Buquês e cravos

 
Padre Antônio era novo na paróquia. As senhoras mais devotas ainda não tinha se acostumado com seu jeito bastante extrovertido, bem diferente do padre anterior, carrancudo e mal humorado.

Era o casamento da filha do prefeito. Todas as famílias tradicionais da cidade estavam no evento. O discurso do padre foi um cala boca nos devotos que não o viam com bons olhos. Fez um sermão brilhante sobre família e casamento durante a celebração. Houve até quem chorasse de emoção.! Ninguém ficou imune a tão belas palavras.

D. Conceição comentou com Edileuza:

- Realmente é um bom padre! Me enganei!

- Eu também. Nunca tinha visto nada igual! De arrepiar!

Chegada a hora da noiva jogar o buquê, todas as mulheres se acotovelaram para pegá-lo. Teve mulher que perdeu o salto, metade do vestido e até os cílios. Mas, ao final, uma sobrevivente teve direito à metade do que um dia foi um buquê.

Pouco depois foi a vez do noivo jogar o cravo. Reza a lenda que as mulheres são loucas para casar, enquanto os homens veem o casamento como prisão,  e por isso,  fogem do enlace. Assim, ao jogar o cravo, todos os amigos do noivo saíram correndo, apesar da promessa de quem pegasse o cravo receberia um prêmio. Ninguém quis dar sorte para o azar! O único que ficou foi  padre Antônio, que pegou o cravo sem concorrência alguma.


Admirada ao vê o padre com o cravo, D. Conceição foi logo alertá-lo:

- Padre Antônio, acho que o senhor não entendeu a brincadeira. Esse cravo jogado pelo noivo é para os homens solteiros pegarem, quem o pega será o próximo a casar, o senhor não pode pegar o cravo.

- Hummm. Eu entendi sim. A senhora acha que algum dos homens casados  que estão aqui algum dia pegou um cravo? Em breve todos os que correram estarão casados, mas eu não vou me casar por causa deste cravo. Eu vou é ficar com o prêmio que é uma caixa do melhor vinho que conheço. - Até logo! Vou buscar meu prêmio.