Desvendando a Justiça
Praticamente toda a família estava reunida na ampla varanda da fazenda a espera de algum comunicado. Entretanto até aquele momento ninguém se manifestara reivindicando qualquer quantia pelo sequestrado. O juiz Yuri acabara de se oferecer para levar o dinheiro do sequestro que seu tio, o desembargador Orles, sofrera. Quando veio o anúncio...
- O Dr. Breno, o delegado Mol e o juiz Brigs estão subindo.
Todos ouviram pelo interfone o aviso vindo da portaria e voltaram à atenção para o carro de polícia que subia em direção ao antigo casarão que pertencera ao Barão do Mato Alto.
- O Brigs? O que esse canalha está fazendo aqui? – Indagou Laura, mãe de Yuri.
- Calma, não vamos nos precipitar. – Recomendou Justus, o pai de Yuri.
- Terão descoberto algo sobre o sequestro? – Dúvida levantada pelo ministro do supremo tribunal, o Senhor Aral.
- Preparem seus corações, que vem notícia do tio Orles. – Yuri tentava preparar sua tia Ilma e seu primo Melo, que estavam na casa de seus pais para não tomarem um choque.
Na verdade, nem de longe imaginava que quem receberia o choque era ele. O delegado Mol prendera o juiz Brigs, pois descobrira ser ele um dos mandantes do sequestro.
- Delegado, por que o senhor trouxe esse senhor a nossa casa? – Perguntou Yuri.
- Não tive alternativa, juiz.
- Como assim? Pode se explicar melhor?
- Claro que posso. Descobri que o juiz Brigs, junto com o Dr. Breno e seu pai, são os responsáveis pelo sequestro do seu tio. Como pode ver, não tive outro jeito.
Yuri, incrédulo, quis saber do próprio pai se tal acusação era verdadeira.
- Ouvi bem o que o delegado acaba de nos informar, pai?
- Fomos obrigados a realizar o sequestro, filho.
- Mas por quê?
- Foi à maneira que encontramos de ter o voto dele a nosso favor.
- Sequestrado ele não vota, esqueceu?
- Por isso mesmo. Sem o voto contra dele, nós venceríamos e após as eleições nós o soltaríamos.
- Custo a acreditar no que ouço, mas enfim, o que está feito está feito. O que você pretende fazer, delegado?
- Estou aqui justamente para saber sobre isso. O que fazer?
- Agiu muito bem vindo até nós, delegado. – Elogiou a senhora Laura.
- Então, o que faço agora?
- Nada e não se preocupe, que nós nos encarregamos do caso a partir de agora. Afiançou o ministro Aral.
- Já entendi, vou abortar toda operação, libertar o acusados e não efetuar nenhum registro. Certo? – Ironizou o delegado.
- E cuide para que a imprensa não tenha acesso aos resultados das suas investigações, delegado Mol. – Recomendou o ministro Aral com ar ameaçador.
- Fique tranquilo, senhor. Boa noite. – Despediu-se o delegado, agora sem deixar transparecer sua indignação.
- Boa noite. – Despediram-se todos quase que ao mesmo tempo.