Casal discreto
 



_ Tu notou que nossos novos vizinhos são estranhos?
_ Um pouco. Convidamos ele pra participar dos jogos no domingo.
_ Sei não... Ele é muito velho para ela. Uma mulher tão bonita! Deve ter dado um golpe no coroa!
_ Um homem pra pegar uma mulher dessas tem que ter uma conta bancária recheada_ Complementou Zé.
_ Com certeza! Uma abre pernas disfarçada de esposa! Casou pelo dinheiro dele. – Concluiu Rose.

Passaram-se alguns meses e os vizinhos não entendiam porque aquele casal não tinha muita aproximação com os demais. Raramente participavam de alguma coisa. Sua vida social se limitava a ir à igreja, quase todos os domingos, e fazerem corridas juntos numa área comum. Uma vez ou outra eram vistos jantando num restaurante próximo, no qual ficavam isolados.

O homem saia cedo para trabalhar numa cidade vizinha, que era polo industrial de carros de luxo. Inicialmente ninguém sabia exatamente em quê ele trabalhava. Mas, o vizinho de um dos vizinhos tinha descoberto que ele era vendedor de carros de alto padrão. Mas, isso não explicava porque ele possuia tantos carros de luxo. Seria dele mesmo?

Também não explicava a linda mulher ao seu lado. Contudo, havia um zum - zum - zum que as venda de carros era disfarce, pois ele seria mesmo era receptador de veículos roubados, o isolamento era para ninguém descobrir. Era muita riqueza para um vendedor de carros, mesmo de luxo!

_ Rose, encontrei aquela nossa vizinha na farmácia semana passada. Foi muito rápido, assim que ela me viu saiu feito bala. Quase que se escondendo.
_ Sério? Acho que ela sabe que nós sabemos o que o marido faz. Com certeza ela é cúmplice. Prefere ficar com um velho bandido que lhe dá boa vida.
_ Com certeza. – Confirmou Cláudia. _ Meu Deus! A que ponto chega uma mulher para ter boa vida! Que vergonha! Parece que há dias ela vai à igreja.
_ Hummm... Que casal suspeito!

Quando retornava para casa, Rose não acreditou no que viu. Havia carros da polícia em volta da casa dos vizinhos estranhos.

_ Zé, o que aconteceu? - Perguntou ao marido que espionava na janela.
_ Estou tentando saber. Acho que a polícia descobriu que ele é receptador.
_ A mulher tá saindo com a cabeça coberta. _ Ele tá sendo levado algemado.


Minutos depois o telefone toca:


_ Alô? - Cláudia tinha novidades.
_ Alô, Cláudia!
_ Mulher... Tu ficou sabendo que nosso vizinho foi preso?
_ Sim... Assisti de camarote.
_ Estou passada... Nunca imaginei!
_ Qual foi o motivo? _ perguntou Rose que ainda não sabia os detalhes do caso.
_ Violência domestica!
_ Como assim?
_ Ele batia na mulher e nessa última vez ela ficou com o rosto todo marcado. – Há quinze dias tinha quebrado uma costela dela. Como não percebemos? Debaixo do nosso nariz.
_ Coitada! Estou morrendo de pena! – Disse Cláudia com ar de tristeza. _ Não sei como ela pode viver com esse homem. Você acredita que ela é rica? Herdeira de uma indústria automobilística. Ela é dona de tudo. Ele é vendedor numa loja dela.
_ Pois não sinto pena! – Disse Rose enraivada! _ Uma mulher rica e bonita se casar com um velho desses. Se precisasse de dinheiro até justificava. Eu não abriria minhas pernas pra um Zé Ninguém! Não tem lógica! O normal é uma mulher se casar com um homem mais bem de vida. Vai se casar com pobre dá nisso! Sustenta e ainda apanha.