GANÂNCIA
GANÂNCIA
Era um famoso empresário, tinha tudo o que poderia ter, mas tinha uma coisa que ninguém poderia tirar dele: a vontade de ajudar o próximo. Pena que nem todos pensassem assim.
- Pai, quando é que o senhor vai parar com essa mania de ajudar os outros? Não faz sentido.
- Mas para mim faz. Ganhamos tanto, construímos nossas vidas com muito trabalho e uma maneira de agradecer por isso, é repartir um pouco do que conseguimos.
- Você vive num mundo de sonhos. Acorda.
Isso é que deixava Frederico mais perplexo, pois sua filha não havia herdado nenhum pouco da sua maneira de ser. Egoísta, só pensava nela, gananciosa. Mas era ela que ia assumir seu lugar quando, daqui a algum tempo, deixasse esse mundo.
Chegou um pouquinho atrasado à firma, mas a filha, Helena, já estava lá.
- Bom dia! Uma equipe de recepção?
- Pai, este ano não vai ter esbanjamento de dinheiro. A começar com esta gastança sem sentido, como se fosse casa de caridade.
- Mas eu sou o dono da empresa ainda! Você não pode resolver isso.
- Posso sim. Aqui está um laudo médico dizendo que a sua situação mental não permite que o senhor continue à frente da empresa.
- Mas isso é falso! É um absurdo!
Frederico não imaginava que isso fosse acontecer.
- Você não tem Deus nesse coração de pedra.
- Deus que eu sei é o dinheiro. Ele que faz tudo. – rebateu Helena.
Voltou a casa e ligou para o filho, John, que estava terminando a faculdade de Administração e que iria tomar conta da empresa, junto com Helena. Mas ela não pensava assim. Já tinha o plano definido.
Frederico ficou pasmo. Logo sua filha com uma traição dessa!
Levou alguns minutos para se recuperar.
- Está bem, então. Vamos acertar isso.
- Faça como achar melhor, pai.
Afastado da empresa, Frederico continuou sua vida. Tinha um bom dinheiro guardado separado em uma conta que dava rendimentos diários, um bom rendimento, que o deixava tranquilo. E continuava a ajudar os mais necessitados.
Com a filha dirigindo a empresa, as coisas mudaram. Em vez de um patrão amigo de todos, tornou-se uma ditadora. Os empregados trataram de boicotar a patroa.
Convocou uma reunião geral e pediu explicações.
- Queremos o seu Frederico de volta! – disseram eles.
- Saibam que posso demitir todos vocês e fecha a empresa. Vão ficar todos no meio da rua!
- Pois que faça.- replicaram.
Parou e pensou um pouco. Já tinha um bom dinheiro guardado e, junto com seu filho, viveria num paraíso.
À noite quando chegou em casa à casa, encontrou seu filho John à sua espera.
- Chegou mais cedo, filho. Fez aquilo que lhe pedi?
- É sobre isso que lhe queria falar. Não concordo com o que você faz. É extorsão, um roubo que está fazendo a empresa cair ladeira abaixo. Eu me demito com advogado da empresa.
- Está me traindo? Mal agradecido.
- Eu, não. Você é que nos traiu. Estou providenciando a sua saída da presidência da empresa. Convoquei uma reunião com os conselheiros e vamos acertar isso amanhã.
- Desgraçado!
- Mas estou com a consciência tranquila. Você quase acabou com a empresa.
-= Mas tenho aliados entre os conselheiros.
-- Estes já foram afastados.
Estava perdida. O que faria?
- Você vai pagar na justiça tudo o que você fez.
No dia seguinte após a reunião, que recolocou no cargo o verdadeiro dono, Frederico foi entusiasticamente recebido pelos empregados.
- Amigos, estou de volta. Tenho muito tempo ainda para ficar com vocês! Meu filho vai ser o vice-presidente no lugar da minha filha.
E as coisas melhoraram. A esperança estava de volta.
A ganância foi derrotada mais uma vez.
08/01/2020