57 - Cinquenta e Sete
Vejo-me na hora do banho. Minha Mãe ia esfregando um a um todos os seus filhos. Água muito quente, muito fria, a esponja vegetal áspera, o sabão a arder nos olhos, o bem que sabia o lençol e a massagem, o beijo final. Pragmática, a minha jovem progenitora tratava cada um de nós de modo diferente. As pedras e a fisga do Rui eram colocadas no peitoril da janela, os joelhos feridos de Ricardo exigiam conversa para a higiene antes de, com berreiro, se deixar lavar e Reinaldo tinha de despir-se logo no corredor por causa das rãs e lagartixas que, tantas vezes, viajam forçadas nos seus bolsos.