O Tesouro no Pessegueiro

Seu Artur era um senhor já idoso e aposentado.

Nas horas vagas entre um afazer e outro no sítio, gostava de brincar com seu neto Giovani.

Os dois empinavam pipa, rodavam pião, colecionavam figurinhas e brincavam de bolinha de gude além de jogar algumas partidas de video game.

Num fim de tarde ensolarada, seu Artur chamou Giovani e mostrou-lhe uma planta recem comprada.

- Veja Giovani, vamos plantar esta bela arvore?

Giovani respirou fundo, a arvore era pequena ainda, ele então disse:

- Que árvore é essa vovô?

- É um lindo pessegueiro meu jovem, além disso em alguns anos podemos colher seus frutos que são deliciosos.

- Hum... Quanto tempo ele demora pra dar fruto?

- Olha, depende de algumas coisas, mas entre 3 e 4 anos já começa a produzir, então vamos lá?

Minutos depois, chegando a uma pequena colina onde não haviam outras arvores, os dois contemplaram o pôr do sol, a costa da montanha parecia receber uma coloração singular dourada. Artur disse:

- Veja que espetáculo querido, nosso pessegueiro crescerá aqui, livre de tudo e em frente ao pôr do sol. Ele tem poderes especiais meu jovem!

- P-poderes especiais? C-como assim vovô? - gaguejou o garoto

- Espere e verá! Agora vamos planta-lo antes que anoiteça!

- Está bem vovô, vamos lá, o que eu faço? ...

Tres anos e meio depois o Sr Artur veio a falecer, Giovani se lembrava dos cuidados que eles tinham com o pessegueiro, toda tarde iam rega-lo e ver o por do sol. Alguns pêssegos já haviam nascido e eram cuidados com esmero por eles. Neste dia da morte do seu avô porém, Giovani não foi ao pessegueiro, sentiu-se tomado de tristeza. Mas enfim resignou-se com o que sua mãe ficava dizendo: - A morte faz parte da vida filho... Faz parte da vida!

Giovani tentava mensurar como seria sua vida agora sem seu querido avô. Três dias depois ao entardecer estava ele a fazer uma lição da escola, tudo parecia muito mecânico, mas subitamente lembrou-se de algo...

Largou o livro e lápis na mesa, pegou um baldinho, encheu-o com agua e subiu a colina. Ao subir uma parte da colina avistou o pessegueiro, suas folhas viçosas balançando com o vento. Havia algo especial naquilo, algo bom vindo a mente, lembranças do seu avô... Giovani regou o solo em torno dele, depois caiu ao chao sendo protegido por suas folhagens do sol forte. Ficou ali alguns momentos em que lembranças vinham a tona, coisas maravilhosas, o sol começou a se pôr e uma saudade muito grande lhe bateu, um pessego caiu-lhe na cabeça, estava maduro e ele começou a comê-lo... O tesouro no pessegueiro eram as lembranças inesquecíveis que jamais poderiam fugir-lhe a mente, tudo que construíram juntos, histórias vividas lado a lado com amor genuino. Giovani guardou seu tesouro no coração e decidiu que ele sempre se manteria vivo.

Antes de sair, ele olhou o fim do pôr do sol e disse ao pessegueiro que pareceu encurvar-se:

- Eu sei que você não me entende, mas eu prometo que sempre vou cuidar de você. Ah talvez você esteja pensando no meu avô, sim ele se foi... Minha mãe me disse que a morte faz parte da vida, mas quem disse que isso seria bom? Eu gostaria que não fizesse.

Naquela noite Giovani teve belos sonhos. O tempo passou rápido, o pé de pessegueiro não existia mais apesar dos cuidados. Seu neto um dia foi ao sítio da família, sabendo disso ele comprou um pé de pêssego e o convidou a planta-lo, mas o menino não lhe deu atenção.

Giovani colocou a planta do lado e pediu pra um funcionário planta-la, lembranças de seu avô vinham a tona.

Os tempos haviam mudado, mas seu rico tesouro ainda permanecia guardado no coração.

...Fim

Mario B Duran
Enviado por Mario B Duran em 26/12/2019
Reeditado em 26/12/2019
Código do texto: T6827569
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