Liturgia e outras coisas...
(Contos/Cotidiano/Humor)
 
Na última sessão do STF um dos ministros repreendeu uma advogada por havê-los tratado de "vocês", a liturgia, segundo ele requer mais respeito... - É “Vossa Excelência” Doutora!  Que história é essa de você, vocês, ... ora... ora... onde é que já se viu, onde é que nós estamos.  ...  ham...
 
Isso não tem nada a ver com o que vou contar, mas era o papo que estava rolando na fila do elevador do Fórum, que eu estava... até chegar Gusmão um oficial de justiça, já em final de carreira, gaiato que só... tá pra bater a caçoleta, mas não deixa de ser cômico; o colega o viu se aproximando e falou: - pronto... acabou a seriedade e - Ele ouviu, - no mesmo instante que começamos a rir, então ele falou: - quanta alegria né meus amigos advogados?! E prosseguiu: - imagino que já esfolaram alguém hoje, estão mais sorridentes que mulher da bunda grande... eu não suportei e ri um pouco mais alto seguindo com uma pergunta: - Por que a referência meu prezado, o que uma coisa tem a ver com a outra?! Ele com cara de sem vergonha respondeu: - Tudo, você já viu a Anita séria, a Juliana Paes, a Paola Oliveira, a Isa?! Quer mais...?! – Eu olhei pra ele e ao redor, afundei o pescoço nos ombros e torcendo os beiços respondi, sabe que você tá certo, realmente, nunca vi... todos também caíram na risada...
 
O Elevador chegou, ele se adiantou e requereu o benefício da idade, argumentando: - “antiguidade é posto, posto é galão e galão não se dá pra cabra safado” e foi entrando... continuamos rindo e entramos, esperando formar a lotação; coincidência ou não, todos íamos para o sétimo andar, nesse instante ele se aproxima da ascensorista e diz: - vou ficar aqui perto de ti, por que eu tenho maior medo de andar nessa joça; o problema não é, nem ele parar e a gente ficar preso, é essa tampa aqui debaixo desabar e esses baitolas todos caírem em cima de mim e completou: - tu já pensou?! ... a moça começou a rir, - a porta ainda estava aberta, e cabia mais um... foi quando um gorducho se aproximou pra entrar, então ele prendeu o nariz com os dedos como estivesse suportando um fedor... o cara voltou na mesma hora... em seguida uma senhora que já estava dentro... esperneou: - pára aí que eu vou sair, leseira até que eu suporto, mas falta de educação não... e eu me espoquei de rir, finalmente subimos...
 
Chegamos no sétimo andar, nenhuma Vara estava atendendo, uma reunião interna coisa assim... e ficou aquele monte de gente no corredor e o figuraça, também; e eu comentei com meu colega: - tu sabias que o nome dele não é esse que chamam...  “Gusmão”...  o colega meio abestado me respondeu: - não, isso é verdade?! Ia morrer achando que esse era o nome dele... e eu falei: - tem uma historinha aí pelo meio, vou chamar ele pra te contar... outros atrás também se interessaram pelo fato, e formou-se aquela rodinha de colegas (que deus o livre, advogado não tem colegas), pois bem... chamei-o e falei da intenção, Ele ficou todo boçal por que gosta muito de ser notado e fazer os outros rirem. Ele se aproximou, ajeitou o colarinho, mesmo sem ter pescoço e disse: - ah, sim... vou contar, mas não é pra sair espalhando por ai não... olha a liturgia...hein... – isso foi coisa do padre lá da paróquia onde eu moro, vixe, quando eu ainda era mais moço... eu me confessava com ele, até um dia que ele me chamou de Gusmão e eu perguntei por quê e Ele me falou que esse tal Gusmão foi um padre que se tornou santo, mas ninguém sabia da verdadeira história dele, que depois de um tempo até seguidores ele tinha, mas pra isso era preciso preencher alguns requisitos – e o colega avexado perguntou: - que requisitos?! – Ele disse: - calma a gente chega lá... primeiro tinha que ter possuído mil mulheres, e enfatizou mais alto: - Virgens! Sem repetir nenhuma, fazer amor toda noite em ambas as partes e ter um aporte sexual avantajado, se é que você me entende... olhou pros lados e frisou: - Sim, no mínimo trinta centímetros de lapa... – uma voz lá de trás se ouviu: - ah, mentiroso! E Ele: - O quê?! Quer que eu mostre?!
 
Em seguida começou a rir, pois, o convencimento não foi muito satisfatório, até pela idade dele. Mas não perdeu o rebolado, já estava na roda mesmo e saiu com outra, dizendo: - Mas olha só, eu vou contar um negócio pra vocês, tudo o que aqui a gente faz, aqui mesmo a gente paga e aconteceu comigo... e continuou: - cara, eu fiquei arrasado... apontou pra mim e disse o Doutor aqui sabe da história conte ai pra eles Doutor que tão me chamando ali, eu disse: - tá bom vou contar... pois é, ele me contou que há dias sua mulher vinha lhe enchendo o saco pra apresentar o namorado da filha mais nova, a que ele mais gosta e ele embromando, não querendo admitir que sua florzinha já tava na mira dos animais... rsrsr... até que finalmente ele concordou; - Tá bom mulher, faz uma festinha aí e quando eu chegar me chama, eu vou, falo com ele e tento esquecer depois... - tudo combinado, fizeram a festinha, alguns convidados e haja cerveja, a garotada toda se embriagando, quando ele chegou pensou: - pô vou é tomar umas também, assim eu durmo mais rápido... e tome cerveja, uma, outra e assim foi.
 
Já depois de várias tulipas, sentiu vontade de ir no banheiro, a porta entre aberta ele entrou, tinha um rapaz no mictório, que suporta até três pessoas ao mesmo tempo, ele puxou a bicha e começou a urinar, mas não deixou de perceber que o rapaz se apoiava com a mão esquerda à sua frente e pensou: - será que esse infeliz tem medo de tombar p’ra frente e se lembrou de São Gusmão, ... reencarnou... será?! Resolveu olhar com o rabo do olho, no momento que o rapaz tava recolhendo a maldita, e ele se assustou: - vixe, a minha na frente dessa é nanica... rsrsr... e começou a rir desconjurando o moço, ah leproso isso é um aleijão, três pernas da moléstia... olhou de novo e viu na papada da bicha uma espécie de tatuagem, olhou rápido e leu “LAMBUCO” – ficou com aquilo na cabeça, que diabo será isso?
 
Terminaram saindo juntos do banheiro, no mesmo instante que a mulher dele estava passando e sorriu dizendo: - ah, já ia chamar vocês pra se apresentarem... e um grito rouco e silencioso saiu do seu peito... nãããããumm, pelo amor de Deus esse não... esse nãããoo... vai destarrachar minha boneca, ah meu pai, nunca mais ela toma banho de Rio....  Não! Me diga que é mentira... – A mulher disse: o que foi homem ficou branco feito vela, que diabo te deu, eu hein... o rapaz estendeu a mão – ele se esquivou, passou a mão na testa e balbuciou... tudo bem, vê aí – eu vou subir não tô legal, e foi pro quarto...
 
A mulher ficou preocupada e subiu atrás, - mas o que foi homem me conta, parece que viu o cão... e ele falou: - não mulher com esse aí ela não casa não... nem pensar... deus do céu... nem pensar... – a mulher: - mas por quê? Tu nem conhece o rapaz, tu sabes que a nossa filha me conta tudo dela, sou a sua confidente e esse rapaz é muito gente boa... – Ele falou: - é, pode até ser gente boa, mas vai bandar nossa filha, isso eu não posso permitir... a mulher insistiu: - do que tu tá falando homem? E ele disse: - Mulher eu vi é grande demais... a mulher botou a mão no queixo, ele continuou: - Só pra te ter uma ideia, tava escrito nela LAMBUCO e a mulher sorriu, ah, eu já sei... ela já me falou, mas é por que estava mole homem, na verdade é: - LEMBRANÇAS DE PERNAMBUCO - ... e ele caiu pra trás...
 
Liturgia, Liturgia... será que vale a pena... eu hein! O que ia contar fica pra outra hora...
 
Pára de ri tu também...
 
 
 
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Antônio Souza
(Contos/Cotidiano/Humor)
 
 

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