78 - Setenta e Oito
Tinha 20 anos e dividia o quarto na residência universitária com um Júlio de Cabo Verde, excelente pessoa, amigo leal, aluno exemplar de românicas. O meu colega tinha empenho, gosto e talento. Lia os clássicos de Platão a Shakpeare, de Cervantes a Wilde e construía fichas que se organizavam numa caixa de cartão de fácil acesso. Como o meu tempo era sempre pouco para festanças, aventuras e para estudar ,as sínteses de Júlio forneciam-me a essência do que não tinha lido e era importante saber. Era eu que brilhava nas reuniões da Faculdade, nas conversas da cantina perante o pasmo geral. E se estava, Júlio ria.