80 - Oitenta
Dava-me jeito aquele café. Ficava a dois passos de casa e, de tantas conversas, achei que o dono me tinha como pessoa honesta. Quando paguei os cigarros com a única nota que havia na minha carteira ele, segurando o dinheiro, disse que me daria depois o troco. Não confiava em mim no valor dos cigarros e eu teria de confiar nele no remanescente de cinco mil escudos. Saí triste e voltei ao fim da tarde. O Senhor Virgílio já não se lembrava que me devia dinheiro e disso me pedia desculpa. Depois de tudo resolvido disse-lhe que qualquer outra pessoa no meu lugar deixaria de frequentar o seu café. Eu não. Jamais me puniria pela falta de outrem. Continuaria a vir mesmo não tendo nenhuma consideração por ele. Passei, simplesmente, a ignorá-lo.