais ao ninho. Como se fosse natural, ela estava em outra árvore, mas, sempre de olho no ninho. O pequeno pássaro, agora todo emplumado, parecia que estava ficando pronto para voar. Uma tentativa daqui outra dali e meio desequilibrado consegue ir para outro galho, mas, sempre cauteloso, sempre volta ao ninho. Dois dias seguidos e sua mãe não apareceu para trazer o seu alimento, foi muito triste e ele já estava ficando muito leve, pois, não comia e nem bebia, estava esgotando suas energias. No terceiro dia, bem mais leve do que antes, achou que era chegada a hora de arriscar mais. Desta vez o pássaro avistou outros de sua espécie em outra árvore. Preparou-se, bateu as asas ficou suspenso, mas, voltou para o galho. Passou quase a manhã toda ensaiando o seu primeiro voo. Na parte da tarde, quando o tempo estava mais calmo, sem muitos ventos, o pequeno pássaro teve o seu momento solitário e ali, sem saber o que fazer e com muita fome, pois, até parece que sua mãe o deixara com este propósito, não lhe dando muita comida para que não engordasse muito e ficasse pesado para voar.
Então, viu outros pássaros em uma árvore vizinha, bateu as suas asinhas correu por sobre o galho onde ali foi seu ninho por meses e voou descendo muito e quando estava quase perto do solo, deu um voo rasante, coisa que jamais lhe fora ensinado, mas por instinto natural, bateu as asas e subiu bem alto e de lá contemplou o que nunca havia visto, uma visão ampla e formidável. Para ele, aquilo era novidade total e depois de voar muito, voltou para o seu ninho. Muitas noites se passaram e ele permaneceu ali firme e sua mãe agora voltou também e viu que seu filhote já estava pronto para seguir sozinho sua jornada, pois, ela já estava agora cuidando de mais uma ninhada, agora eram mais dois ovos, só que em outra árvore.
O pássaro então entendeu que era hora de juntar-se aos outros do bando e passou a frequentar outras árvores, voar com outros pássaros jovens e outros mais velhos. Por diversas vezes foram às caçadas e fizeram presas juntos, alementavam-se juntos.
Numa bela manhã, este pássaro, que outrora foi um pequeno e frágil pássaro, agora estava forte e valente. Aprendeu a caçar, matar e alimentar-se por conta própria, juntou-se aos grandes predadores e voou muito alto e de lá contemplou toda aquela imensidão e viu que o mundo era muito grande. Voou muito, mas, sempre retornava para o velho ninho, até que viu que alí , era muito pequeno e solitário para ele e um dia não mais retornou para este ninho, pois, ao avistar de longe, percebeu que a ação do tempo, chuva, vento e fogo, haviam destruído aquele que foi o seu lar desde a idade (ovo). Mas, sempre encontrava aquela que é a sua mãe.
Agora a sua vida era outra, só vivia em grandes árvores e não dormia em ninhos, somente em galhadas frondosas, mas, somente nas copas mais altas, pois, apesar de ser um predador, sempre havia os perigos da floresta e não era bom vacilar, pois, mesmo sabendo voar, de vez em quando precisava descer, andar pelo chão atraz de suas presas e nesta hora tudo pode acontecer. Além do que o pássaro agora , um carcará já estava de namorada e não desgrudava da amada.
A sua vida agora era voar alto e lutar pela própria sobrevivência, caçando e se defendendo de outros predadores maiores.
Agora, longe daquela sua vida boa de ninho quentinho, onde tinha tudo o que precisava para sobreviver e agora longe de sua mãe, precisava lutar e construir o seu próprio destino e fez isto, foi à luta e hoje está por aí voando alto e vivendo a sua bela vida.
Os pássaros, por instinto natural cuidam do meio em que vivem e fazem reflorestamento naturalmente, espalhando sementes por onde voam.
Ao contrário dos pássaros, está o “ser humano”, que só pensa em destruir, desmatar, poluir rios, mares e até o ar. O ser humano é o único animal altamente perigoso para a construção natural (natureza), pois, onde ele passa consegue deixar o rastro de destruição, infelizmente é assim...
Torcemos para que a nova geração consiga preservar mais o ambiente...
Abraços
John...!!! 10-01-2020