72 - Setenta e Dois
Quando vinha de férias a casa abria as gaiolas dos pássaros, libertava bichos em cativeiro, organiza-me para ficar longe do que era o mundo dos meus irmãos, todos truculentos e rebeldes. Saudáveis, apreciadores natos de jogos de bola na rua, de proibidos banhos de rio, de digressões pela mata ou fazendas de amigos, caçavam, pescavam, invadiam os ninhos que vissem. Eu, impedido de fazer esforços, lia, escrevia ou desenhava. Era a entidade maléfica da casa, um verdadeiro estranho. Uma vez, ainda nem a mala tinha pousado já o meu irmão mais novo perguntava: - Mãe, quando é que ele vai embora?